Final de ano é sinônimo de confraternizações repletas de comidas deliciosas e brindes especiais.  A ceia é uma das principais tradições das festas de final de ano e composta por uma variedade de pratos típicos da época. As receitas variam conforme a região, a cultura e as preferências de cada família. Em geral, é composta por pratos altamente calóricos, como chester, peru, tender, bacalhau, farofa e a tradicional rabanada como sobremesa.
A questão é que eles não fazem parte da rotina alimentar e as pessoas sentem a “ressaca” na manhã seguinte, muitas vezes causada pelo consumo de alimentos e bebidas em excesso, qie pode sobrecarregar o sistema digestivo e pode provocar desconfortos, como dores, fadiga, azia, má digestão, refluxo e inchaço abdominal. Em casos mais graves, ainda pode desencadear gastrite ou outros problemas gastrointestinais.
As delícias das ceias de Natal e Ano Novo podem se tornar ainda um grande problema para quem sofre com refluxo gastroesofágico. Essa condição é mais comum do que se imagina e atinge cerca de 20% da população brasileira, segundo estimativas da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). 
Dados do Ministério da Saúde apontam que, e, 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou atendimento de 62 mil pacientes com sintomas na Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Mais de 3.200 tiveram que ser internados.

Muito mais do que um simples desconforto, a DRGE ocorre quando o ácido estomacal retorna para o esôfago, provocando irritação e, em casos mais graves, complicações como úlceras e esofagite. Além da clássica azia, a doença pode se manifestar por meio de outros sintomas menos conhecidos, como:

  • dor torácica (dor no peito),
  • queimação no estômago,
  • enjoo,
  • regurgitação,
  • dificuldade para engolir,
  • sensação de garganta arranhada,
  • tosse,
  • pigarro,
  • rouquidão e até
  • crises de asma.

Esses desconfortos comprometem a qualidade de vida do paciente, interferindo no sono e nas atividades diárias.  Pratos mais gordurosos, bebidas com gás e nossa tendência ao exagero podem ativar o problema. Por isso, quem tem refluxo precisa ter uma atenção maior com pratos como tender, pernil, salpicão com muita maionese, espumante, chocolate, especialmente em excesso,

Esses alimentos acabam piorando o refluxo porque, de alguma forma, ou eles aumentam a demanda de produção de ácido para serem digeridos ou podem potencializar em grande volume o retorno do ácido que está no estômago para o esôfago. Então, a gente tem que tomar cuidado com esse tipo de alimento na ceia de Natal”, afirma o médico endoscopista Hugo Guedes.

Como evitar o refluxo e tratar sem culpa

Para evitar o refluxo, principalmente em quem já sofre com a doença, o médico Hugo Guedes recomenda comer em menor quantidade, não beber durante a refeição, dando um intervalo de, pelo menos 30 minutos antes ou depois de comer. Se a pessoa passar mal, a orientação é dar tempo para a digestão.

Tente manter um tempo de jejum para que possa ter a passagem do alimento para o intestino e a digestão possa acontecer. Não deite logo após se alimentar. Fique um tempo sentado, caminhadas leves ou atividades leves podem ajudar”, recomenda.

Caso os sintomas não melhorem, é preciso “recorrer aos medicamentos, inicialmente com os antiácidos, e, em casos mais sintomáticos, os protetores gástricos propriamente ditos”, afirma Hugo Guedes.

Para aliviar o desconforto, é fundamental entender que não há motivos para se culpar por ter comido além do necessário. Porém, é essencial que esse comportamento não se repita nos próximos dias e que as refeições equilibradas sejam retomadas.

No dia seguinte, escolha alimentos mais leves, ricos em fibras, como verduras, frutas, cereais e legumes. Também é necessário evitar gorduras, carboidratos e açúcares”, recomenda.

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Médico alerta como proteger o aparelho digestivo nas festas de fim de ano

Para evitar que a comemoração vire preocupação, o médico cirurgião do aparelho digestivo e proctologista Rodrigo Barbosa, da capital paulista, alerta sobre os impactos dos excessos e trazem orientações para aproveitar sem abrir mão da saúde digestiva.

O consumo elevado de bebidas alcoólicas, comum nessa época do ano, pode causar irritação na mucosa do estômago, aumentando o risco de gastrite e refluxo. Além disso, o álcool estimula a produção de ácido no estômago, piorando quadros de azia e dificultando a digestão”, alerta o médico que indica alternar o consumo de álcool com água para evitar desidratação e reduzir o impacto no aparelho digestivo e dar preferência para bebidas com menor teor alcoólico, como vinho ou espumante, em vez de destilados.

Os pratos típicos das festas — carnes gordurosas, sobremesas ricas em açúcar e alimentos condimentados — podem ser um gatilho para a indigestão, sensação de peso e desconforto abdominal. O consumo exagerado desses alimentos, especialmente durante a noite, dificulta o trabalho do sistema digestivo e pode agravar condições pré-existentes, como refluxo gastroesofágico.
Na hora da comilança, o médico fala que para evitar desconfortos vale investir em pequenas porções e mastigar bem os alimentos para facilitar a digestão, além de evitar deitar-se logo após a ceia para reduzir o risco de refluxo. “Alguns alimentos podem ainda ajudar no processo digestivo como gengibre, abacaxi e chás como camomila e erva-doce.

Caso os desconfortos persistam por mais de dois dias ou sejam acompanhados de sintomas como vômitos, dor intensa no estômago, febre ou diarreia, é essencial buscar atendimento médico para avaliação da saúde digestiva”, finaliza.

Como evitar o estufamento causado por excesso de gases

A “ressaca alimentar” também pode aumentar a presença de gases, gerar problemas intestinais e até sinais de desidratação, principalmente, se a mastigação for realizada de forma rápida. Segundo Márcia Xavier dos Santos, a professora do Curso de Nutrição da Faculdade Santa Marcelina, alguns alimentos específicos podem sobrecarregar o sistema digestivo.

Podemos considerar o pernil, a costela e o leitão assado entre os principais. Farofas regadas com bacon e óleos, além de sobremesas como pudim de leite e rabanadas podem trazer um sensação negativa no dia seguinte”, explica.

Não é preciso deixar de aproveitar a ceia. Para Márcia Xavier, o ideal é começar os cuidados antes da ceia. “Para evitar o estufamento, é essencial não consumir bebidas gaseificadas e álcool, além de mastigar os alimentos com calma para uma melhor digestão”, ensina. Além disso, a especialista recomenda alguns alimentos específicos e o consumo de bastante água após a refeição.

É fundamental se hidratar bastante, com a ingestão de muita água. Frutas, sucos naturais e uma refeição composta por fibras podem ser uma solução. No dia seguinte, caso a sensação ainda não tenha passado, pode-se realizar caminhada de 15 a 20 minutos e preparar um prato com saladas de folhas verdes (rúcula, alface) e vegetais cozidos que irão ajudar no funcionamento do intestino”, conclui Márcia.

Entenda o refluxo e opções de tratamento

De acordo com o especialista em endoscopia e cirurgião geral Mauro Jácome, a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é causada, em geral, por alterações na válvula que separa o esôfago do estômago. “Quando essa válvula perde a capacidade de funcionar corretamente, o conteúdo ácido do estômago pode refluir para o esôfago, causando queimação, regurgitação e até tosse crônica”, explica.

Ainda que desconfortável, o refluxo tem tratamento. Se as dores ou os sintomas não melhorarem, é necessário procura um médico para o tratamento correto. Esse cuidado geralmente começa com mudanças no estilo de vida e medicamentos, como os inibidores de bomba de prótons (IBPs), que reduzem a produção de ácido no estômago. É importante que o paciente procure um especialista para avaliar o quadro e discutir as opções terapêuticas.

No entanto, para pacientes que não respondem bem a esses medicamentos ou apresentam intolerância, a cirurgia tradicional, chamada fundoplicatura, pode ser indicada. Apesar de eficaz, esse procedimento é invasivo e exige um período de recuperação mais longo.

Uma alternativa moderna e menos agressiva para o tratamento da DRGE é o tratamento endoscópico para refluxo, que tem ganhado destaque entre especialistas, conhecido cientificamente como Transoral Incisionless Fundoplication (TIF). Esse procedimento é realizado a partir de um disposto, o EsophyX, e desenvolve uma técnica para fortalecer ou restaurar a função da válvula esofágica, proporcionando alívio dos sintomas e evitando o refluxo de ácido para o esôfago.

Esse procedimento é minimamente invasivo, realizado por endoscopia, e apresenta menor risco de complicações quando comparado à cirurgia convencional. A alternativa também é eficaz para pacientes que acabaram se tornando dependentes de medicamentos anti-refluxo porque, ao libertar as pessoas dos sintomas, também alivia a busca por fármacos”, afirma Mauro Jácome.

Com menor tempo de recuperação e sem a necessidade de grandes incisões, o tratamento endoscópico é indicado principalmente para pacientes que não obtêm sucesso com medicamentos e buscam uma solução eficaz e menos invasiva.

Da Agência Brasil, com Assessorias

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