Tão jovens, mas com tanto em comum, incluindo grandes desafios em saúde e finais felizes graças ao transplantes de medula óssea (TMO), que lhes deu uma nova chance de vida. Benjamin Loza, de 5 anos, e Daniel Gomes Santos Costa, de 17, sofriam com doenças hematológicas que comprometiam sua qualidade de vida. Em ambos os casos, eles receberam os órgãos dos próprios irmãos mais novos – Valentin, de apenas um ano e três meses de idade, e Matheus, de 10 anos, respectivamente.

Os dois procedimentos foram realizados, recentemente, no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), da rede Dasa, e chamaram a atenção no Setembro Verde, mês dedicado ao incentivo à doação de órgãos e tecidos.  Benjamin enfrentou um duro diagnóstico: era portador de uma doença genética rara chamada anemia de Fanconi, que provoca a falência progressiva da medula óssea. Já Daniel nasceu com anemia falciforme, uma doença genética e hereditária, e, apesar de também ter a doença, o irmão Matheus não ficou impedido de doar o órgão para ele.

Benjamim teve dificuldades em obter o diagnóstico para a doença rara. A falta de sintomas expressivos dificultou o diagnóstico, que só foi confirmado em 2021, depois de exames específicos recomendados pela hematologista. “Os únicos sintomas dele foram plaquetas baixas, febres esporádicas e, mais próximo do transplante, anemia e mais cansaço”, conta Roberta Loza, mãe de Benjamin.

Segundo a médica Adriana Martins de Sousa, transplantadora pediátrica do CHN, naquele momento, o transplante era a opção que salvaria a vida da criança. “Para curar essa doença, é a única alternativa. E contar com a doação de medula do irmão mais novo melhorou muito a qualidade do procedimento e as chances de sucesso”, comenta a médica.

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Anemia falciforme não impediu irmão de doar a medula

Freuza Gomes com os filhos Daniel e Mateus, respectivamente, receptor e doador de medula óssea (Foto: Álbum de família)

Já Daniel nasceu com anemia falciforme, uma doença genética e hereditária, que foi diagnosticada quando ele ainda era bebê pelo teste do pezinho. Nessa condição, os glóbulos vermelhos sofrem alteração na estrutura e morrem precocemente, causando a anemia, além de fortes dores e outras complicações graves. Depois de anos de tratamentos com medicamentos, transfusões, internações e complicações graves, Daniel realizou o transplante de medula com a doação de seu irmão, Matheus, de 10 anos, que é portador de traço falciforme, condição que não o impede de ser doador.

“O Daniel já passou por inúmeras internações e fazia diferentes tratamentos, incluindo o medicamentoso. Até os 10 anos, era comum ele precisar se internar de duas a três vezes por ano por conta de pneumonias e, até mesmo, por uma isquemia transitória. O risco neurológico que a anemia falciforme traz poderia deixá-lo com sequelas. Tudo isso foi tirando a qualidade de vida do meu filho, que já passou o Natal internado e perdeu a formatura do colégio. O transplante de medula mudou a trajetória do Daniel e manteve vivo o sonho que ele tem da carreira militar”, conta a mãe Freuza Gomes.

Para ela, é fundamental que as pessoas conheçam a possibilidade do transplante de medula e como ele pode dar uma nova vida ao paciente. “O TMO para a cura da anemia falciforme é algo pouco falado. Sabe-se muito sobre o transplante para a superação da leucemia, mas para anemia falciforme, não. Os falcêmicos, em sua maioria, acreditam que seja um problema crônico incurável”, desabafa.

A dra. Adriana explica que o procedimento também é a única medida que pode curar os casos da doença, embora só seja indicado para os cenários que apresentam complicações mais graves. “O transplante substitui a medula que produz as hemácias doentes, curando o paciente. Como ainda é um procedimento com muitos riscos, deve ser utilizado de forma selecionada e individualizada”, afirma especialista.

Diagnóstico preciso de doenças hematológicas contribui para o sucesso do tratamento

O diagnóstico precoce e preciso das neoplasias hematológicas é fundamental para o sucesso do tratamento, segundo Elaine Sobral, hematologista da UFRJ e consultora do laboratório Sérgio Franco, da rede Dasa. Ela explica que doenças como a leucemia precisam de uma série de exames complexos para a caracterização, classificação e acompanhamento.

A definição precisa do tipo de doença permite que o tratamento seja adequado de acordo com o risco de recidiva. Para determinadas leucemias, existem também tratamentos alvo-específicos, que podem ser iniciados imediatamente após o diagnóstico rápido e rigoroso. Além disso, Elaine diz que os exames oferecem uma avaliação prognóstica para o acompanhamento da resposta com a quantificação das células leucêmicas durante o tratamento, denominada pesquisa de doença residual mínima.

O exame envolve a avaliação da morfologia das células leucêmicas pela realização do mielograma e/ou biópsia até uma caracterização completa dessas células, com avaliação do perfil de expressão antigênica, a chamada imunofenotipagem, que permite encontrar essas células em pequenas quantidades durante o tratamento, seu perfil de alterações cromossômicas (com a citogenética) e de alterações moleculares com um amplo painel de genes estudados por sequenciamento de nova geração.

“Tais exames possibilitam que o tratamento seja adequado para cada paciente, de acordo com essas características estudadas. Por isso é tão importante o paciente recorrer a um centro que tenha a integralidade do cuidado em relação ao diagnóstico da leucemia”, finaliza Sobral.

Fonte: CHN

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