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Juliana se esbalda no Carnaval de rua do Rio (Foto: Ana Carvalho)

Carnaval é inspiração, transpiração e muita emoção para quem curte. E não é qualquer coisa que derruba essa paixão. Nem mesmo uma doença crônica, porém, controlável, como o diabetes. A engenheira carioca Juliana Lessa, de 39 anos, diagnostica com diabetes tipo 1 há oito anos, não deixa de aproveitar a folia, mas, é claro, sempre tomando suas precauções. Além de acompanhar vários blocos de rua, ainda toca no irreverente Fogo e Paixão. Disposição para poucos! Confira o depoimento dela ao Blog Vida & Ação:

“Sempre curti Carnaval. O astral e a alegria desses dias me encantam. Viajei por alguns anos para curtir o Carnaval por aí, mas é o Carnaval de Rua do Rio que me pega de jeito. Em 2007 entrei para a oficina de percussão do Bangalafumenga e o amor e a dedicação ao Carnaval só aumentaram. A ansiedade ao primeiro apito do mestre, a emoção com cada arranjo pensado e ensaiado exaustivamente, a alegria sem fim durante as três ou quatro horas de desfile do bloco…

Um tempo depois, veio meu Fogo e Paixão. Bloco nascido em 2011 da amizade e feito pra ser diversão. Lá a gente toca, curte, extravasa e até chora junto quando o carro de som não funciona! Tocar em blocos me fez uma foliã ainda mais apaixonada. A espera pelos dias de Momo é recheada de purpurina e tules pela casa. A expectativa pelo primeiro bloco já no amanhecer do sábado… Carnaval é reencontro. É amor. É emoção à flor da pele. Pela ladeiras da Glória ou em Santa Teresa, a gente tem a folia genuína.

E foi justamente depois de um Carnaval em 2009 que veio o susto com o diagnóstico do diabetes tipo 1. Não entendia direito o que era o diabetes, mas a verdade é que, com informação e o apoio integral da minha endocrinologista, da minha família e dos meus amigos tão queridos, aquele susto passou rápido. Em 2010, decidi dividir a minha experiência convivendo com essa doçura através de um blog, meu ‘Insulina Portátil‘. Meu intuito era mostrar que, se era possível para mim, também deveria ser para tantos outros diabéticos por aí. A falta de informação sobre a condição traz um peso enorme e desnecessário e eu queria ajudar a mudar isto, porque o diabetes não é uma sentença.

E meu Carnaval, como fica com toda essa questão? Fica muito bem, obrigada! A atenção com a saúde já começa junto com o planejamento das fantasias.  Claro, as perguntas também chegam: “Mas você pode tocar tamborim? Pode ficar tanto tempo no sol?”. Respondo ‘sim’ e ‘sim!’ Nessa época de folia, eu capricho no café da manhã antes de sair de casa. Água de coco, suco para garantir uns carboidratos a mais, já que gasto bem mais energia nesses dias do que o usual… Também meço a glicemia com mais frequência e sempre levo comigo uns lanchinhos na bolsa. A insulina me acompanha e uso um case térmico para garantir que vai suportar ao calor.

Durante os cortejos dos blocos, a hidratação é fundamental e a parada para o almoço é obrigatória! Outra coisa que facilita e ajuda sempre é que meus amigos (essa grande família adquirida) que também amam o Carnaval, sabem da minha doçura e acabam tomando conta. Estão sempre de olho para saber se eu já medi a glicose, se já comi, se está tudo bem. Assim acabo ficando bem tranquila e curtindo sem preocupação. Com conhecimento e atenção, eu posso tudo e sigo em frente sem limite. Sou do ‘bloco’ que acredita que o diabético pode sim ter uma vida absolutamente normal e que o controle é o melhor caminho para uma qualidade de vida boa e sem complicações.”

 

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Tocando tamborim no bloco Fogo e Paixão (Foto: PH de Noronha)

* Tem uma boa história de superação para contar pra gente? Envie seu depoimento para a seção Eu Vivo pelo email blogvidaeacao@gmail.com

 

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