Um surto de virose tem causado preocupação nos primeiros dias de 2025, especialmente em algumas regiões do litoral Sul de São Paulo e Santa Catarina. Em vez de se divertirem no período de festas e férias, muitos turistas estão indo parar no hospital para tratar a infecção viral.

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo está reforçando o suporte aos municípios da Baixada Santista devido ao aumento dos casos de gastroenterite, que têm preocupado a população local e turistas. A condição, definida como gastroenterocolite aguda, é caracterizada pela inflamação do estômago e dos intestinos, provocando sintomas como diarreia, vômito, febre e desidratação, que podem evoluir rapidamente em crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.

O clínico geral Giacomo Gallo Neto, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), alerta que o cuidado com a higiene deve ser redobrado, uma vez que ainda não se sabe ao certo qual é o vírus em circulação, podendo ocorrer a transmissão de pessoa para pessoa, alastrando o problema. No interior paulista, há a suspeita de que uma mulher morreu em decorrência da virose, após passar a virada do ano no litoral.

Os principais sintomas são febre, diarreia, náusea, vômitos e falta de apetite, deixando as pessoas contaminadas bastante debilitadas. Ainda não se sabe ao certo se este surto é causado por vírus, bactéria ou parasita, mas pode-se afirmar que este microrganismo acomete o trato gastrointestinal, causando infecções (gastroenterite)”, explica o médico.

A suspeita é de que os problemas estejam sendo desencadeados pelo contato com a água ou alimentos contaminados. Por isso, autoridades das cidades litorâneas encaminharam amostras para análise do Instituto Adolfo Lutz, no intuito de identificar qual seria o tipo de vírus em circulação e assim tomar decisões assertivas para sua eliminação.

Quando buscar ajuda médica

De acordo com o médico, os sintomas podem variar de dois a três dias em pessoas saudáveis, mas este período pode ser maior em pessoas com comorbidades. “Crianças menores de cinco anos, idosos e imunossuprimidos – condição em que o sistema imunológico apresenta enfraquecimento, seja por doenças, uso de medicamentos ou procedimentos médicos – são mais suscetíveis à virose, necessitando de ainda mais atenção”, explica.

Em situações nas quais as pessoas apresentam sintomas leves, a recomendação é reforçar a hidratação com água ou soros, além de alimentação leve; e usar apenas antieméticos e analgésicos prescritos por seu médico anteriormente, para alívio dos sintomas.

O atendimento médico deve ser procurado nos casos em que os sintomas persistam por mais de cinco dias, em que haja a dificuldade de hidratação via oral (a pessoa ingere o líquido e em seguida ocorrem episódios de vômito ou diarreia intensa) ou casos em que mesmo com uma boa hidratação os sintomas piorem.

Enfermeira e médico ensinam como lidar com o surto

Para a enfermeira Karolina Reis, coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) do Hospital Estadual de Formosa (HEF), em Goiás, o aumento expressivo dos casos nesta época do ano é preocupante. Esse crescimento expressivo está relacionado à chegada das estações mais quentes, quando aumenta a exposição a alimentos e água contaminados por bactérias, vírus ou parasitas.

gastroenterite é uma inflamação do estômago e intestinos que provoca diarreia, vômitos, dores abdominais e desidratação, exigindo atenção especial, especialmente em grupos de risco, como crianças e idosos.

gastroenterite engloba uma ampla variedade de doenças gastrointestinais, que podem causar quadros de diarreia aguda. Os principais sintomas estão relacionados ao sistema gastrointestinal, sendo comum diarreia, náuseas, dores abdominais, cólica e vômitos. Além disso, podem ocorrer febre, dores corporais generalizadas e diminuição do apetite.

Cuidados e medidas preventivas

A hidratação é o principal cuidado imediato, já que a doença pode levar à rápida perda de líquidos. Recomenda-se o consumo de soro de reidratação oral e líquidos leves, evitando alimentos gordurosos durante o período de recuperação. Em casos mais graves, que apresentam sinais de desidratação severa, é necessário buscar atendimento médico.

Para o clínico geral do HEF, Luiz Felipe Peres, além do tratamento, a prevenção continua sendo a melhor forma de combate à gastroenterite. “Lavar bem as mãos, especialmente antes das refeições e após o uso do banheiro, além de consumir água filtrada e garantir o adequado armazenamento e preparo dos alimentos são maneiras bem eficazes de prevenção.

Vale ressaltar que não existe tratamento específico ou medicamento direcionado para a gastroenterite, uma vez que a maioria das síndromes são de etiologia viral. Dessa forma, o próprio organismo se encarrega de limitar a infecção, produzindo anticorpos contra as toxinas e vírus. Cada caso deve ser individualizado e os pacientes mais frágeis, como crianças e idosos, necessitam de cuidados especiais,” reforça o médico.

É fundamental, ao perceber sinais graves de gastroenterite, como desidratação severa, diarreia persistente ou sintomas que não melhorem com cuidados domiciliares, que a pessoa procure atendimento médico imediatamente.

Gerida pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (IMED), o HEF já vem enfrentando aumento de casos desde antes da chegada do verão. A unidade do Governo de Goiás registrou que o número de casos subiu de 262 em julho para 471 em agosto, representando um expressivo aumento de 79%.

Esse crescimento acendeu um alerta em nossa equipe do Pronto-Socorro, que está reforçando o atendimento e as orientações para garantir que os pacientes recebam o suporte necessário, desde a triagem até o pós-tratamento,” afirma a enfermeira.

O que fazer para se proteger

Para se proteger e evitar ser acometido pela virose, Gallo dá algumas orientações. “Ingerir água potável ou fervida, evitar alimentos crus ou mal cozidos, higienizar sempre as mãos, principalmente ao manipular alimentos e não compartilhar utensílios domésticos com pessoas contaminadas”.

Também é preciso tomar cuidado com superfícies contaminadas e partículas de vômito ou fezes que podem se dispersar pelo ar, contribuindo para a transmissão. Ao fazer refeições fora de casa, prefira itens descartáveis. Outro cuidado é evitar aglomerações, que favorecem a proliferação de microrganismos.

Com o período de férias, o movimento intenso nas regiões de praia deve continuar. Desta forma, para minimizar os riscos, a orientação é levar água de boa qualidade e não ingerir alimentos de procedência duvidosa (preparados sem condições mínimas de higiene).

Ao viajar, mantenha na bagagem medicamentos de primeiros socorros para casos de enjoo, febre, vômito e diarreia, prescritos por seu médico habitual. Lembrando de evitar a automedicação que pode levar a uma piora do quadro clínico.

Tecnologia como aliada no atendimento aos casos

Com a chegada do verão e as temperaturas elevadas em todo o país, as doenças da estação ganham força. A combinação das ondas de calor com as mudanças nos padrões alimentares durante este período tem elevado o número de casos de gastroenterite.

O aplicativo de telemedicina via chat Olá Doutor,  foi possível observar o crescimento de 15% no número de consultas relacionadas às doenças gastrointestinais na plataforma assíncrona.

Nesse cenário, a telemedicina torna-se uma ferramenta eficaz para enfrentar a sobrecarga nos hospitais, pessoas que estão em viagens e fora de suas cidades e os aplicativos tiveram aumento na procura de consultas devido à proliferação destas doenças.

Consultas on-line oferecem uma alternativa eficiente para a triagem inicial de pacientes, permitindo que o profissional de saúde forneça as orientações e diagnósticos preliminares remotamente. Além da pessoa poder iniciar um tratamento mais rápido no conforto da sua casa, também alivia a demanda dos serviços presenciais em unidades de saúde ambulatoriais e emergências”, afirmou o médico do aplicativo, Rafael Machado.

Segundo ele, a telemedicina também é eficiente para a redução do risco de propagação de doenças em ambientes compartilhados. Isso ocorre porque através da consulta on-line os pacientes recebem as orientações médicas sem a necessidade do deslocamento físico, o que é especialmente crucial durante ondas de calor, quando os casos de gastroenterites e outras doenças infectocontagiosas tendem a aumentar.

Além do fato que a telemedicina facilita o monitoramento remoto dos pacientes, permitindo que profissionais de saúde monitorem sintomas e forneçam ajustes de tratamento conforme necessário, com emissão de receitas, atestados, pedidos de exames e encaminhamentos quando indicados.

A tecnologia está desempenhando um papel crucial na resposta aos desafios de saúde pública, e a telemedicina emerge como uma ferramenta efetiva para aliviar a carga dos hospitais, especialmente durante períodos de crises, como as ondas de calor que enfrentamos atualmente”, completa o médico.

Com Assessorias

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