Não há cura para esclerose múltipla, porém, com os avanços na medicina e a conscientização crescente, as perspectivas para os pacientes têm melhorado significativamente. O suporte médico especializado, o tratamento adequado e a adesão contínua aos cuidados médicos são fundamentais para enfrentar a doença de maneira mais positiva e controlada. As pesquisas clínicas evoluíram bastante nos últimos anos e hoje existem tratamentos que ajudam a amenizar os sintomas e desaceleram a progressão da doença.

O tratamento da Esclerose Múltipla tem avançado consideravelmente nos últimos anos, com uma variedade de medicamentos disponíveis para controle da doença. Apesar do seu elevado custo, o Sistema Único de Saúde oferece os medicamentos mais importantes para o tratamento dessa doença. Muitos desses medicamentos são fornecidos gratuitamente pelo SUS, por meio das secretarias estaduais de Saúde.

Segundo Ana Claudia Piccolo, neurologista e vice-coordenadora do departamento científico de neuroimunologia da Academia Brasileira de Neurologia, nas últimas duas décadas, o tratamento da esclerose múltipla avançou significativamente, oferecendo novas perspectivas aos pacientes, que antes associavam o diagnóstico da EM a uma vida na cadeira de rodas.

“Hoje, o que buscamos oferecer é um tratamento que permita aos pacientes seguirem ativos, estudando, trabalhando e se relacionando de acordo com o seu potencial e desejo. Para isso, no entanto, é preciso considerar as realidades e particularidades de cada paciente, bem como a terapia mais adequada para cada subtipo e gravidade da EM”, ressalta.

Atriz da Globo se beneficia de tratamentos pelo SUS

A atriz Guta Stresser, diagnosticada em 2021, é uma das pacientes beneficiadas pelos tratamentos no SUS (Reprodução da internet)

Uma das estrelas do programa ‘A Grande Familia’, da TV Globo, a atriz Guta Stresser, diagnosticada em 2021, é uma das pacientes beneficiadas. “Eu felizmente tenho respondido bem aos tratamentos disponíveis no SUS. Entretanto, essa, infelizmente, não é a realidade de todos os brasileiros que convivem com a EM e pode inclusive não ser a minha no futuro, já que a esclerose múltipla é uma doença crônica e complexa, que exige uma abordagem individualizada”, disse ela.

Recentemente, Guta se engajou na campanha Esclerose Múltipla: sua opinião pode mudar vidas #contribua”, que visa chamar atenção sobre a importância de expandir as possibilidades de tratamento com olhar para aqueles que hoje não têm suas necessidades atendidas pelo sistema público de saúde.

“Faço um convite à sociedade para debatermos juntos a inclusão de novas terapias no sistema público de saúde, com olhar para a disponibilização de mais opções de tratamento que respondam as necessidades hoje não atendidas de pessoas que, como eu, vivem com esclerose múltipla”, reforça a embaixadora Guta.

Tratamento precoce pode reduzir sequelas

O tratamento adequado, quando iniciado precocemente, pode reduzir a atividade da doença e prevenir a evolução com sequelas em grande parte dos pacientes, proporcionando uma melhor qualidade de vida, mesmo diante do desafio de conviver com uma doença crônica.

O tratamento da esclerose múltipla envolve abordagens multidisciplinares para controlar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Terapias medicamentosas são prescritas para reduzir a inflamação e minimizar as reações autoimunes que causam danos à mielina. Além disso, terapias de suporte, como fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, podem auxiliar na reabilitação e na gestão dos sintomas.

Além dos tratamentos medicamentosos, que variam de acordo com as condições clínicas de cada paciente, os médicos também indicam a prática de hábitos saudáveis, como atividade física regular, alimentação balanceada, controle do peso e acompanhamento psicológico constante.

Tipos de tratamento para esclerose múltipla

Os métodos terapêuticos utilizados atualmente no tratamento da EM visam o controle dos sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida. Os tratamentos podem incluir:

– Terapias Modificadoras da Doença (TMDs): Medicamentos que reduzem a frequência e a gravidade das recaídas, além de atrasar a progressão da EM. Existem diferentes tipos de TMDs, como injetáveis, orais e infusões.

– Tratamento dos sintomas: Dependendo dos sintomas apresentados, podem ser prescritos medicamentos para aliviar a fadiga, espasticidade, dor, problemas de coordenação, entre outros.

– Terapia Física e Reabilitação: Exercícios físicos, terapia ocupacional e fisioterapia podem ajudar a melhorar a mobilidade, a força muscular e a coordenação.

– Suporte Psicológico: O apoio emocional é importante, e muitos pacientes podem enfrentar desafios emocionais devido à natureza crônica da doença.

Prevenção de sintomas em diversas fases

Há medicamentos mais direcionados e efetivos que conseguem impedir a inflamação da mielina, prevenindo desta forma os sintomas que prejudicam e trazem uma série de limitações ao dia a dia do paciente. Eles são divididos em três etapas, sendo elas:

• Fase Aguda: medicamentos à base de cortisona ajudam a bloquear a progressão da crise e estimular a recuperação, amenizando sintomas como perda de visão, força e coordenação;

• Fase de Prevenção de Crise: neste caso, os medicamentos ajudam na redução da inflamação e prevenção de crises. Além disso, a prática de exercícios físicos leves podem aumentar a mobilidade, dando mais autonomia e qualidade de vida ao paciente.

• Fase de Restauração ou Reabilitação: indicados para quem tem resposta parcial ao tratamento, existem medidas de restauração ou manutenção de qualidade de vida, como fisioterapia, boa alimentação e medicamentos para fadiga ou dor.

Consulta pública sobre nova medicação no SUS

Entre os dias 26 de julho e 14 de agosto, a Comissão Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias (Conitec) realizou a consulta pública de nº 27/2023, para receber a opinião dos brasileiros sobre a inclusão da cladribina oral no SUS. O medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2019 para o tratamento de adultos com esclerose múltipla (EM) remitente recorrente altamente ativa, e já está disponível em sistemas públicos de saúde de pelo menos 16 países. Em parecer inicial, a recomendação da Conitec foi desfavorável a inclusão.

A cladribina oral é uma terapia administrada por meio de comprimidos ao longo de 20 dias durante os primeiros dois anos de tratamento, com eficácia sustentada por pelo menos quatro anos. Os estudos clínicos realizados com o medicamento apontam que ele reúne todos os requisitos de segurança, simplicidade de administração, eficácia e inovação em um único tratamento, o que, até então, não havia sido apresentado por outro tratamento para esclerose múltipla.

Sua administração simples e cômoda reduz o tempo e os custos públicos gastos na administração de medicamentos infusionais, que hoje são os únicos disponíveis no SUS para quem apresenta EM altamente ativa. Além disso, os ciclos curtos de tratamento em comprimidos tornam-se mais convenientes para os pacientes que moram afastados dos grandes centros de dispensação e administração de terapias infusionais ou injetáveis, permitindo que sigam sua rotina de trabalho e estudo, entre outras atividades pessoais.

Novo rol da ANS inclui novo remédio para EM

A mais recente atualização do rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – lista que determina a cobertura obrigatória de procedimentos e tratamentos a serem garantidos pela rede privada de saúde – trouxe atualizações para os pacientes de esclerose múltipla: a possibilidade de acesso a mais uma opção de tratamento para a doença no sistema privado.

Ofatumumabe, da Novartis, foi incorporado ao rol neste dia 7 de agosto, no mês de conscientização da doença. Em estudos clínicos, a taxa anualizada de surtos ajustada nos pacientes tratados com essa medicação corresponde a um surto a cada 20 anos. Ofatumumabe foi aprovado pela Anvisa em 2021 para o tratamento da esclerose múltipla em suas formas recorrente em adultos.

De aplicação subcutânea, a medicação é um anticorpo monoclonal que atua sobre os linfócitos B, que tem papel relevante na esclerose múltipla por produzirem os mecanismos inflamatórios e degenerativos que atacam a bainha de mielina – estrutura presente em neurônios e é fundamental para a transmissão adequada dos impulsos nervosos. É essa degradação da bainha de mielina, causada pelas reações das células imunes, que configura a esclerose múltipla.

“A incorporação de ofatumumabe na cobertura obrigatória da rede privada de saúde é uma conquista dos pacientes de esclerose múltipla”, diz Lenio Alvarenga, diretor médico da Novartis no Brasil. “Quanto mais alternativas de tratamento estiverem disponíveis para o acesso nos sistemas de saúde, mais conseguiremos garantir oportunidade aos pacientes de controlarem os sintomas, retardarem a progressão dessa grave doença e, com isso, manterem sua qualidade de vida”, completa o executivo.

Parte do processo de incorporação de qualquer terapia, seja no SUS, seja na ANS, a consulta pública aberta para a sociedade civil opinar a respeito da nova incorporação contou com mais de três mil depoimentos em 20 dias, entre junho e julho deste ano. Médicos, cuidadores e principalmente pacientes (por meio das associações) se engajaram e se organizaram para ressaltar a importância do acesso a novas terapias para o manejo da doença e o direito a tratamentos modernos.

Com Assessorias

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