De acordo com o Ministério da Saúde, as taxas de doação de sangue no Brasil cresceram em 2023. Entre janeiro e setembro de 2022 foram coletadas 2.340.048 bolsas de sangue (com 450 a 500mL cada). Este ano, no mesmo período, a coleta ficou em 2.452.425, o que representa aumento de 112.377 bolsas. Apesar do aumento este ano, as doações não são regulares o ano inteiro nos bancos de sangue, gerando muitas dificuldades para manter os estoques em níveis seguros no Brasil.

Por isso, em todo o país, campanhas reforçam a necessidade de aumentar  garantir que milhares de vidas sejam salvas, especialmente em períodos mais críticos, como as festas de fim de ano e as férias de verão que se aproximam. Para valorizar a doação voluntária de sangue, facilitar a captação de doares e conscientizar a população sobre a importância de manter os estoques de sangue em níveis seguros, o Ministério da Saúde anuncia o miniapp Hemovida.

Gratuita, a plataforma tem potencial de ser uma ponte entre os hemocentros da rede pública de saúde e os possíveis doadores. Ela está integrada ao ConecteSUS e possibilita, entre outras funcionalidades, que o cidadão localize facilmente a rede saúde mais próxima e baixe a carteira do doador, onde consta o tipo sanguíneo e a data da última doação. A ferramenta estará disponível para download nas principais lojas de aplicativos nesta segunda-feira (27).

Saiba mais sobre o novo aplicativo para doação de sangue

Entre as funcionalidades do novo aplicativo Hemovida, estão:

  • Carteira do Doador

Carteirinha virtual com informações de saúde, tipo sanguíneo e a data da última doação. Fornece um registro pessoal e útil em situações de emergência;

  • Minhas Doações

Histórico completo de doações, incluindo as realizadas, canceladas e agendadas. Há opção de fazer autodeclaração de doação de sangue para manter um registro do compromisso com a causa;

  • Serviços Hemoterápicos

Localização da rede de saúde mais próxima, possibilitando identificar onde doar e receber informações sobre os serviços disponíveis em cada unidade;

  • Convidar Amigos

Promoção da doação de sangue entre amigos e familiares, permitindo compartilhar experiências nas redes sociais e incentivar outras pessoas a se tornarem doadoras;

  • Regras para Doar Sangue

Informações detalhadas sobre como e quem pode doar, bem como os cuidados necessários no dia da doação. Garante que os doadores estejam bem-informados e preparados;

  • Campanhas

Alertas sobre campanhas regionais e nacionais de doação de sangue, permitindo que as pessoas se envolvam em iniciativas de manutenção dos estoques de sangue nos níveis adequados;

  • Avaliar Doação

Perspectiva sobre a experiência de doação, avaliação do estabelecimento, dos profissionais e satisfação geral. Contribui para a melhoria contínua do processo de doação.

Interessados em se cadastrar no ConecteSUS Cidadão devem efetuar o download do aplicativo nas lojas Android ou iOS, ou por meio do site do ConecteSus. O login no app é feito pelo acesso único do Governo Federal (gov.br).

PEC do Plasma: governo é contra permissão para comércio de sangue

Além da utilização nos procedimentos hospitalares, o sangue doado pode ser transferido pelos bancos de sangue para a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) produzir hemoderivados, que são fornecidos gratuitamente pelo SUS à população que necessita. O Ministério da Saúde acompanha diariamente o quantitativo de bolsas de sangue em estoque nos hemocentros estaduais, como estratégia para evitar um possível desabastecimento.

“Caso necessário, o Plano Nacional de Contingência do Sangue pode ser acionado, possibilitando o remanejamento de bolsas de sangue de outras unidades da federação para aquelas com alguma dificuldade”, explica a coordenadora geral de Sangue e Hemoderivados, Joyce Aragão.

O acesso à saúde de qualidade, a universalização de serviços e o atendimento gratuito para a população é prioridade do governo federal. De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, Carlos Gadelha, a eventual permissão legal para comercialização de plasma no Brasil seria um retrocesso. A possibilidade está em discussão em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) no Congresso Nacional.

Segundo Gadelha, a Organização Mundial da Saúde (OMS) rejeita a ideia em debate no Legislativo brasileiro. “Foi uma conquista do Brasil ter proibido a comercialização de sangue na nossa Constituição. Antigamente, tínhamos uma situação onde os brasileiros precisavam vender o próprio sangue para poder ter um prato de comida”, relembra.

Ainda de acordo com Gadelha, a mudança na lei seria desnecessária no momento em que o Brasil vem reduzindo a dependência de outros países por hemoderivados por meio da Hemobrás, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia. Atualmente, 30% dos hemoderivados ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são resultado do fracionamento do plasma doado no país e a previsão é que, a partir de 2025, com a conclusão da sua planta, a Hemobrás passe a produzir e processar 80%.

“Hoje, a Hemobrás é muito aberta à parceria com o setor privado. Portanto, pode-se estabelecer parcerias público-privadas, mas sem que o sangue vire mercadoria e possa ser, inclusive, exportado em detrimento da saúde da nossa própria população”, diz o secretário.

Ele reforça que a cultura de doação de sangue, já consolidada no país, poderia ser prejudicada com uma orientação comercial em desfavor do ato altruísta. “Se a gente desestimular a doação de sangue porque o sangue virou um comércio, pode faltar sangue até para transfusão, além de faltar o plasma para a Hemobrás processar, em assistência aos hemofílicos. Poderia faltar sangue na ponta, como quando você entra na emergência do hospital”, acrescenta.

Mais sobre a doação de sangue

A doação de sangue no Brasil é 100% voluntária, um ato de amor solidário que pode fazer a diferença na vida de quem precisa. Cada bolsa de sangue coletada pode salvar até quatro vidas. O sangue é fundamental para muitas pessoas em tratamento ou em situações de risco nas principais emergências, maternidades e unidades de saúde,, além de apoiar em procedimentos médicos e cirúrgicos.

O sangue doado em todo o Brasil é utilizado nos atendimentos de urgências, como acidentes de trânsito e queimaduras; realização de cirurgias de médio e grande porte – como as cardíacas e os transplantes de órgãos. Também proporciona chance de vida e esperança aos pacientes internados que necessitam de transfusões para tratamento de doença falciforme e talassemias e diversos tipos de câncer.

Fonte: Ministério da Saúde

 

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