• Atenção, leitor. As imagens desta reportagem são fortes. Trata-se de uma mulher de 45 anos, cuja identidade é mantida em sigilo, que foi submetida a uma cirurgia de emergência para retirada de um tumor gigante que pesava – pasmem – 46 quilos. O procedimento, que durou duas horas e envolveu uma equipe de pelo menos 14 profissionais de saúde, ocorreu nesta quarta-feira (31/8) no Hospital São José do Avaí, em Itaperuna (RJ), unidade filantrópica que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

    Formado há 22 anos pela Universidade Federal Fluminense (UFF), o médico-cirurgião Glaucio Boechat disse que nunca viu um tumor tão gigante como este. “Foi o maior tumor que eu operei e certamente um dos maiores que alguém já operou. Não é todo dia que se faz uma cirurgia de um tumor desse tamanho, não”, disse ao Uol. “Você pode procurar na literatura, tem pouquíssimos tumores desse tamanho”, completou ele, ao Dia.

    Considerado uma referência em atendimento médico-hospitalar no interior do Estado do Rio, o  hospital investe em alta tecnologia e a cirurgia da paciente foi totalmente gratuita, em parceria com o SUS. “O hospital todo se mobilizou para realizar o procedimento dessa paciente. Ela está bem, estável, respirando sem ajuda de aparelhos, conversando e se alimentando. Agora, é esperar essa resposta ao trauma para ir ao quarto e darmos alta para casa”, contou o médico.

    Tumor com cerca de 46 kg é retirado de paciente em Itaperuna, no RJ — Foto: Glaucio Boechat/arquivo pessoal

    Tumor com cerca de 46 kg é retirado de paciente em Itaperuna, no RJ — Foto: Glaucio Boechat/arquivo pessoal

    Paciente estava com o tumor há pelo menos 5 anos; mulher é natural de MG mas mora em Itaperuna — Foto: Reprodução/Instagram

    • Mulher convivia com tumor gigante há 5 anos

      Natural de Volta Grande (MG) e morando em Itaperuna há 10 anos, a paciente, que tem 1,52 metro de altura e pesava cerca de 150 kg, sofria com o tumor há pelo menos cinco anos. Ela procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade na segunda-feira (29), por conta de falta de ar e dores no abdômen. Transferida para o hospital, passou por uma série de exames e o cirurgião decidiu fazer uma internação de emergência para a retirada do tumor.

      “A paciente chegou em estado grave, com falta de ar extrema, não conseguia nem deitar. Ficamos até assustados. O abdômen estava enorme. Ela não conseguia falar direito, mas o pouco que falou com a gente, explicou que notou que [o tumor] começou a crescer há cinco anos. Mas se ela notou há cinco anos, provavelmente tem mais tempo”, disse Dr Boechat.

      Um exame de tomografia identificou a presença do tumor que ocupava grande parte da pelve, onde fica o útero, e ia até o abdômen, em cima do fígado. A cirurgia envolveu médicos residentes, anestesistas, auxiliares de enfermagem, além do cirurgião. A massa retirada foi encaminhada para a biópsia para identificar melhor o quadro clínico da paciente e a origem da doença.

      Após a cirurgia, a mulher foi encaminhada ao Centro de Terapia Intensiva (CTI) da unidade e está lúcida e estável. De acordo com o cirurgião, ela já respira sem ajuda de aparelhos, já se alimenta e tem se comunicado bem. Como não fez previamente consultas com a paciente, não é possível determinar antes do laudo o local onde o tumor começou. No entanto, a equipe médica suspeita que tenha sido no útero.

      Origem pode ser tumor no útero

      Boechat explica que, em princípio, a massa saiu do útero, parecendo um mioma, mas reafirmou que é necessário aguardar o resultado da biópsia, que pode demorar até 20 dias, para poder ter certeza do tipo de tumor e prosseguir com o tratamento. Se for um tumor de ovário, provavelmente será um dos maiores do Brasil, ou se for de mioma, será um dos maiores do mundo.

      “Os próximos passos agora vão ser vistos com o laudo da biópsia. Não sabemos o tipo de tumor ainda, se é benigno ou maligno. É esse exame que vai definir se ela terá ou não que fazer radioterapia e outros tratamentos”, afirmou o médico.

      Ao G1, Dr Boechat disse ser gratificante poder ajudar a salvar e melhorar a vida da população. “Estamos muito felizes em poder ajudar mais uma pessoa pelo SUS. É extremamente gratificante. É muito bom poder ser instrumento para ajudar as pessoas e aliviar o sofrimento de alguém. É uma sensação indescritível”, disse ele, que tem 23 anos de carreira.

      Procurada pelo G1, a filha da paciente disse que ela está muito feliz com o resultado da cirurgia, mas vai aguardar até que a mãe esteja completamente recuperada para que possa decidir se quer falar sobre o caso.

      Mas por que a paciente não procurou atendimento antes? O médico aproveita para deixar um alerta:

      “Se a pessoa sentiu alguma alteração no organismo, alguma dor, algum caroço ou tumor, deve procurar um médico para ver o que é logo no início. O mesmo vale para uma pessoa que tem pedra na vesícula, que tem hérnia, cisto no ovário. Deve-se procurar o atendimento antes que piore, antes que as coisas tomem proporção igual a esse caso: uma cirurgia simples, que daria para fazer por videolaparoscopia, deu lugar a uma cirurgia enorme por não ter operado antes. A cirurgia é muito pior, então quanto antes o diagnóstico, melhor”, disse Glaucio Boechat ao Dia.

      Com O Dia, G1 e Uol

 

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