Não é só a você mesmo que está agredindo com sua fumaça irreponsavelmente assassina. Quem está ao seu redor também sofre as consequências do fumo. Estudos mostram que as inúmeras substâncias químicas que causam câncer, presentes na fumaça do tabaco, podem ocasionar problemas não só aos fumantes, mas também em pessoas que inalam o fumo de forma passiva. E as crianças são as principais vítimas.
De acordo com as pesquisas, apesar de os ativos apresentarem maior risco, os passivos também sofrem com o hábito e chegam a ter um aumento de 30% do risco de câncer de pulmão, além de 24% do de infarto. Ou seja, pessoas que não fumam, mas convivem no mesmo ambiente com fumantes estão expostas aos componentes cancerígenos e tóxicos exalados pela fumaça do cigarro da mesma maneira de quem os consome.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), sete milhões de pessoas morrem anualmente pelo tabagismo e, destas, cerca de 900 mil são vítimas de fumo passivo. O CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças Americano – afirma que “os chamados fumantes passivos, ou seja, aqueles expostos ao fumo passivo em casa ou no trabalho aumentam o risco de desenvolver câncer de pulmão em até 20% a 30%.
Como a saúde da criança é comprometida
Oncologista da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico no Rio de Janeiro, Cristiano Guedes Duque diz que o tabagismo passivo também pode causar câncer e outras doenças crônicas, inclusive em crianças. Elas podem ser acometidas por várias doenças, como pneumonia, bronquite, exacerbação de asma, infecções do ouvido médio, síndrome da morte súbita infantil, além de uma maior probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular na idade adulta, como mostramos esta semana.
Outra preocupação é relacionada aos jovens, já que a dependência da nicotina se estabelece rapidamente e a probabilidade de usuários de tabaco continuarem fumando na fase adulta é elevada. Há outro efeito gravíssimo decorrentes de fumar na frente de crianças: o risco de a criança adquirir o hábito de fumar, no futuro, devido às recordações e ao convívio. “Não se deve fumar dentro de casa. Devem ser estimuladas medidas para que todos os ambientes de convívio social fiquem livres da fumaça do cigarro”, explica o especialista.
Fumar ocasionalmente também é nocivo
O fumo casual envolve o consumo todos os derivados do tabaco possuem a nicotina, uma substância psicoativa. Ou seja, ela induz modificações nos neurotransmissores de nosso cérebro. Estas modificações estão relacionadas a alterações em nosso estado emocional e comportamental, associando o ato de fumar, mesmo que ocasional, a boas sensações.
É também muito bem estabelecido que esta substância, a nicotina, causa tolerância em nosso organismo: cada vez mais, para ter aquele mesmo efeito, é necessária uma dosagem maior. Além disso, ao longo de nossa vida, todos estamos sujeitos a períodos de maior dificuldades pessoais e ansiedade, o que também pode levar a uma maior necessidade da “recompensa” do tabaco”, observa o oncologista.
Cigarro de palha tem 4 mil substâncias tóxicas
Engana-se quem pensa que somente o cigarro comum pode causar câncer e outras doenças. O risco também ocorre naqueles que mastigam o tabaco, fumam cachimbo, charutos e até os cigarros eletrônicos (e-cigarretes). “Todos os derivados do tabaco são nocivos à saúde, não importa a forma de uso (inalação, aspiração ou mastigação). Já foram descritas mais de 4.720 substâncias tóxicas presentes nesses produtos, que podem causar vários danos ao organismo, inclusive dependência química e câncer”, lembra o especialista.
Ligação com outras doenças mentais
Estudos também comprovam a relação entre o tabagismo e patologias mentais. Guedes explica por que isso ocorre. “Os derivados do tabaco possuem a nicotina, que é uma substância psicoativa que leva a alterações em nosso sistema nervoso central, com uma sensação de alívio de ansiedade. Porém, além do efeito da tolerância em nosso organismo (necessidade de uma dosagem maior para ter o mesmo efeito), essas “boas sensações” da nicotina têm um efeito extremamente rápido, que praticamente termina assim que aquele cigarro é apagado. E, como se não bastasse, ela vem acompanhada de várias outras substâncias nocivas à saúde”, avalia Dr Cristiano.
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Fonte: Grupo Oncoclínicas, com Redação