Muito mais do que um simples desconforto, a DRGE ocorre quando o ácido estomacal retorna para o esôfago, provocando irritação e, em casos mais graves, complicações como úlceras e esofagite. Além da clássica azia, a doença pode se manifestar por meio de outros sintomas menos conhecidos, como:
- dor torácica (dor no peito),
- queimação no estômago,
- enjoo,
- regurgitação,
- dificuldade para engolir,
- sensação de garganta arranhada,
- tosse,
- pigarro,
- rouquidão e até
- crises de asma.
Esses desconfortos comprometem a qualidade de vida do paciente, interferindo no sono e nas atividades diárias. Pratos mais gordurosos, bebidas com gás e nossa tendência ao exagero podem ativar o problema. Por isso, quem tem refluxo precisa ter uma atenção maior com pratos como tender, pernil, salpicão com muita maionese, espumante, chocolate, especialmente em excesso,
Esses alimentos acabam piorando o refluxo porque, de alguma forma, ou eles aumentam a demanda de produção de ácido para serem digeridos ou podem potencializar em grande volume o retorno do ácido que está no estômago para o esôfago. Então, a gente tem que tomar cuidado com esse tipo de alimento na ceia de Natal”, afirma o médico endoscopista Hugo Guedes.
Como evitar o refluxo e tratar sem culpa
Para evitar o refluxo, principalmente em quem já sofre com a doença, o médico Hugo Guedes recomenda comer em menor quantidade, não beber durante a refeição, dando um intervalo de, pelo menos 30 minutos antes ou depois de comer. Se a pessoa passar mal, a orientação é dar tempo para a digestão.
Tente manter um tempo de jejum para que possa ter a passagem do alimento para o intestino e a digestão possa acontecer. Não deite logo após se alimentar. Fique um tempo sentado, caminhadas leves ou atividades leves podem ajudar”, recomenda.
Caso os sintomas não melhorem, é preciso “recorrer aos medicamentos, inicialmente com os antiácidos, e, em casos mais sintomáticos, os protetores gástricos propriamente ditos”, afirma Hugo Guedes.
Para aliviar o desconforto, é fundamental entender que não há motivos para se culpar por ter comido além do necessário. Porém, é essencial que esse comportamento não se repita nos próximos dias e que as refeições equilibradas sejam retomadas.
No dia seguinte, escolha alimentos mais leves, ricos em fibras, como verduras, frutas, cereais e legumes. Também é necessário evitar gorduras, carboidratos e açúcares”, recomenda.
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Médico alerta como proteger o aparelho digestivo nas festas de fim de ano
Para evitar que a comemoração vire preocupação, o médico cirurgião do aparelho digestivo e proctologista Rodrigo Barbosa, da capital paulista, alerta sobre os impactos dos excessos e trazem orientações para aproveitar sem abrir mão da saúde digestiva.
O consumo elevado de bebidas alcoólicas, comum nessa época do ano, pode causar irritação na mucosa do estômago, aumentando o risco de gastrite e refluxo. Além disso, o álcool estimula a produção de ácido no estômago, piorando quadros de azia e dificultando a digestão”, alerta o médico que indica alternar o consumo de álcool com água para evitar desidratação e reduzir o impacto no aparelho digestivo e dar preferência para bebidas com menor teor alcoólico, como vinho ou espumante, em vez de destilados.
Os pratos típicos das festas — carnes gordurosas, sobremesas ricas em açúcar e alimentos condimentados — podem ser um gatilho para a indigestão, sensação de peso e desconforto abdominal. O consumo exagerado desses alimentos, especialmente durante a noite, dificulta o trabalho do sistema digestivo e pode agravar condições pré-existentes, como refluxo gastroesofágico.
Na hora da comilança, o médico fala que para evitar desconfortos vale investir em pequenas porções e mastigar bem os alimentos para facilitar a digestão, além de evitar deitar-se logo após a ceia para reduzir o risco de refluxo. “Alguns alimentos podem ainda ajudar no processo digestivo como gengibre, abacaxi e chás como camomila e erva-doce.
Caso os desconfortos persistam por mais de dois dias ou sejam acompanhados de sintomas como vômitos, dor intensa no estômago, febre ou diarreia, é essencial buscar atendimento médico para avaliação da saúde digestiva”, finaliza.
Como evitar o estufamento causado por excesso de gases
A “ressaca alimentar” também pode aumentar a presença de gases, gerar problemas intestinais e até sinais de desidratação, principalmente, se a mastigação for realizada de forma rápida. Segundo Márcia Xavier dos Santos, a professora do Curso de Nutrição da Faculdade Santa Marcelina, alguns alimentos específicos podem sobrecarregar o sistema digestivo.
Podemos considerar o pernil, a costela e o leitão assado entre os principais. Farofas regadas com bacon e óleos, além de sobremesas como pudim de leite e rabanadas podem trazer um sensação negativa no dia seguinte”, explica.
Não é preciso deixar de aproveitar a ceia. Para Márcia Xavier, o ideal é começar os cuidados antes da ceia. “Para evitar o estufamento, é essencial não consumir bebidas gaseificadas e álcool, além de mastigar os alimentos com calma para uma melhor digestão”, ensina. Além disso, a especialista recomenda alguns alimentos específicos e o consumo de bastante água após a refeição.
É fundamental se hidratar bastante, com a ingestão de muita água. Frutas, sucos naturais e uma refeição composta por fibras podem ser uma solução. No dia seguinte, caso a sensação ainda não tenha passado, pode-se realizar caminhada de 15 a 20 minutos e preparar um prato com saladas de folhas verdes (rúcula, alface) e vegetais cozidos que irão ajudar no funcionamento do intestino”, conclui Márcia.
Entenda o refluxo e opções de tratamento
De acordo com o especialista em endoscopia e cirurgião geral Mauro Jácome, a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é causada, em geral, por alterações na válvula que separa o esôfago do estômago. “Quando essa válvula perde a capacidade de funcionar corretamente, o conteúdo ácido do estômago pode refluir para o esôfago, causando queimação, regurgitação e até tosse crônica”, explica.
Ainda que desconfortável, o refluxo tem tratamento. Se as dores ou os sintomas não melhorarem, é necessário procura um médico para o tratamento correto. Esse cuidado geralmente começa com mudanças no estilo de vida e medicamentos, como os inibidores de bomba de prótons (IBPs), que reduzem a produção de ácido no estômago. É importante que o paciente procure um especialista para avaliar o quadro e discutir as opções terapêuticas.
No entanto, para pacientes que não respondem bem a esses medicamentos ou apresentam intolerância, a cirurgia tradicional, chamada fundoplicatura, pode ser indicada. Apesar de eficaz, esse procedimento é invasivo e exige um período de recuperação mais longo.
Uma alternativa moderna e menos agressiva para o tratamento da DRGE é o tratamento endoscópico para refluxo, que tem ganhado destaque entre especialistas, conhecido cientificamente como Transoral Incisionless Fundoplication (TIF). Esse procedimento é realizado a partir de um disposto, o EsophyX, e desenvolve uma técnica para fortalecer ou restaurar a função da válvula esofágica, proporcionando alívio dos sintomas e evitando o refluxo de ácido para o esôfago.
Esse procedimento é minimamente invasivo, realizado por endoscopia, e apresenta menor risco de complicações quando comparado à cirurgia convencional. A alternativa também é eficaz para pacientes que acabaram se tornando dependentes de medicamentos anti-refluxo porque, ao libertar as pessoas dos sintomas, também alivia a busca por fármacos”, afirma Mauro Jácome.
Com menor tempo de recuperação e sem a necessidade de grandes incisões, o tratamento endoscópico é indicado principalmente para pacientes que não obtêm sucesso com medicamentos e buscam uma solução eficaz e menos invasiva.
Da Agência Brasil, com Assessorias