A infertilidade conjugal é um problema que afeta casais em todo o mundo, e pode ser causada, entre outros fatores, pelas mudanças no estilo de vida da sociedade. Após 12 meses de tentativas de gravidez, sem sucesso, o casal é considerado infértil. Para mulheres com mais de 35 anos, esse prazo é de 6 meses.

Cada vez mais casais têm precisado de ajuda médica para engravidar. Seja pela idade, no caso das mulheres, já que muitas estão priorizando a carreira e outros sonhos antes de aumentar a família, ou por outros hábitos de vida que podem prejudicar a fertilidade, como sedentarismo, uso de álcool ou drogas, má alimentação etc.

Selmo Geber, ginecologista da Clínica Origen (Foto: Divulgação)

Apesar de ser um problema comum, a infertilidade ainda é um assunto pouco falado e que gera muitas dúvidas. O médico ginecologista da Clínica Origen de Medicina Reprodutiva, dr. Selmo Geber, esclareceu os principais mitos e verdades sobre o assunto.

1. Só a mulher pode ser infértil
De acordo com Geber, este é um dos maiores mitos relacionados à infertilidade. Hoje existem estudos que mostram que os homens são responsáveis por cerca de 40% a 50% dos casos de infertilidade conjugal. “O homem só não se torna infértil pela idade, como a mulher, mas diversos outros fatores podem causar o problema, como doenças e seus tratamentos e hábitos de vida, por exemplo”, explica.

A infertilidade masculina está relacionada a alterações no sêmen ou nos espermatozoides. Algumas possibilidades são a azoospermia, quando não há espermatozoides no sêmen ou problemas na espermatogênese, que dificulta a produção dos gametas e favorece a baixa qualidade dos espermatozoides.

2. A idade não deixa o homem infértil
Geber explica que a afirmação é verdadeira, porém existem alguns fatores que devem ser levados em consideração. “Sabe-se que a mulher apresenta maior dificuldade para engravidar a partir dos 35 anos, e que se torna infértil após determinada idade, quando passa pela menopausa. Isso não acontece com os homens, pois a produção de espermatozoides acontece durante toda a vida”, esclarece.

Porém, com o passar dos anos a qualidade do sêmen e dos espermatozoides é diminuída, já que há uma queda nos níveis de testosterona no organismo masculino. Essa queda hormonal se inicia por volta dos 65 anos e acontece de forma lenta.

Ao longo do tempo, isso pode afetar a qualidade e a quantidade dos espermatozoides no sêmen, o que faz com que as chances de gravidez diminuam. Pode haver maior dificuldade para que a fecundação aconteça, e também a formação de embriões de menor qualidade.

3. A alimentação pode interferir na fertilidade
Geber afirma que a alimentação pode sim interferir na fertilidade, e muito. Não só a alimentação, mas também diversos outros hábitos de vida podem estar relacionados à infertilidade feminina e masculina.

“Pessoas obesas ou que estão muito abaixo do peso considerado saudável podem apresentar alterações hormonais, que prejudicam a fertilidade. O alto consumo de carboidratos, como farinhas brancas e açúcares, também está relacionado à infertilidade. Esse tipo de alimento, quando em excesso, pode aumentar a insulina no organismo e causar uma resistência ao hormônio. A resistência à insulina é um dos principais causadores da síndrome dos ovários policísticos (SOP), que tem relação com a infertilidade feminina”, complementa o médico.

Geber alega, ainda, que o consumo excessivo de álcool e a falta de nutrientes e vitaminas no organismo também pode afetar a saúde e fertilidade de homens e mulheres.

4. Tratamento oncológico pode afetar a infertilidade
Segundo o médico, tal afirmação é verídica. Apesar do câncer não apresentar relação direta com a infertilidade, seu tratamento pode prejudicar o funcionamento dos órgãos reprodutores e afetar a produção de espermatozoides e a reserva ovariana.

“Os medicamentos utilizados na quimioterapia e a radiação da radioterapia são alguns fatores responsáveis por esse problema. A indicação para os pacientes diagnosticados com câncer é a preservação oncológica da fertilidade”, explica.

5 – Infertilidade tem tratamento
Verdade! Graças ao avanço da ciência e da tecnologia é possível engravidar mesmo após o diagnóstico de infertilidade. “Antes de iniciar um tratamento, é necessário realizar a investigação da infertilidade para identificar suas causas. A partir daí é possível identificar os melhores procedimentos. Em alguns casos a fertilidade pode ser recuperada após tratar o problema que a afetou.

Quando isso não é possível, a indicação é a reprodução assistida. Atualmente existem três técnicas principais: a relação sexual programada (RSP), a inseminação intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro (FIV). Além disso, existem diversos procedimentos complementares que podem aumentar as chances de um resultado positivo.

“A RSP e a IIU são procedimentos de baixa complexidade, indicadas em casos de infertilidade leve. A RSP é indicada quando a mulher possui problemas de ovulação e não há nenhum fator de infertilidade masculina. Já a IIU pode ser realizada quando o homem apresenta infertilidade leve a não existem alterações nos órgãos femininos”, completa o médico.

Geber esclarece que a FIV é a técnica de maior complexidade, indicada em casos mais graves de infertilidade feminina ou masculina, ou ainda quando outras técnicas não são bem-sucedidas. A fecundação é feita em laboratório e o embrião já em formação é transferido para o útero, para que a gestação possa se iniciar.

Existem ainda procedimentos como o congelamento e a doação de gametas, testes genéticos e outras técnicas que tornam a reprodução assistida ainda mais eficiente e com maiores chances de sucesso.

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