As varizes não são apenas uma questão estética; elas podem indicar um problema mais profundo que afeta a saúde geral. A Doença Venosa Crônica (DVC), da qual as varizes são uma manifestação, compromete o funcionamento correto das veias, impactando o retorno venoso ao coração.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), cerca de 45% das mulheres sofrem com varizes no país. Engana-se quem acredita que seja uma questão puramente estética. O cansaço nos membros inferiores é o sintoma mais comum da doença que, se não tratada, pode causar sangramentos, trombose e até embolia pulmonar.

Diferentemente das microvarizes, popularmente conhecidas como ‘vasinhos’, as varizes são veias dilatadas e tortuosas que têm dificuldade de mandar o sangue de volta ao coração. Geram desconfortos, inchaço e dores locais com frequência. Geralmente surgem nas pernas e podem ser causadas por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.

Entre as principais causas estão a fraqueza nas paredes das veias e nas válvulas que ajudam o sangue a fluir de volta ao coração. Outros fatores que contribuem incluem a idade avançada, gravidez, obesidade e o sedentarismo. Além disso, condições que aumentam a pressão nas veias das pernas, como ficar em pé ou sentado por longos períodos, também são fatores de risco significativos.

As pessoas mais propensas a desenvolver varizes são do sexo feminino (com uma relação de 2 a 3 mulheres para cada homem); com idade entre 30 e 50 anos; portadoras de obesidade e submetidas a gestações. Quanto mais gestações, maior o risco”, afirma João de Toledo Martins, radiologista intervencionista do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES).

Diagnóstico e tratamento

João de Toledo Martins, médico radiologista que atua na UTI do Hospital Evangélico, fala dos riscos das varizes (Foto: Divulgação)

O diagnóstico, geralmente, inclui avaliação clínica e o ultrassom com doppler. “O ultrassom com doppler é o único exame de imagem com real utilidade para o diagnóstico e planejamento terapêutico”, enfatiza o médico.

A detecção precoce das varizes pode prevenir complicações graves. Consultar um cirurgião vascular para um exame de ecodoppler é fundamental para avaliar a gravidade da condição e planejar o melhor tratamento.

Além disso, seguir um estilo de vida saudável, com a prática de atividades físicas e o uso de meias de compressão, pode ajudar a aliviar os sintomas e prevenir o avanço da doença.

A prevenção das varizes é crucial para evitar o agravamento da condição e melhorar a qualidade de vida. Manter um estilo de vida ativo, com exercícios regulares, é uma das melhores maneiras de promover a circulação sanguínea e reduzir o risco de varizes. Evitar ficar horas na mesma posição, em pé ou sentado, também é recomendado.

Além disso, adotar hábitos saudáveis, como manter um peso corporal adequado, evitar a exposição prolongada ao calor e usar meias de compressão quando recomendado pode ajudar a minimizar a pressão sobre as veias.

A importância do tratamento precoce

O tratamento para varizes varia conforme a gravidade da condição e os sintomas apresentados e pode incluir tanto abordagens conservadoras quanto procedimentos médicos. Em casos leves, medidas como o uso de meias de compressão e mudanças no estilo de vida são suficientes. Para casos mais avançados, tratamentos médicos podem ser necessários, incluindo procedimentos cirúrgicos como a ligadura e remoção de veias varicosas.

A escolha do tratamento adequado depende de uma avaliação médica detalhada, considerando o histórico do paciente, o grau de gravidade das varizes e a resposta a tratamentos anteriores. Consultar um especialista é essencial para determinar o plano de tratamento mais eficaz e personalizado.

O procedimento deve ser escolhido pelo cirurgião vascular conforme o grau de acometimento, envolvimento das safenas e outros fatores ligados a limitação técnica de cada método. Há uma gama de opções de tratamentos cirúrgicos que vão desde as microcirurgias ambulatoriais; passando cirurgias clássicas com remoção das varizes e até das veias safenas; esclerose das varizes com espuma e ablação das varizes com radiofrequência e laser”, afirma o radiologista,

A ponta do iceberg: consequências invisíveis das varizes

É crucial entender que as varizes são um sintoma de algo mais amplo, a Doença Venosa Crônica. Ignorar essa condição pode levar a sérios problemas de saúde ao longo do tempo. Portanto, fique atento aos sinais e sintomas e não hesite em buscar ajuda especializada”, afirma Eduardo Toledo de Aguiar, membro efetivo da SBACV.

Professor de Cirurgia Vascular na FMUSP e diretor médico da Spaço Vascular,  ele explica como essa condição afeta mais do que apenas a aparência das pernas e o que você pode fazer para cuidar da sua saúde vascular.

O que são varizes e por que elas surgem?

As varizes são veias dilatadas que perderam a capacidade de bombear o sangue adequadamente de volta ao coração. Elas surgem quando as válvulas dentro das veias não funcionam corretamente, fazendo com que o sangue se acumule. Isso não só provoca desconforto, mas também pode levar a complicações graves ao longo do tempo.

Apesar de muitas pessoas associarem varizes apenas ao desconforto ou inchaço nas pernas, as consequências invisíveis da Doença Venosa Crônica podem ser muito mais sérias:

1. Cansaço e dor constante: A má circulação nas pernas pode causar uma sensação de cansaço constante, mesmo após curtos períodos em pé. Essa dor pode ser um sinal de que suas veias estão sob pressão excessiva e precisam de atenção.

2. Trombose venosa: As varizes aumentam o risco de desenvolvimento de coágulos de sangue nas veias. Em casos graves, esses coágulos podem se deslocar, causando uma trombose venosa profunda (TVP), que é potencialmente fatal.

3. Feridas de difícil cicatrização: As úlceras venosas são feridas abertas causadas pela má circulação nas pernas, comum em pacientes com varizes avançadas. Essas feridas são difíceis de tratar e podem se agravar sem acompanhamento médico adequado.

4. Infecções e inflamações: A estagnação do sangue nas varizes pode levar a processos inflamatórios, aumentando o risco de infecções e dermatite ocre, que deixa manchas escuras na pele.

Com Assessorias

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