Uma recomendação aos estados e os municípios para que intensifiquem a vigilância em saúde para a possibilidade de transmissão vertical do vírus Oropouche foi emitida esta semana pelo Ministério da Saúde (MS). Segundo a pasta, a medida foi adotada após o Instituto Evandro Chagas detectar presença do anticorpo do vírus em amostras de um caso de abortamento e quatro casos de microcefalia.

Significa que o vírus é passado da gestante para o feto, mas não é possível afirmar que haja relação entre a infecção e o óbito e as malformações neurológicas”, disse o ministério em nota divulgada na quinta-feira (11).

No documento, a pasta orienta que estados e municípios também intensifiquem a vigilância nos meses finais da gestação e no acompanhamento dos bebês de mulheres que tiveram infecções por dengue, Zika e Chikungunya ou febre de Oropouche.

O ministério recomenda ainda medidas como:

  • coletas de amostras e preenchimento da ficha de notificação;
  • alerta à população sobre medidas de proteção a gestantes;
  • evitar áreas com a presença de maruins (tipo de inseto) e mosquitos;
  • instalar telas em portas e janelas;
  • usar roupas que cubram a maior parte do corpo e
  • aplicar repelente.

A descoberta reforça a eficiência da vigilância epidemiológica no SUS, principalmente em relação a possível transmissão vertical (da mãe para o feto) de doenças, fundamental para antecipar diagnósticos e proteger gestantes e recém-nascidos”, informou o ministério.

Mais de 7 mil casos diagnosticados desde 2023

Segundo as informações, o serviço de detecção de casos de Oropouche foi ampliado para todo o país em 2023, após o MS disponibilizar testes diagnósticos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen).

Com isso, os casos, até então concentrados prioritariamente na Região Norte, passaram a ser identificados também em outras regiões do país. Com a ampliação da investigação da infecção no país, foram confirmados 7.044 casos, com transmissão local em 16 estados.

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Febre Oropouche também é transmitida por mosquito, só que de outra espécie (Foto: Banco de Imagens)

A febre Oropouche é uma doença causada pelo arbovírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV). Entre os sintomas estão febre de início repentino, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, além de tontura, dor na parte posterior dos olhos, calafrios, náuseas, vômitos.

Em cerca de 60% dos pacientes com essa arbovirose, algumas manifestações, como febre e dor de cabeça, persistem por duas semanas. Não há tratamento para a doença. A prevenção é feita a partir da proteção contra os mosquitos transmissores.

A febre Oropouche foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1960. Depois disso, foram relatados casos isolados e surtos, principalmente na Região Amazônica. Também ocorreram registros da doença no Panamá, na Argentina, Bolívia, no Equador, Peru e na Venezuela.

Da Agência Brasil

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