O cantor norte-americano D’Angelo, ícone do neo soul americano, morreu nesta terça (14) aos 51 anos, por complicações decorrentes do câncer de pâncreas. A família escreveu à Variety que Michael Eugene Archer, conhecido mundialmente pelo nome artístico, morreu “após uma prolongada e corajosa batalha”, mas não foram revelados detalhes.

O artista enfrentava o tratamento de forma discreta e por isso não se sabia do seu estado de saúde até a revelação da morte. A notícia  foi confirmada por familiares e pela imprensa, causando grande repercussão entre fãs e colegas da música.

Embora tenha sido um artista recluso em alguns momentos, D’Angelo foi um dos principais nomes do movimento neo soul dos anos 90, ao lado de Lauryn Hill e Erykah Badu, e sua morte chocou o mundo da música. O artista deixa dois filhos e uma filha. A mãe do seu primeiro filho, a cantora Angie Stone, morreu neste ano em um acidente de carro.

A morte do cantor norte-americano D’Angelo chama atenção para uma doença considerada uma das mais letais do aparelho digestivo. O câncer de pâncreas é conhecido por ser uma doença silenciosa e agressiva, com diagnóstico muitas vezes tardio, o que dificulta o tratamento.

Conheça 10 famosos que enfrentam ou morreram com a doença

Casos no Brasil

  • Tony Bellotto: O guitarrista da banda Titãs foi diagnosticado com um tumor no pâncreas em 2025 durante um exame de rotina. Ele passou por uma cirurgia bem-sucedida e atualmente está em recuperação.
  • Edu Guedes: O chef e apresentador passou por uma cirurgia para remover um tumor no pâncreas em julho de 2025.
  • Lúcia Alves: A atriz foi diagnosticada com a doença em 2022 e morreu em abril de 2025. 
  • Leo Batista: o jornalista e comentarista esportivo morreu em janeiro de 2025, aos 92 anos.
  • Gilberto Dimenstein: O jornalista e escritor brasileiro morreu em 2020 devido a um tumor no pâncreas.

Câncer no mundo

  • Andy Rourke: O baixista da banda The Smiths morreu em 2023 devido a um câncer de pâncreas.
  • Aretha Franklin: A cantora morreu em 2018 de um câncer neuroendócrino de pâncreas em estágio avançado.
  • Steve Jobs: O cofundador da Apple teve um tipo raro de câncer de pâncreas neuroendócrino e faleceu em 2011.
  • Patrick Swayze: O ator de Ghost foi diagnosticado em 2008 e faleceu no ano seguinte, após a doença ter se espalhado para o fígado.
  • Luciano Pavarotti: O tenor italiano morreu de câncer de pâncreas em 2007.

Menos casos, porém, mais letais

Embora menos frequente que cânceres de mama ou próstata, o câncer de pâncreas se destaca pela agressividade e pelo alto índice de mortalidade, principalmente porque, nos estágios iniciais, costuma ser silencioso.

Segundo dados do Globocan, mais de 510 mil novos casos foram registrados no mundo em 2022. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima cerca de 11 mil diagnósticos anuais. Essa baixa incidência, no entanto, não diminui a preocupação dos especialistas. Isso porque a maioria dos pacientes descobre a doença tardiamente.

Segundo Lucas Nacif, cirurgião do aparelho digestivo e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), a dificuldade está no comportamento do próprio tumor.

Isso ocorre por sua característica de agressividade e porque, em muitos casos, ele costuma ser silencioso nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. Quando os sintomas aparecem, na maioria das vezes a doença já está em estágio avançado e até com metástases, o que limita as opções de tratamento e reduz as chances de cura”, explica o especialista.

Mas afinal, como a doença se desenvolve?

O pâncreas é uma glândula localizada atrás do estômago e tem funções fundamentais na digestão e na produção de hormônios como a insulina. O câncer aparece quando as células deste órgão passam a se multiplicar de maneira descontrolada, formando um tumor que pode invadir tecidos próximos ou se espalhar para outras partes do corpo.

Entre os tipos de câncer pancreático, o mais comum e também o mais agressivo é o adenocarcinoma pancreático. Ele se desenvolve nas células pancreáticas e costuma ter um comportamento bastante invasivo, podendo ser do tecido pancreático ou dos ductos pancreáticos”, afirma Nacif.

Além disso, existem lesões consideradas benignas, mas que têm potencial de se tornar malignas com o tempo, como a neoplasia mucinosa papilar intraductal (IPMN). “Essas lesões devem ser acompanhadas de perto. E, em muitos casos, o tratamento cirúrgico deve ser realizado o quanto antes, dependendo das características dessas lesões”, orienta o médico.

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Sinais de alerta e sintomas mais comuns

Nos estágios iniciais, o câncer de pâncreas raramente apresenta sintomas. Quando eles surgem, o tumor geralmente já se encontra em estágio mais avançado. Os sinais mais comuns incluem dor abdominal, emagrecimento rápido, cansaço, perda de apetite, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes mais claras que o normal e, às vezes, uma massa palpável no abdômen.

Os principais sintomas do câncer de pâncreas variam bastante de acordo com a localização do tumor dentro do órgão. Quando o tumor é pequeno, mesmo sendo maligno, ele costuma ser assintomático. Por isso, é fundamental prestar atenção a sintomas pouco específicos, mas que persistem.”, afirma o Dr. Nacif.

Quem está mais vulnerável?

Embora o câncer de pâncreas possa afetar qualquer pessoa, de acordo com o cirurgião do aparelho digestivo, existem fatores que aumentam significativamente o risco, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, diabetes tipo 2, colesterol desregulado e sedentarismo. Além disso, a alimentação exerce influência: dietas ricas em alimentos ultraprocessados estão associadas a maior risco.

Como é feito o diagnóstico

Na maior parte das vezes, o diagnóstico começa a partir da investigação de sintomas inespecíficos ou de achados através da busca por outros motivos. A avaliação clínica é o primeiro passo, seguida por exames laboratoriais e de imagem, como tomografia, ressonância magnética e ultrassom endoscópico.

Em alguns casos, a confirmação depende de uma biópsia. Um exemplo recente de diagnóstico precoce aconteceu com o apresentador Edu Guedes, que descobriu um tumor no pâncreas ao investigar uma crise renal. O caso revela como tumores na região podem ser confundidos com outras condições.

Isso pode acontecer porque o pâncreas está localizado na região retroperitoneal, próxima dos rins, e a dor causada por um tumor pancreático pode ser confundida com uma cólica renal. Ao mesmo tempo, uma cólica renal pode levar a exames que revelam, por acaso, um tumor no pâncreas”, explica Nacif.

Tratamento e prognóstico

O tratamento do câncer de pâncreas depende diretamente do estágio em que a doença é descoberta. Quando o tumor está restrito ao órgão e não há metástases, a cirurgia é a principal abordagem e pode ser curativa. Casos mais avançados exigem estratégias combinadas, como quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, imunoterapia.

A cirurgia é indicada quando o tumor ainda está localizado e pode ser totalmente removido. Em casos mais avançados, os tratamentos buscam controlar a doença e dar mais qualidade de vida ao paciente”, afirma o especialista.

O diagnóstico precoce, embora difícil, pode mudar completamente o curso da doença. “No caso do câncer de pâncreas, o diagnóstico precoce é fundamental e pode fazer toda a diferença no prognóstico. Quando o tumor é detectado ainda nos estágios iniciais, antes de se espalhar para outros órgãos ou localmente, é possível realizar uma cirurgia curativa e o tratamento com mais chances de sucesso”, diz.

Segundo o especialista, assim como em grande parte dos tumores oncológicos, o ideal não é esperar por sintomas e adotar uma postura preventiva. “É fundamental manter um acompanhamento regular com exames de rotina, tanto exames de sangue quanto de imagem, para rastrear precocemente qualquer alteração”, finaliza o Dr. Lucas Nacif.

Com Assessorias e internet

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