Acordar às 4h30, fazer treinos de corrida das 5h às 6h e, às 8h30, já estar no trabalho, no Centro do Rio de Janeiro. Quem vê a rotina do despachante aduaneiro Edmar de Oliveira Barros, de 70 anos, não imagina que em junho de 2023 ele teve que passar por um tratamento para câncer de bexiga. Um diagnóstico inesperado, mas que não abalou o atleta. Acostumado a competir desde a década de 1980, ele sempre usou a atividade física como um fator de proteção para a saúde e, um mês após a cirurgia de retirada do tumor, já estava de volta às pistas.

Edmar, que hoje se considera curado, segue fazendo exames a cada três meses, para o controle da saúde. Ele acredita que graças à corrida conseguiu descobrir o tumor e iniciar rapidamente o tratamento. Os primeiros sintomas da doença foram sentidos depois de um treino para uma maratona em Paraty, cidade do estado do Rio.

“Tinha acabado de fazer um treino de 23 quilômetros e cheguei ao fim urinando sangue. Fiquei internado dez dias, fiz exames e recebi a notícia. Mas isso não me abalou. A doença vem na nossa cabeça, é preciso ter força mental e vontade de vencer. E isso vale no esporte e na vida. Eu corro de dois mil a 2.600 quilômetros por ano. Sou competitivo. Entendo que todo mundo tem obstáculos, mas não desvie deles, ultrapasse. Isso é sabedoria de vida, aprendizado”, afirma Edmar, paciente de uma clínica oncológica no Rio de Janeiro.

Para muitos dos pacientes que trataram ou estão sob cuidados oncológicos, uma das recomendações médicas é iniciar ou manter a prática de atividade física para controlar a ansiedade, amenizar sintomas depressivos, aumentar a autonomia no dia a dia e, ainda, melhorar a autoestima, o humor e o relacionamento social.

A atividade física desempenha um papel fundamental no combate ao câncer, ajudando a reduzir o risco de recidivas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Ela fortalece o sistema imunológico, regula hormônios e minimiza inflamações associadas ao crescimento tumoral. Além disso, contribui para aliviar os efeitos colaterais do tratamento, como fadiga e ansiedade”, reforça a oncologista clínica Juliana Ferrari.

Desde os tempos da escola, o despachante aduaneiro participava de provas de corrida, mas o pai não entendia que a prática esportiva era importante para o filho. Anos depois, Edmar passou a investir nas atividades físicas e, por dez anos, também foi ciclista do Vasco. “Hoje em dia eu ainda acordo às 4h30 para treinar. A essência da vida é o movimento. Não nascemos para ficar parados”, recomenda Edmar.

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