A arteterapia é uma abordagem terapêutica que utiliza a expressão artística como forma de promover bem-estar emocional, mental e físico. Essa ferramenta que promove o autoconhecimento e a reflexão sobre si próprio, ajuda na expressão e comunicação de sentimentos.

Quando estou pintando, criando algo, fico atenta no que quero fazer e depois de pronto é muito gratificante. O que parecia impossível dizer ou mostrar se forma com a arte. Faz muito bem, já montei um espaço em minha casa só com as artes que criei”, diz Maria Cândido, de 76 anos, que faz arteterapia desde 2021.

Essa técnica oferece benefícios comprovados na expressão emocional, autoconhecimento, redução do estresse e ansiedade, aumento da autoestima, estímulo cognitivo, desenvolvimento de habilidades sociais, promoção da criatividade poderosa para o crescimento pessoal e o bem-estar emocional.

A terapeuta Joana Ramos, especializada em artes visuais e arteterapia no envelhecimento saudável, utiliza a ferramenta há 8 anos em atendimentos diretos à terceira idade, como técnica criativa, desenho, pintura, colagem, massa de modelar, expressão corporal, contação de história, dança e música para estimular o cognitivo por meio da atenção plena.

Essas atividades contribuem para o raciocínio, foco, concentração, memória, imaginação, criatividade e para ativar os sentidos sensoriais, com foco na regulação das emoções, a diminuição da ansiedade, depressão e saúde psíquica.

É nesse processo que se permitem, viajar pelas narrativas de si encontrando sua essência interior. Atividades terapêuticas que conscientizam sobre suas emoções e experimentam mais confiança e felicidade. Propiciando trocas, experiências tendo como fio condutor o processo criativo e o autoconhecimento, quanto mais cedo iniciarem, mais tempo de saúde mental terão”, diz a professora e terapeuta Joana Ramos.

Esta forma de terapia é benéfica para pessoas que têm dificuldade em expressar seus sentimentos verbalmente, bem como para aqueles que buscam uma forma criativa de crescimento pessoal. A arteterapia pode ser utilizada em uma variedade de ambientes, como hospitais, escolas, centros de saúde mental e consultórios privados. O tratamento poderá ser individual ou em grupo.

Durante os atendimentos é possível criar caminhos fundamentais de foco, percepção e reconstrução. Uma linguagem diferenciada com imagens, sons e movimentos que dão “cara e reconhecimento” para sentimentos e emoções. O conhecimento de espaço para ações necessárias para saúde mental. A arteterapia tem se mostrado benéfica para a saúde e bem-estar geral, o que contribui indiretamente para a longevidade.

A especialista explica que a arteterapia pode ser utilizada em diferentes contextos. Os profissionais que trabalham com a arte, como meio de comunicação e expressão emocional, são terapeutas, psicólogos, psicoterapeutas ou áreas relacionadas. Através da criação artística explora-se e processa-se emoções, pensamentos e experiências de uma maneira não verbal.

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De Carl Jung e Nise da Silveira

A arteterapia tem suas raízes em Carl Jung (1875-1961), psiquiatra suíço, fundador da escola da Psicologia Analítica, que defendeu “o acompanhamento da pessoa em seu caminho para a autorrealização e dialogando, procurando facilitar essa jornada através da arte”. Também com Margaret Naumburg (1890 – 1983) educadora e psicóloga americana que fundou a American Art Therapy Association em 1969.

Ela desenvolveu a abordagem psicodinâmica da arteterapia, que enfatiza a importância da expressão artística na compreensão e resolução de conflitos internos. E logo depois, artistas e psicólogos apresentaram a exploração e o uso da arte como forma de terapia.

Adrian Hill (1894 -1977) artista, educador e radialista, inglês, ficou conhecido por usar a arte como meio terapêutico enquanto se recuperava de uma doença física na década de 1940. Ele percebeu os benefícios terapêuticos da arte em sua própria recuperação e começou a promover a ideia de que a arte é uma ferramenta poderosa para a expressão emocional e a cura.

E no Brasil, a renomada psiquiatra Nise da Silveira (1905 – 1999) desafiou as normas convencionais, e defendeu a abordagem humanizada e criativa no tratamento mental. Comprovou o poder transformador da arte para curar feridas emocionais e promover o bem-estar psicológico.

Desde então, a arteterapia tem crescido e se desenvolvido como uma prática terapêutica reconhecida e respeitada em todo o mundo, sendo utilizada em uma variedade de contextos terapêuticos e de saúde mental.

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