Você já comeu carne de tubarão? Se sua resposta foi ‘não’, repense. Muito encontrado em peixarias e mercados de todo o Brasil, “cação” é o nome dado à carne de tubarões e raias, incluindo espécies ameaçadas de extinção, que não podem ser comercializadas. Para alertar as pessoas sobre os riscos no consumo de carne de tubarão – que ameaça tanto o equilíbrio do oceano quanto a saúde humana, a Sea Shepherd Brasil lançou recentemente a campanha “Bye Bye Shark”.

O objetivo é mobilizar o público a dizer “não” ao consumo de carne de tubarão ou raia – frequentemente rotulada de forma genérica como “cação” – especialmente nesta época de verão, sensibilizando sobre os perigos ambientais e de saúde envolvidos.  A iniciativa faz parte da campanha “Cação é Tubarão” – também da organização de conservação marinha, – que revelou em pesquisas que a maioria dos brasileiros desconhece que cação é, na verdade, carne de tubarão ou raia.

No entanto, os perigos não são apenas para os animais. Um recente estudo realizado pela Fiocruz e parceiros, incluindo a Sea Shepherd Brasil, com apoio do Funbio, analisou pesquisas realizadas ao redor do mundo sobre o nível de contaminação de tubarões e raias.

A pesquisa mostrou que o consumo de carne de tubarão ou raia em qualquer quantidade representa um risco especialmente elevado para crianças, gestantes e outras populações vulneráveis, principalmente quando consumida com frequência.

O estudo destacou os riscos associados ao consumo desses animais, que frequentemente apresentam níveis elevados de contaminantes tóxicos, como arsênio, mercúrio, chumbo e cádmio, além de outros metais e contaminantes.

Governo compra cação para merendas escolares e hospitais

Sea Shepherd Brasil alerta sobre o risco do consumo de tubarões e raias para marcar Ação Civil Pública que visa proteger espécies marinhas

Através do Portal da Transparência, a Sea Shepherd Brasil identificou que produtos rotulados como “cação” são comumente comprados pelo governo para merendas escolares, hospitais e outros serviços públicos, devido ao seu baixo custo. No entanto, essas compras não especificam a espécie de tubarão ou raia, dificultando o controle e aumentando a possibilidade de comercialização de espécies ameaçadas e contaminadas.

Com o objetivo de promover a conscientização e ações concretas contra a pesca predatória destas espécies, simultaneamente ao lançamento do filme, a equipe jurídica da Sea Shepherd Brasil protocolou uma Ação Civil Pública visando a proteção legal e ambiental dos tubarões e raias. O objetivo é interromper as compras públicas de carne de tubarões e raias e exige a regularização da rotulagem correta dessas espécies no comércio em geral.  A campanha Bye Bye Shark convida o público a assinar uma petição em apoio à ACP para proteger os tubarões.

Além disso, a ação busca garantir que a rotulagem correta seja exigida em toda a cadeia de comercialização no Brasil, e não apenas nas compras públicas. Assim, nenhum produto de tubarão ou raia poderá ser vendido sem informar que cação é tubarão ou raia, incluindo a identificação adequada da espécie e alertas sobre os riscos à saúde.

Queremos que o maior número possível de pessoas apoie esta causa compartilhando o filme “Bye Bye Shark” nas redes sociais, assinando a petição e se engajando em ações de conscientização”, afirma Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil.  “O mascote Bye Bye Shark é um convite para que cada pessoa entenda a importância de preservar o oceano e a vida marinha, e reflita que manter hábitos com o devido conhecimento é o melhor caminho para proteger o planeta.”

Brasil é o maior consumidor e importador de carne de tubarão do mundo

Diversas espécies de tubarões e raias são comercializadas no país, provenientes tanto da pesca local quanto de importações.  Essas importações chegam a preços acessíveis porque resultam do descarte dos corpos dos tubarões, já que suas barbatanas são destinadas ao mercado asiático, onde tem maior valor comercial. Isso faz com que o Brasil seja uma lavanderia para a pesca de tubarão, alimentando um mercado global multimilionário de barbatanas (podendo chegar aos 560 milhões de dólares).

A quantidade de tubarões e raias consumida no Brasil é alarmante, com cerca de 40 mil toneladas anuais. Grande parte desse volume é composta pela espécie Prionace glauca, conhecida como tubarão-azul, que é uma das mais capturadas no país. Essa espécie já é considerada vulnerável no Atlântico Sul pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e consta como ameaçada na lista do ICMBio no estado do Rio Grande do Sul.

Além disso, 83% das espécies de tubarões e raias comercializadas no país apresentam algum grau de ameaça de extinção, incluindo o emblemático tubarão-martelo. O Brasil abriga 203 espécies, das quais 64 são encontradas no comércio nacional. A maioria dessas espécies está em situação crítica, conforme a avaliação da IUCN, ressaltando a urgência de implementar medidas de conservação para proteger esses animais em risco.

Mais sobre a campanha “Bye Bye Shark”

Animação alerta população com uma linguagem acessível e chama a todos para apoiar ação judicial que visa transparência e diminuição no consumo

Criada pela agência VML Brasil, a campanha traz o mascote “Bye Bye Shark” e expõe, com uma trilha marcante ao fundo, a triste realidade de milhões de tubarões capturados e vendidos, muitas vezes de forma enganosa.

Buscamos, usando elementos da cultura pop, sensibilizar as pessoas sobre algo que passa despercebido para a maioria de nós: muitas vezes, achamos que cação é um peixe abundante e uma opção saudável na alimentação, quando, na verdade, podemos estar contribuindo para a extinção de espécies ameaçadas e colocando nossa saúde em risco”, comentam Gabriel Carletti e Victor Castelo, diretores de criação responsáveis pela campanha. “A linguagem da animação é uma forma de conectar as pessoas de forma mais emocional e palpável para o problema”, complementam.

A campanha conta, ainda, com conteúdo digital, outdoor nas ruas, ações com influenciadores e um trabalho de advocacy para engajar a sociedade de forma ampla no encaminhamento do tema. Para mais informações acesse o site da campanha.

Por que aderir à campanha Cação é Tubarão?

Carne de cação é um termo genérico que se refere à carne de tubarão e arraia, de qualquer espécie e tamanho. É vendida em peixarias e mercados. 

Impactos ambientais 
  • A comercialização de cação contribui para o consumo de espécies ameaçadas de extinção
  • O Brasil é o maior consumidor e importador de carne de tubarão do mundo
  • A importação de carcaças de tubarões para serem vendidas como cação permite a prática de finning, que consiste na remoção das barbatanas dos tubarões
Impactos na saúde 
  • A carne de cação é cheia de metais tóxicos, nocivos à saúde, que podem causar problemas neurológicos
  • A OMS não recomenda o consumo de cação para crianças e gestantes
Campanha Cação é Tubarão
A campanha Cação é Tubarão visa alertar a sociedade sobre a prática da comercialização de carne de tubarão e raia, e cobrar que medidas governamentais sejam tomadas. 

 

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