Quando o assunto é tecnologia em saúde, vale tudo para elevar a qualidade dos atendimentos com redução de custos nas grandes empresas e também no Sistema Único de Saúde (SUS). A SigaBRT, por exemplo, é uma plataforma destinada a resolver atrasos nas filas do SUS para obtenção de medicamentos por conta da ineficiência no processo de gestão e controle de medicamentos. A solução oferece o controle dos medicamentos na palma da mão do farmacêutico.
Já o “Alô Márcia” é um assistente de gerenciamento de filas de espera, consultas, exames nos serviços de atendimentos pretende universalizar o acesso à saúde, melhorar e humanizar a experiência dos usuários/pacientes, além de ajudar a administrar a demanda entre espaços subutilizados e sobre utilizados.
Ambas as soluções foram apresentadas no seminário Health Tech durante o Rio Info 2018, o principal encontro de tecnologia da informação realizado no Rio de Janeiro, nesta segunda e terça-feiras (dias 24 e 25). De acordo com especialistas, o emprego da tecnologia na saúde é uma aposta dos grandes investidores.
O mercado gira mais de U$3,3 trilhões, sendo o que mais cresce no mundo. Entre os motivos está o aumento da expectativa de vida das populações que contam com a tecnologia não só para viver por mais tempo, mas também com mais qualidade.
Também participaram do evento soluções como a Troca & Empresta, uma plataforma para compartilhamento de materiais e medicamentos entre instituições de saúde, e a “Mexa-se”, uma solução gamificada para promoção de saúde e bem estar focada em pessoas sedentárias, por meio de um app para iOS que proporciona uma aventura em família com missões que acontecem no ambiente urbano do Rio de Janeiro.
O ‘casamento’ perfeito
Estes foram apenas alguns exemplos da importância crescente das startups no segmento da saúde. Para Alex Lucena, CEO da 4H Tecnologia em Saúde e coordenador do painel Health Tech, o ‘casamento’ entre as startups e as grandes corporações do setor de saúde é positivo para todos envolvidos, inclusive para a população. “Quando se discute transformação digital, destaca-se a utilização de tecnologia na vida das pessoas para que tenham mais tempo e qualidade de vida e mais saúde”, ressalta.
Lucena diz que a tecnologia da saúde incorpora o esporte, pois encara a área de saúde não pelo foco da doença, mas do bem estar. “Quando falamos de tecnologia na saúde é de forma ampla. Vai da TI à biotecnologia. Um exemplo da amplitude e importância é que no Hacking Rio (competição realizada em julho deste ano para desenvolver soluções tecnológicas para a cidade) este foi o primeiro segmento a esgotar a bilheteria, além de termos contado com mais de cem hackers e com 25 mentores”.
Este é o cenário atual, uma vez que as grandes empresas, absorvidas em suas questões e padrões internos de administração e expansão com novas unidades, por exemplo, por mais que busquem por inovações tecnológicas, não têm disponibilidade para, de fato, realizá-las. As grandes têm a possibilidade de acessar inovações, muitas disruptivas, às quais não conseguiriam desenvolver intra muros.
Quanto maior é a corporação maior é a possibilidade dela estar absorvida pelo dia a dia, sem ter condições de pensar em nada realmente novo. E elas já perceberam isso e sabem que têm nas startups o melhor caminho”, enfatiza.
Caminhos do mercado atual
Representantes de grandes corporações do setor de saúde no Brasil, responsáveis por seus programas de inovação aberta (Open Innovation), apontaram características e caminhos do mercado atual no painel Health Tech
Thiago Julio, da Dasa (medicina diagnóstica), acredita que as empresas estão alterando seus padrões e se abrindo mais facilmente a novos sistemas de transformação digital. Ele entende ser um passo necessário para manter seu lugar no novo cenário. “Por mais que este movimento não seja facilmente perceptível, ele tem sido feito e nele estão os novos relacionamentos com as pequenas empresas de inovação tecnológica”, afirma.
Gabriela de Salles van der Linden, da Rede d´Or, diz que as startups têm dois caminhos: caminhar sozinhas ou se abrir ao relacionamento a diferentes tipos de parcerias. “Ao expandir suas ações sugiro integrar-se com outras startups e/ou propor parcerias a empresas de tecnologia de maior escala, caso possuam um plano de negócios cujo interesse seja a expansão. Ou seja, abrir o leque de empresas-cliente para as quais vendam seus serviços e com as quais atuem simultaneamente”.
A importância de sempre se estar aberto a considerar tanto as necessidades de cada cliente quanto as necessidades e possibilidades de ação das empresas de TI parceiras é outro conselho de Gabriela. Desta forma, é possível associar as duas esferas e possibilitar o crescimento, o aperfeiçoamento em cada serviço e produto oferecido e, enfim, melhor atender o cliente final e mais importante, a sociedade.
Universidades podem apoiar inovação
Mas como pensar em inovação, estando absorvido em seu dia a dia? Lucena responde: “Absorvendo os programas de inovação da conexão com startups e com o mundo acadêmico, estando de portas abertas. A PUC e a FGV, entre outras, são importantes e reconhecidas instituições geradoras de talento”.
Já para as startups, diz Lucena, é a chance de abrir um novo mercado, de vender sua ideia. Ter acesso a um faturamento. Ele destaca que esses empreendedores são super antenados e por terem estruturas enxutas, são ágeis e flexíveis. Para eles é mais fácil encontrar soluções para novas situações. “É como na navegação. As grandes corporações são transatlânticos, levam muita carga e vão longe. Já as startups são como lanchas com apenas dois tripulantes.”
Alex Lucena diz que as possibilidades de crescimento em todo o país são grandes. Por exemplo, Lucena conta que atualmente no Brasil há cerca de mil startups, enquanto no Vale do Silício, nos EUA, apenas neste ano foram feitos investimentos em cerca de 800. “Por isso, aqui investimos e precisamos nos manter investindo no crescimento e fortalecimento de startups. O Brasil está na rota certa, mas carece de formação de massa crítica, criar empresas com valor de mercado e a área da saúde é uma boa oportunidade como mais recentemente tem-se percebido”, ele finaliza.
Ao todo, 11 startups que desenvolveram produtos e serviços digitais com foco no cuidado com a saúde e o bem-estar de cada pessoa se apresentaram no Rio Info. Além da SigaBRT e Alô Márcia, se apresentaram WeStand, Medshare, Projeto For Me, Cluster Saúde e Esporte, Grupo FMILLY, Grupo Data Sport, Grupo Evo Brain, Grupo Legends e Grupo Team Recife.
Fonte: Rio Info, com Redação
Fonte: Rio Info