A foto que ilustra este post já diz tudo. O mais cruel e agressivo tipo de câncer existente tem relação direta com um hábito que, para muitos, é sinônimo de prazer ou alívio. Pesquisas indicam que o consumo de derivados de tabaco tem influência em 90% dos diagnósticos de câncer de pulmão. Pelo menos 80% das mortes pelo câncer de pulmão são atribuídas ao ato de fumar. A doença é o foco da terceira matéria da série Vida Sem Fumo, que ViDA & Ação publica esta semana, por conta do Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deverá somar 31.270 novos casos de tumores pulmonares em 2018. Dados mundiais colocam o tabagismo na origem da grande maioria dos casos de câncer de pulmão em todo o mundo, sendo responsável por ampliar em cerca de 20 vezes o risco de surgimento dessa doença.
Para os especialistas, o risco de câncer de pulmão em um ex-fumante será sempre maior quando comparado a alguém que nunca tenha fumado. O oncologista Rafael Luis, do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, de Campinas (SP), afirma que quem fuma tem um risco 10 a 30 vezes maior de desenvolver o câncer de pulmão.
As consequências são estrondosas. São mais de 1,6 milhão de mortes por câncer de pulmão todo ano no mundo. Não há limite seguro para o uso do cigarro, ou seja, não usar é sempre melhor do que usar, mesmo que o uso seja pequeno”, afirma Dr Rafael.
O oncologista explica que os riscos de câncer de pulmão reduzem de 20% a partir de cinco anos do dia em que se para de fumar, chegando a quase 90% de redução após 15 anos. “Assim também é com as outras neoplasias, como no caso da mama, em que a cessação do tabagismo reduz em 50% o risco de morte e a chance de retorno da doença. Fato é que parar é sempre o melhor remédio”, pontua Rafael.
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Sintomas começam com tosse frequente
De acordo com o oncologista Tiago Kenji, especialista em câncer de pulmão do Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula (IOSP), geralmente os sintomas aparecem apenas quando a doença já está avançada como: tosse frequente, mudança no padrão da tosse, tosse com sangue, rouquidão, chiado no peito, falta de ar e dor no tórax.
A oncologista Mariana Laloni, do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas, diz que a maioria dos pacientes com câncer de pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório, tais como: tosse, falta de ar e dor no peito. “Outros sintomas inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos. Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é essencial para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença”, diz.
Segundo a médica, existem dois tipos principais de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e de não pequenas células. “O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos casos e se subdivide em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. O tipo mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e atinge 40% dos doentes”, destaca a Dra. Mariana.
“O câncer de pulmão pode ser classificado em quatro estágios. O estágio 1 representa os tumores iniciais, o 2, os tumores um pouco maiores, mas ainda restritos aos pulmões, o 3, os tumores avançados dentro do tórax, e o 4 são os tumores que já se disseminaram pelo organismo”, acrescenta Tiago Kenji.
Como tratar o câncer de pulmão
O tratamento do câncer de pulmão se baseia em cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia) e radioterapia. Sempre que possível, a cirurgia é realizada na tentativa de se retirar uma parte do pulmão acometido. Atualmente, os procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, por vídeo (CTVA) são cada vez mais realizados com menor tempo de internação e retorno mais rápido do paciente às suas atividades. A indicação da cirurgia depende principalmente do estadiamento, tipo, do tamanho e da localização do tumor, além do estado geral do paciente.
Após a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são indicadas para destruir células tumorais microscópicas residuais ou que estejam circulando pelo sangue. Para a Dra. Mariana, a combinação de tratamento sistêmico e radioterapia também pode ser administrada no início do tratamento para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou mesmo como tratamento definitivo quando a cirurgia está contraindicada. A radioterapia isolada é utilizada algumas vezes para diminuir sintomas como falta de ar e dor.
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Principal avanço está na imunoterapia
Mas o grande avanço dos últimos anos, ainda de acordo com a oncologista do CPO, é a imunoterapia. Baseado no princípio de que o organismo reconhece o tumor como um corpo estranho desde a sua origem, e de que com o passar do tempo este tumor passa a se disfarçar para o sistema imunológico e então se aproveitar para crescer, a imunoterapia busca reativar a resposta imunológica contra este agente agressor.
“Atuando através do bloqueio dos fatores que inibem o sistema imunológico, as medicações imunoterápicas provocam um aumento da resposta imune, estimulando a atuação dos linfócitos e procurando fazer com que eles passem a reconhecer o tumor como um corpo estranho”, explica a Dra. Mariana.
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Da Redação, com Assessorias