“Foi a cena mais horrível da minha vida”. Com esta frase, Fabiano Casemiro Lima, de 46 anos, resumiu os momentos de desespero que viveu sem conseguir salvar a filha Beatriz da Silva Lima, de 25 anos. Ela é mãe da Ayla, a menina de 4 anos que foi resgatada dos escombros mais de 15 horas depois do desabamento da casa em que a família morava, no bairro Alto Independência, um dos mais populosos de Petrópolis e epicentro das tempestades de sexta-feira (22). Fabiano, que sofreu apenas um corte na orelha, também ficou soterrado e conseguiu ser resgatado pelos bombeiros.

Fabiano Casemiro, pai de Beatriz e avó de Ayla, sofreu apenas um corte na orelha: “Não consegui salvar minha filha” (Foto: Reprodução)

“Estávamos todos no quarto e do nada ouvimos um estrondo. Quando eu abri os olhos, só via lama. Eu tentei segurar o máximo de peso que consegui para salvar a vida da minha família, mas não foi suficiente. Eu queria proteger a minha filha, só que não tive tanta força. Eu ainda peguei na mão dela enquanto estávamos soterrados. Só sentia a terra e a ferragem, tanto que machuquei a minha orelha. Eu ouvia as pessoas gritando e fazendo barulho do lado de fora. Eu nem sei como estou aqui. Foi Deus”, contou Fabiano.

Local do desabamento da casa onde a família morreu, no Alto Independência (Foto: Klara Argento / Tupi)

Ayla conseguiu escapar praticamente ilesa porque o pai, Douglas José de Souza da Silva, de 24 anos, conseguiu protegê-la dos escombros usando o próprio corpo. Após várias horas de busca, ele foi encontrado morto na manhã de sábado. A menina também perdeu o irmão, Lukas Willian da Silva Lima Justino, de 9 anos, e a avó, Maria Lucia Casemiro Lima, de 66.

Avó de Ayla, Maria Lucia também morreu na tragédia (Foto: Reprodução)

Após a remoção de Douglas, os bombeiros ouviram vozes de criança e se emocionaram ao conseguir localizar e salvar Ayla. Ela está internada em observação em um hospital da cidade e passa bem. “Meu filho foi um guerreiro. Esse tempo todo e salvou a filhinha. Imagina perder um filho, dói muito”, disse Roberto Napoleão, pai de Douglas, à TV Globo. 

Bombeiros resgatam a menina Ayla, de 4 anos, 15h após a tragédia em Petrópolis (Fotos: Reprodução)

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Testemunhas contaram que Douglas estava sentado numa poltrona e suportou o peso dos escombros sobre seu corpo, com a filha ao lado. Jonathan Oliveira, de 31 anos, primo de Douglas, falou sobre a tragédia:

“Nossa família está muito mal, mas pelo menos conseguimos resgatar a criança (Ayla) com vida. Ele (Douglas) foi um guerreiro porque sustentou a estrutura a noite inteira para salvar a filha”.

Ayla, de 4 anos, é resgatada por bombeiros 15h após desabamento da casa onde morava (Foto: Reprodução)

Ele contou que a menina está bem e chorava muito ao ser resgatada. “Ela saiu bem, só saiu chorando. Ela olhou para a gente assustada e, no colo dos bombeiros, começou a chamar a mamãe e o papai. Falou: “Quero a mamãe”. É muito triste porque ela era muito apegada. Daqui a pouco vai começar a perguntar cadê eles dois”.

BOAS AÇÕES

Jovens voluntários de Petrópolis arrecadam doações


Uma grande onda de solidariedade foi formada em Petrópolis logo após as chuvas. O projeto social Aloha anunciou que está arrecadando doações e atuando voluntariamente em pontos de apoio do Alto da Serra e Independência.
Além de doações pelo Pix contatoalohaa@gmail.com, os jovens voluntários estão arrecadando cobertores, colchonetes, roupas de adultos e crianças em boas condições, calçados, produtos de higiene e limpeza, leite e leites especiais descartáveis.
Para as pessoas que puderem ajudar com esses itens, podem entrar em contato pelo Instagram (@projeto.aloha) ou pelo número: 24 98815-0533 (Mariana).

Centro de Direitos Humanos também arrecada doações

O Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis (CDDH) está arrecadando cobertores, colchonetes, roupas de adultos e crianças em boas condições, calçados, produtos de higiene e limpeza, água potável, fraldas, leite em pó e alimentos para consumo imediato para as vítimas das chuvas na cidade.

As doações podem ser entregues diretamente nos pontos de apoio espalhados pela cidade ou na sede do CDDH, localizada na Rua Monsenhor Bacelar, 400 – na subida do Relógio das Flores. Também é possível doar qualquer valor através do Pix: 27.219.757/0001-27.

Durante o alerta meteorológico para a cidade, o CDDH está com funcionamento 24 horas. A partir de segunda-feira (25), retorna para seu horário de atendimento, das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira. Mais informações pelo WhatsApp (24) 2242-2462 ou pelo e-mail: cddh@cddh.org.br.

Com informações do Diário de Petrópolis, Tribunal de Petrópolis e Extra
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