Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que aproximadamente 84% da população brasileira vivem em cidades. Os benefícios de viver nos centros urbanos incluem mobilidade, acesso mais fácil à internet e à cultura. Contudo, viver em cidades grandes também tem seu lado negativo. A vida agitada leva a hábitos que contribuem para o aumento da obesidade, um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e diabetes.

O crescimento na taxa de sobrepeso e obesidade tem se mostrado relevante para a expansão do Diabetes Melittus tipo 2 (DM2). Apenas nos últimos 10 anos o número de pessoas diagnosticadas com a doença subiu cerca de 60% e o Brasil atingiu o marco de 14 milhões de pessoas convivendo com o DM2.

Um dos fatores cruciais para o quadro de diabetes ter se instaurado como epidemia foi a industrialização de alimentos iniciada após a Revolução Industrial. A partir de 1988 foi registrado nas cidades o aumento no consumo de ácidos graxos, açúcares e refrigerantes em detrimento da redução de ingestão de carboidratos complexos, frutas, verduras e legumes.

De acordo com Francisco Kerr Saraiva, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), a forma de se alimentar da sociedade urbana se tornou rápida e prática, priorizando fast foods ultraprocessados e poucos alimentos in natura. “Ao diminuir o consumo de vitaminas e minerais importantes para o funcionamento saudável do corpo, a pessoa facilita as circunstâncias que podem levar às doenças crônicas como o diabetes tipo 2”, pontua o especialista.

Tão problemático quanto a dieta inadequada, o sedentarismo¹, favorecido pela modernização das cidades, exerce relação direta com o crescimento dos casos de diabetes tipo 2 em adultos, independentemente do índice de massa corporal (IMC) ou histórico familiar. “ A prática regular de exercícios é fundamental no combate do diabetes tipo 2 e de muitas outras doenças”, explica Dr. Saraiva.

Normalmente, os grandes centros urbanos possuem espaços públicos para a prática de atividade física, como parques e praças, que podem incentivar a população a se exercitar regularmente. Outro benefício da vida na cidade é a tecnologia, que facilitou o acesso a diversos produtos e serviços sem a necessidade de locomoção.

Porém, o delivery de comida, medicamento, supermercado e produtos em geral, assim como aplicativos de transporte individual, são facilitadores do sedentarismo. Além de maus hábitos alimentares e sedentarismo, o Dr. Saraiva alerta que existem outros fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. “Pacientes obesos, com hipertensão, colesterol alto ou diagnosticados com pré-diabetes precisam de cuidado redobrado com a saúde, pois correm um risco maior de desenvolverem a doença”, comenta o cardiologista.

Uma das maiores preocupações com o diabetes tipo 2 é que ele aumenta de duas a quatro vezes a incidência das doenças cardiovasculares, como o infarto e o AVC (Acidente Vascular Cerebral), matando mais do que o vírus HIV, a tuberculose e o câncer de mama. Além dos riscos para o coração, a doença também pode causar complicações renais, perda de visão e amputação de membros.

Apesar de assintomático, é possível identificar os sinais de DM2, sendo que os mais comuns são os casos onde ocorrem fome e sede excessivas, ganho ou perda de peso, vontade de urinar com maior frequência, fadiga, má cicatrização, manchas escuras na pele, formigamento nos pés e visão embaçada.

Consultar regularmente um médico, seja clínico geral, endocrinologista ou cardiologista, é importante, seja para quem já possui o diabetes ou não. Além disso, a adoção de hábitos saudáveis também contribui para a diminuição dos riscos de desenvolvimento de doenças como o diabetes tipo 2.

Com a agitação do dia-a-dia nos grandes centros é essencial prestarmos atenção em nossos hábitos, e tentarmos fazer pequenas mudanças no dia-a-dia, como subir escada ao invés de elevador e, quando possível, dar preferência às refeições balanceadas e que contêm legumes e verduras, assim como praticar exercícios regularmente”, completa Dr. Saraiva.

O Movimento para Sobreviver – Para conscientizar a população, principalmente das áreas urbanas, sobre o impacto das doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2 e seus fatores de risco, uma coalizão formada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, ADJ Diabetes Brasil, Associação Nacional de Atenção ao Diabetes, Sociedade Brasileira de Diabetes, Rede Brasil AVC, Boehringer Ingelheim e Eli Lilly do Brasil criou ‘O Movimento para Sobreviver”, que também tem o propósito de proteger o coração e a vida dos brasileiros com diabetes.

Fonte: Socesp

 

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