A partir de agora, a vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) pelo Sistema Único de Saúde (OMS) será realizada em uma só dose – e não mais em duas, como era oferecida a crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, meninos e meninas. O objetivo é aumentar a cobertura vacinal, que não tem atingido nem 80% no Brasil – a meta é no mínimo 90% do público-alvo.

A mudança determinada pelo Ministério da Saúde começou a valer nesta terça-feira (2 de abril), após a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) comprovar que uma dose da vacina HPV quadrivalente pode ser tão benéfica quanto duas ou três doses em áreas com alta cobertura vacinal. Com isso, a pasta praticamente dobra a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país.

E a cidade do Rio de Janeiro sai na frente e começa a imunizar meninos e meninas em dose única. Nesta quinta-feira (4), às 8h, na Casa da Juventude, no Centro da capital, a Secretaria Municipal de Saúde inicia uma campanha de mobilização para reforçar a vacinação contra o vírus causador do câncer de colo do útero, de pênis, de vulva de ânus, entre outros tipos da doença.

Seguindo orientação do Ministério da Saúde, o município do Rio passa a aplicar o imunizante em dose única em meninos e meninas de 9 a 14 anos. Adolescentes até 19 anos que ainda não tenham se vacinado também terão a oportunidade de tomar a vacina e se proteger.

A imunização contra o HPV é principal forma de prevenção do câncer de colo do útero. Além de crianças e adolescentes de 9 a 14 anos de idade, a vacina é oferecida a pessoas imunossuprimidas (incluindo as que vivem com HIV ou Aids); transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea; pacientes oncológicos e vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos de idade.

A nova estratégia de vacinação contra o HPV em dose única, substituindo o antigo modelo em duas aplicações, busca intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao vírus. A mudança foi publicada em Nota Técnica nesta segunda-feira (1º). Os participantes da Câmara Técnica Assessora (CTAI) referendaram a decisão na reunião mais recente do colegiado.

O principal objetivo é aumentar a adesão à vacinação e ampliar a cobertura vacinal, visando eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública. A recomendação da dose única foi embasada em estudos com evidências robustas sobre a eficácia do esquema frente às versões com duas ou três etapas.

Além disso, o esquema segue as recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Assim, o Brasil se junta a 37 países que já adotaram o esquema de dose única, seguindo recomendações internacionais e buscando resultados positivos na proteção da população contra o vírus HPV.

O público-alvo continua sendo formado por meninas e meninos de 9 a 14 anos, visando protegê-los antes da exposição ao vírus. O grupo prioritário também inclui pessoas com imunocomprometimento, vítimas de violência sexual e outras condições específicas, conforme disposição do Programa Nacional de Imunizações (PNI), podendo receber a vacina até os 45 anos.

Além disso, a nota técnica recomenda que os estados e municípios realizem busca ativa para garantir que jovens brasileiros de até 19 anos tenham acesso à vacina contra o HPV. Nesses casos, poderão receber o esquema em dose única todas as pessoas dentro dessa faixa etária que não receberam uma ou duas doses do imunizante no período recomendado.

10 anos de vacina contra HPV no SUS: queda contínua e retomada em 2023

Em março de 2024 fez dez anos que a vacina contra o vírus HPV para meninas passou a ser oficialmente disponibilizada gratuitamente pelo SUS. Porém, os dados trazem um importante alerta. Levantamento feito na base DataSUS mostra que, a cada ano, houve uma permanente diminuição da quantidade de doses aplicadas.

O melhor resultado foi obtido justamente em 2014, quando foram aplicadas quase 8 milhões de doses da vacina contra HPV nas meninas brasileiras. Naquele ano, a imunização foi levada para dentro das escolas públicas. O número caiu para abaixo de 6 milhões de doses no ano seguinte. E, entre 2016 e 2022 o total não superou a marca de 2 milhões de doses.

A boa notícia é que em 2023, segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses da vacina contra o HPV. O número é o maior desde 2018 (5,1 milhões) e representa um aumento de 42% em relação a 2022, quando foram aplicadas pouco mais de 4 milhões de doses. Essa retomada é fruto do esforço de estados e municípios que se juntaram ao Ministério da Saúde no Movimento Nacional pela Vacinação, revertendo a tendência de queda nas coberturas dos principais imunizantes do calendário definido pelo PNI.5,8 milhões de doses, aproximando-se da marca registrada em 2015.

Mas os números ainda são muito baixos e não alcançam 80% do público-alvo desejado. O esquema vacinal era dividido em duas doses: a primeira tinha um pouco mais de adesão, mas muitos não voltam para tomar a segunda dose, principalmente os meninos.

Segundo dados da pesquisa italiana publicada na revista NPJ Vaccines, quando vacinados nessa faixa etária, o poder de anticorpos neutralizadores da doença são maiores. Apesar de todas as evidências científicas, tabus e falta de educação sexual para esse público estão entre os entraves para que a vacinação tenha sucesso.

A partir de 2 de abril, o esquema será em dose única, substituindo o antigo modelo em duas aplicações. Com isso, se espera um aumento da cobertura em todo país, assim intensificando a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao vírus.

vacinação contra o HPV é a prevenção do câncer

O Papilomavírus Humano (HPV) é uma das ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) mais recorrentes no mundo. Quase todas as pessoas não vacinadas que são sexualmente ativas (85%) contrairão o HPV em algum momento de suas vidas. Cerca de 13 milhões de americanos, incluindo adolescentes, são infectados com o HPV a cada ano.

A maioria das infecções por HPV desaparece por conta própria. Mas infecções que não desaparecem podem causar certos tipos de câncer. De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC),HPV é tido como o responsável por 100% dos casos de câncer do colo do útero; 91% dos casos de câncer anal; 75% dos casos de câncer de vagina; 72% dos casos de câncer de orofaringe; 69% dos casos de câncer vulvar e 63% dos casos de câncer de pênis.

A transmissão do HPV acontece via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. São mais de 100 tipos, que respondem por quase 100% dos casos de câncer de colo de útero, e apenas dois deles (16 e 18) são responsáveis por 70% dos casos.

Esse câncer é o terceiro tumor mais frequente na população feminina. A estimativa do Ministério da Saúde é que, de 2023 a 2025, cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com o tumor, causado pelo HV. É a quarta causa de morte de mulheres por câncer, sendo responsável por 6.627 óbitos no Brasil, em 2020.

O Papilomavírus Humano se manifesta por meio de formações verrugosas – que podem aparecer no pênis, vulva, vagina, ânus, colo do útero, boca ou garganta. A relação sexual é a principal forma de transmissão do HPV, seja pelo coito ou pelo sexo oral.

Apenas o câncer do colo do útero pode ser detectado precocemente com um teste de triagem. Outros tipos de câncer causados pelo HPV podem não ser detectados até que sejam mais grave.

As recomendações também se estendem a homens que fazem sexo anal desprotegido, e devem fazer exames preventivos na região anal e no reto.

HPV pode causar câncer em diversas regiões do corpo, e a detecção precoce é crucial. A vacinação não só protege contra o câncer do colo do útero, mas também previne infecções que podem levar a outros tipos de câncer relacionados ao HPV.

Prevenir o câncer é melhor do que tratá-lo e a vacinação contra o HPV é a chave para prevenir o câncer. Desde a introdução da vacina, infecções por HPV, verrugas genitais e pré-cânceres cervicais (células anormais no colo do útero que podem levar ao câncer) diminuíram.

HPV é uma preocupação grave de saúde pública pelo potencial de alguns tipos do vírus causarem câncer, principalmente no colo do útero e no ânus, mas também na boca e na garganta, que vêm aumentando entre os jovens. O vírus pode ficar latente por períodos prolongados sem que haja sintomas, e é difícil erradicar a infecção por completo.

Por isso, especialistas recomendam que mulheres com vida sexual ativa façam exames preventivos anuais no colo do útero para monitorar o aparecimento de possíveis lesões que antecedem o câncer e que podem ser tratadas.

Adolescentes e jovens também devem ser vacinados

Adolescentes que iniciam a série de vacinas contra o HPV a partir dos 15 anos precisam de três doses, administradas durante 6 meses.

Todas as pessoas até 26 anos de idade devem receber a vacina contra o HPV se ainda não estiverem totalmente vacinadas. A vacinação contra o HPV não é recomendada para todas as pessoas com mais de 26 anos de idade.

Alguns adultos de 27 a 45 anos que ainda não foram vacinados podem optar por receber a vacina contra o HPV após falar com seu médico sobre o risco de novas infecções por HPV e os possíveis benefícios da vacinação para eles.

A vacinação contra o HPV em adultos oferece menos benefícios, porque mais pessoas nessa faixa etária já foram expostas ao HPV.

Desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina contra o HPV para crianças e adolescentes como forma de prevenção para os tipos de vírus 6, 11, 16 e 18, os mais frequentes entre a população.

A vacina passou a ser disponibilizada para meninas de 9 a 13 anos em 2014. Em 2019, a vacina quadrivalente que protege contra quatro tipos de HPV passou também a ser oferecida também para meninos, na faixa de 12 a 13 anos.

Porém, os números da vacinação no pais estão longe de serem os ideais. O Ministério da Saúde aponta que, em 2019, 87,08% das meninas brasileiras entre 9 e 14 anos de idade receberam a primeira dose da vacina.

Em 2022, a cobertura caiu para 75,81%. Entre os meninos, os números também são preocupantes: a cobertura vacinal caiu de 61,55% em 2019 para 52,16% em 2022.

A vacinação é uma demonstração de cuidado consigo mesmo e com os outros, sendo a forma mais eficaz de proteção contra o vírus do papiloma humano. Se seu filho adolescente ainda não foi vacinado, converse com o médico sobre como fazê-lo o mais rápido possível.

RJ recebe apoio federal para vacinação nas escolas

O Ministério da Saúde destinou R$ 150 milhões para estados e municípios como incentivo financeiro excepcional e temporário para custear ações de vacinação, incluindo a mobilização nas escolas. O Rio de Janeiro vai receber R$ 738,6 mil para o desenvolvimento de estratégias, além de R$ 6,6 milhões para 92 municípios do estado.

O calendário da vacinação nas escolas, pactuado com a representação de todos os estados e municípios em reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) vai até 19 de abril. Os entes federativos podem optar por datas que julgarem mais oportunas para iniciar a mobilização.

A ação, realizada em conjunto pelos ministérios da Saúde e Educação, faz parte do Programa Saúde na Escola (PSE). A ideia é atualizar a caderneta de crianças e adolescentes, menores de 15 anos, com todos os imunizantes ofertados na multivacinação infantil. Vacinas contra poliomielite, febre amarela, meningite ACWY e a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) são alguns dos destaques para a faixa etária.

Confira o valor destinado para cada município do Rio de Janeiro

Com base nos resultados de 2023, ofertar a aplicação de doses no ambiente escolar é uma importante estratégia para retomar as altas coberturas vacinais. No ano passado, quase 4 mil cidades brasileiras adotaram a estratégia e viram resultados positivos, especialmente na vacina contra o HPV que teve aumento de 30% na cobertura em relação a 2022.

Adesão recorde ao Programa Saúde na Escola

Quase 100% das cidades brasileiras manifestaram interesse em participar do PSE neste ano, com adesão de 5.506 municípios. Isso significa que as ações chegarão a mais de 25 milhões de estudantes em cerca de 100 mil escolas de todas as regiões do país, sendo 4.826 no Rio de Janeiro. Estes locais vão receber os recursos do ciclo 2023/2024 do programa, que ultrapassam os R$ 90 milhões.

Além da atualização da caderneta de vacina, a estratégia promove outras ações de saúde e educação integral, visando melhorar a saúde dos educandos, reduzir a evasão escolar e a intermitência de frequência por problemas de saúde, além de reforçar os compromissos e pactos estabelecidos por ambos os setores.

Em 2023, o governo federal ampliou políticas que não foram abordadas pela gestão anterior, retomando temáticas como prevenção de violências e acidentes, promoção da cultura de paz e direitos humanos, saúde sexual e reprodutiva, além de prevenção de HIV/IST nas escolas.

Com Assessorias e Ministério da Saúde

 

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