Novembro Azul é um movimento que começou em 2003 na Austrália. Todo ano, o mês dedicado à saúde do homem resulta em campanhas em vários países, inclusive no Brasil. Neste ano, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta para os riscos de crescimento dos casos de câncer de próstata em todo o mundo.
Com base em dados do Ministério da Saúde, a SBU informou que a doença matou 17 mil homens no Brasil em 2023, uma média de 47 por dia. A revista científica internacional Lancet, texto publicado no primeiro semestre, prevê que o número de novos casos de câncer de próstata deve aumentar nos próximos anos.
A comissão de câncer de próstata da respeitada publicação projeta que os casos no mundo devem duplicar até 2040, passando de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões em 2040, devido ao aumento de expectativa de vida global. A previsão é que também haja um aumento de 85% do número de mortes (de 375 mil em 2020 para 694 mil em 2040).
A SBU destaca que o diagnóstico tardio é um fator que reduz as chances de cura e aumenta a letalidade da doença. Para prevenir a doença e detectá-la em estágio inicial, é importante a realização periódica de exames e consulta com o especialista, destaca a entidade.
No Brasil, a mulher vive em média mais sete anos do que o homem. E isso acontece porque a menina acaba [as consultas] com o pediatra e vai para o ginecologista. O menino acaba com o pediatra e não vai para lugar nenhum. Ele fica totalmente sem alguém para cuidar dele, até que ele chegue na idade adulta e que, muitas vezes sem estar informado de tudo o que pode acontecer, acaba tendo tumores oncológicos em estágios mais avançados”, explica o presidente da SBU, Luiz Otávio Torres.
A SBU acredita ser importante que adolescentes e adultos jovens façam sempre exames anuais sobre suas condições de saúde. “Não falando apenas de urologia, a saúde geral do homem, diabetes, hipertensão, colesterol, vida sedentária, obesidade, são fatores que estão aliados a tumores como o câncer de próstata. A importância de o homem fazer os exames e ter cuidado com a sua saúde é diagnosticar doenças numa fase inicial e poder tratá-las, aumentando a sobrevida desse homem”, diz Torres.
Uma das propostas da SBU, na campanha Novembro Azul deste ano, é chamar a atenção para o fato de que o câncer de próstata apresenta poucos sintomas em sua fase inicial e que, se o homem esperar por esses sintomas, pode descobrir uma doença em estágio avançado e possivelmente em metástase (quando as células cancerígenas se espalham para outros órgãos).
Sudeste é a região do país com mais de 34 mil casos de câncer de próstata por ano
São Paulo, com 16.830 casos por ano, deve receber o maior número de diagnósticos de câncer de próstata da região
A neoplasia de próstata é o segundo câncer mais frequente em homens, precedido apenas por tumores de pele não melanoma. É o que aponta o levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA). De acordo com os registros, o Brasil deve somar mais de 71 mil novos casos a cada ano do triênio 2023/2025, um aumento de 8,5% em relação à estimativa anterior, que era de 65.840 casos.
Só o Sudeste deve registar mais de 34 mil casos, sendo que São Paulo o número é de 16.830. Porém o Espirito Santo é o que apresenta a maior prevalência do Sudeste, com 72 casos para cada 100 mil pessoas.
Para Alfredo Felix Canalini, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), o Sudeste reúne mais casos de câncer de próstata devido a ter alguns hospitais de referência para o tratamento dessa doença. “Esses estados costumam possuir hospitais referência no tratamento do câncer e acabam recebendo mais pacientes”, explica.
Confira o número de casos no Sudeste por ano
Estado |
Nº de casos de câncer de próstata por ano |
Prevalência – casos para cada 100 mil pessoas taxa ajustada |
Espirito Santo | 1.740 | 72,97 |
Minas Gerais | 7.970 | 45,32 |
Rio de Janeiro | 7.930 | 57,48 |
São Paulo | 16.830 | 47,33 |
*Levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica nas Estimativas do câncer para o triênio 2023-2005 do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
A campanha Novembro Azul vem para reforçar a conscientização dos homens sobre a importância do diagnóstico precoce principalmente na população de maior risco que são: homens com história familiar de câncer de próstata, afro descendentes e os obesos, com IMC acima de 30.
Segundo pesquisa realizada pela Qualibest, encomendada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), em sua maioria os homens não procuram médicos especialistas para fazer exames de prevenção ou, quando fazem, é por ter surgido algum sintoma.
Segundo Canalini aconselhável a realização dos exames de rotina a partir dos 45 anos nos homens com algum fator de risco para essa doença, pois o câncer de próstata tem, na maioria dos casos, uma evolução silenciosa.
O câncer de próstata, na fase inicial, pode não apresenta qualquer sintoma, e na maioria das vezes, quando os sintomas surgem, 90% dos paciente já apresentam doença avançada, sem possibilidade de cura, portanto é importante a realização dos exames de dosagem do PSA no sangue (antígeno prostático específico) e o exame de toque retal, que permitem o diagnóstico da doença em fase mais inicial”, explica.
Além do diagnóstico precoce, o presidente da SBCO, Rodrigo Nascimento, ressalta a importância de adotar hábitos saudáveis. “Além dos exames para prevenção, há outras atitudes preventivas que são fundamentais para a saúde como a prática regular de atividade física, alimentação equilibrada, além de não fumar”.
Fatores de risco para o câncer de próstata
É importante informar quais são os fatores que aumentam o risco de câncer de próstata, que são:
Envelhecimento – O risco de câncer de próstata aumenta com a idade. É mais comum depois dos 50 anos.
Raça – Por razões ainda não determinadas, os negros têm um risco maior de câncer de próstata do que as pessoas de outras raças. Nos negros, o câncer de próstata também tem maior probabilidade de ser agressivo ou avançado.
Histórico familiar – Se um parente de sangue, como pai, irmão ou filho, tiver sido diagnosticado com câncer de próstata, o risco pode aumentar. Além disso, se houver histórico familiar de genes que aumentam o risco de câncer de mama (BRCA1 ou BRCA2) ou um histórico familiar muito forte de câncer de mama, o risco de câncer de próstata pode ser maior.
Obesidade – Pessoas obesas podem ter um risco maior de câncer de próstata em comparação com pessoas consideradas com peso saudável, embora os estudos tenham tido resultados mistos. Em pessoas obesas, o câncer tem maior probabilidade de ser mais agressivo e de retornar após o tratamento inicial.
Tratamento em casos de câncer de próstata
O tratamento indicado para os pacientes com diagnóstico de câncer de próstata vai depender de alguns fatores, sendo os principais: a idade e a situação clínica geral do paciente, o estágio da doença (se a doença ainda está localizada ou se já está avançada), e o seu grau de agressividade. Nem sempre a cirurgia é necessária.
Quando a doença ainda está localizada, porém tem potencial de maior agressividade e o paciente é mais jovem e com grande expectativa de vida, o tratamento mais indicado á a cirurgia. Em alguns desses casos, pode ser proposta a observação vigilante no tumor, também conhecida como vigilância ativa, principalmente nos cânceres com menor potencial de agressividade e menor risco de evolução.
Para doença localmente avançada, o indicado é combinar radioterapia ou cirurgia com tratamento hormonal. Já nos casos de metástase (quando o tumor se espalha para outras partes do corpo), o tratamento mais indicado é a terapia hormonal.
Como a escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada, de acordo com a avaliação médica, o cirurgião oncológico urologista é um dos profissionais habilitados para o planejamento terapêutico e cirúrgico do câncer de próstata. De acordo com a SBCO, juntamente à uma equipe multidisciplinar, este especialista poderá definir qual é a melhor, mais segura e eficaz conduta para cada paciente.
Da Agência Brasil e SBCO
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