A coqueluche, uma doença respiratória altamente contagiosa, voltou a ser motivo de preocupação para as autoridades de saúde, que estão intensificando as campanhas de vacinação e conscientização sobre a doença. Em 2024, até 15 de outubro, há 216 casos confirmados e três mortes em menores de seis meses de idade no Estado do Rio de Janeiro. O número preocupa, já que em todo o ano passado foram oito registros de casos e nenhum óbito.
Diante do aumento no número de casos confirmados e de óbitos por coqueluche, a Secretaria de Estado de Saúde emitiu um alerta sobre a necessidade da vacinação contra a doença para gestantes e puérperas. O comunicado é direcionado aos profissionais de saúde das redes pública e privada e, especialmente, às equipes de vigilância epidemiológica e atenção primária à saúde das Secretarias Municipais de Saúde. O alerta pode ser acessado aqui.
Estamos reforçando a necessidade da vacinação, principalmente, porque para os bebês menores de 6 meses, faixa etária que ocorreram os óbitos, a vacinação das gestantes com a dTpa é o melhor método de prevenção. Já que o esquema básico de vacinação com o componente contra coqueluche só é completado após os 6 meses de vida. Portanto, ressaltamos que as mães procurem uma unidade de saúde mais próxima para evitar que tenhamos mais vítimas da doença”, destacou a secretária de estado de Saúde, Claudia Mello.
Altamente contagiosa, doença atinge principalmente bebês e crianças
O crescimento das notificações no Brasil, especialmente no Sudeste, segue tendência mundial, devido a quedas nas coberturas vacinais. A incidência dos casos tem sido maior em menores de um ano de idade. Segundo estudos, a transmissão das mães para os bebês é uma das formas mais comuns de infecção, sendo responsáveis por, aproximadamente, 39% dos casos. A imunização das gestantes com a dTpa é uma das medidas de prevenção recomendadas
Somente no primeiro semestre de 2024, o Brasil já teve mais de cem casos confirmados de coqueluche, número que aponta um aumento nos registros da doença. O Rio de Janeiro registrou aumento de mais de 300%, com 34 confirmações da doença até julhom contra oito registros no ano anterior.
Minas Gerais também aponta crescimento, com 15 confirmações este ano ante às 13 do ano passado. No Estado de São Paulo, por exemplo, foram 78 casos em apenas seis meses comparados aos 54 casos no ano de 2023 inteiro.
Os casos têm sido notificados em diversos grupos etários, com maior incidência nos menores de um ano de idade. De acordo com uma nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde, estes dados ainda não refletem um pico epidêmico, porém, mostram que o país está acompanhando a tendência de aumento de relatos da doença, que já vem sendo registrado na Europa, Ásia, Oceania e Américas, principalmente, em razão de quedas nas coberturas vacinais.
Vacinação contra coqueluche na gravidez
Com a imunização durante a gravidez, as mães podem proteger seus bebês contra diversas doenças infecciosas, como a coqueluche. “As gestantes devem se imunizar com a dTpa a partir da 20ª semana de gravidez. Estudos demonstram que os anticorpos da gestante exercem uma importante ação protetora sobre o bebê, até os 3 meses de idade.
Já numa futura gravidez, os níveis de anticorpos podem não permanecer altos o suficiente para fornecer um nível adequado de proteção, mesmo se as gestações forem próximas. Por isso, é importante que a mãe se vacine com a dTpa a cada gestação”, explica Dr. Marcelo.
O Ministério da Saúde, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam a vacinação com dTpa a partir da 20ª semana de gestação, a cada gestação. Já para gestantes nunca vacinadas ou com histórico vacinal desconhecido, recomenda-se uma dose de dTpa e o restante de doses faltantes para completar o esquema que deve ser feito com a dT.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações, o esquema vacinal contra coqueluche para crianças menores de um ano pode ser realizado com três doses da vacina pentavalente ou hexavalente, que imuniza contra difteria, tétano, coqueluche, haemophilus influenzae do tipo b, hepatite B e poliomielite, administrada aos dois, quatro e seis meses de vida.
Dos 15 aos 18 meses e dos quatro aos seis anos de idade, são realizados os reforços contra a doença. O reforço entre 4 e 6 anos pode ser realizado com DTPa-VIP, dTpa-VIP, DTPa ou DTPw. O próximo reforço deve ser feito com a vacina tríplice acelular do tipo adulto (dTpa) cinco anos depois, preferencialmente entre 9 e 11 anos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações, a vacina acelular (dTpa) é preferível à de células inteiras (dTpw) devido à menor frequência e intensidade dos eventos adversos associados à sua administração. No SUS, está disponível a vacina pentavalente para o esquema primário e o reforço deve ser realizado com DTP aos 15 meses e 4 anos de idade.
A Sbim preconiza o reforço com dTpa a cada dez anos, para aqueles com esquema de vacinação básico completo. Já para aqueles com esquema básico incompleto, é recomendada uma dose de dTpa e o uso de dT, dupla bacteriana do tipo adulto, de forma a totalizar três doses de vacina contendo o componente tetânico. Não vacinados e/ou pessoas com histórico vacinal desconhecido devem tomar uma dose de dTpa e duas doses de dT no esquema 0-2-4 a 8 meses.
Estratégia Cocoon
É importante alertar que os familiares próximos são os principais transmissores da bactéria que causa a coqueluche para os bebês. Como as mães costumam ser a pessoa que convive mais de perto durante os primeiros meses de vida do recém-nascido, elas são a fonte mais comum de infecção, sendo responsáveis pela transmissão, em aproximadamente, 39% dos casos.
Cerca de 16% das contaminações acontecem através dos pais, entre 16% e 43% dos irmãos e 5% através dos avós. Por isso, os contactantes mais próximos do recém-nascido, como pais, irmãos, avós e cuidadores, também devem estar com a imunização em dia para proteger os lactentes contra a coqueluche, formando assim uma rede de proteção conhecida como “estratégia cocoon” ou “estratégia casulo”.
Para os contactantes de lactentes, é recomendado o reforço da dTpa, em substituição à dT, cinco anos após a última dose da vacina, para que, além da proteção individual, reduza a transmissão da Bordetella pertussis para os mais suscetíveis a complicações, como os recém-nascidos.
A imunização deve ser feita antes do nascimento do bebê para que todos já estejam protegidos no momento do nascimento. Mesmo quem já teve coqueluche também deve se vacinar, já que a proteção conferida pela infecção não é permanente. Manter bons hábitos de higiene, como lavar as mãos com regularidade e cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar, também podem ajudar a prevenir e conter a disseminação da doença.
Coqueluche ressurge e preocupa autoridades de saúde
A coqueluche, conhecida popularmente como “tosse comprida”, é uma doença infecciosa aguda de alta transmissibilidade, que compromete de forma específica o aparelho respiratório, especialmente a traqueia e os brônquios, e se caracteriza por espasmos de tosse seca. Também conhecida como pertussis, ataca o trato respiratório e é causada pela bactéria Bordetella pertussis.
A doença ocorre, principalmente, em bebês menores de um ano de idade e crianças e que pode evoluir para formas graves especialmente nos lactentes menores, que ainda não completaram o esquema de vacinação primário de rotina, que começa aos 2 meses de idade e finaliza aos 6 meses.
Os sintomas variam de acordo com a idade e o estado imunológico do paciente e são caracterizados por febre, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Em adultos, os sintomas podem ser leves. Em casos mais graves, a tosse se torna intensa e persistente, podendo gerar sons agudos, vômitos, cansaço extremo e dificuldade para respirar. Entre bebês, a doença pode levar à morte.
Fabrizia Tavares, professora da Universidade Tiradentes (UNIT), alerta para o aumento de casos e a importância da vacinação e medidas de higiene para prevenir a doença. A colaboração da população é fundamental para conter o surto da doença.
A coqueluche pode ser grave, especialmente em bebês menores de 1 ano, podendo levar à pneumonia, convulsões e até mesmo à morte. É fundamental que a população esteja ciente dos sintomas, busque atendimento médico em caso de suspeita e mantenha a vacinação em dia”, afirna,
Quanto mais novo é o bebê, mais grave pode se tornar a doença, que é uma importante causa de morbi-mortalidade em crianças. Devido justamente à gravidade acentuada em recém-nascidos, a vacina dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, integra o calendário de vacinação da gestante como forma de prevenção da coqueluche nos primeiros meses de vida do bebê, para preencher esta lacuna de proteção”, comenta Marcelo Freitas, gerente médico de vacinas da GSK.
Prevenção e tratamento
A vacinação é a principal forma de prevenção contra a coqueluche. A vacina DTPa (difteria, tétano e coqueluche) é recomendada para crianças e adultos, especialmente aqueles que têm contato com bebês. O imunizante é recomendado a gestantes e puérperas (a partir da 20ª semana de gestação até 45 dias após o parto), profissionais de saúde, parteiras tradicionais e estagiários da saúde, que atuam em maternidades e unidades de internação neonatal.
Já a vacina Pentavalente tem a imunização obrigatória para bebês de dois, quatro e seis meses, enquanto a DTP é destinada a crianças de 15 meses e 4 anos. O tratamento da coqueluche é feito com antibióticos, além de cuidados de suporte como hidratação e oxigênio, quando necessário. O isolamento da pessoa infectada também é crucial para evitar a transmissão da doença.
Medidas de controle
Além da vacinação, outras medidas importantes para prevenir a coqueluche incluem:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão.
- Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar.
- Evitar contato com pessoas doentes.
- Manter os ambientes ventilados.
Doenças reemergentes
Doenças como febre amarela, dengue, chikungunya e zika também estão reemergindo em algumas regiões do Brasil. O monitoramento constante e a adoção de medidas de controle são essenciais para prevenir a proliferação dessas doenças.
Fabrizia Tavares também alerta para o risco de ressurgimento de outras doenças, como sarampo e poliomielite, devido à baixa cobertura vacinal e à hesitação vacinal. “É fundamental que a população se vacine de acordo com o calendário vacinal e busque informações confiáveis sobre as doenças”, reforça a médica.
Vacinas são seguras para as gestantes
A imunização de gestantes é uma prática consolidada no Brasil e foi responsável pela eliminação de doenças infecciosas, como o tétano materno e neonatal, e pela redução de hospitalizações e óbitos por outras doenças, como a influenza e a coqueluche. As vacinas recomendadas durante a gestação são inativadas, ou seja, são compostas por microrganismos sem capacidade de gerar a doença.
Por isso, é importante reforçar a importância das vacinas recomendadas durante o período da gravidez: influenza, contra gripe; dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche; dT, que imuniza contra difteria e tétano; a vacina contra hepatite B; e a vacina contra COVID-19.
Todas estão disponíveis na rede pública de saúde de todo o país, através do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, além das unidades privadas de vacinação.
As vacinas recomendadas durante a gestação têm como objetivo fortalecer o sistema imunológico da gestante e proteger a saúde do bebê. Com a imunização, os anticorpos da mulher são transferidos para a criança pela placenta e, após o nascimento, por meio da amamentação”, finaliza Dr. Marcelo.
Com Assessorias