O ator Reynaldo Gianecchini, de 51 anos, anunciou recentemente ao público que desenvolveu a síndrome de Guillain-Barré, que afeta seus movimentos. Durante uma entrevista para um podcast, ele revelou que recebeu o diagnóstico enquanto se preparava para seu novo musical, “Priscilla, a Rainha do Deserto”, em que interpreta a drag queen Mitzi/Tick.

Eu desenvolvi até uma doença autoimune muito louca que foi me paralisando as mãos, as pernas. Não pensei em desistir, mas o desconforto é tão grande de lidar com os seus medos, que tem um lado seu que quer sair correndo”, contou o ator, que há 12 anos mobilizava o país ao anunciar a luta contra um câncer no sistema linfático.

Apesar da grande repercussão que o assunto vem ganhando, muitas pessoas ainda desconhecem os detalhes sobre essa doença. Embora possa assustar à primeira vista, a doença é considerada rara e não contagiosa.  No Brasil, a incidência é baixa, atingindo entre um e quatro pessoas a cada 100 mil habitantes anualmente, segundo o Ministério da Saúde. Os jovens e adultos entre 20 e 40 anos são os mais afetados.

Reynaldo Gianecchini – que interpreta uma drag queen em musical – revela que descobriu doença autoimune durante ensaios (Foto: Reprodução/Instagram)

A condição faz com que o sistema imunológico comece a atacar partes do sistema nervoso periférico, resultando em sintomas como fraqueza muscular, formigamento, dormência e redução ou ausência de reflexos. A maioria das pessoas, após desenvolver a doença, se recupera totalmente do distúrbio, no entanto, aproximadamente 7,5% dos casos resultam em óbito.

A Síndrome de Guillain-Barré, mais precisamente chamada de polineuropatia inflamatória desmielinizante aguda, é classificada como uma doença autoimune, em que a resposta imunológica desencadeia inflamação do sistema nervoso periférico em um ou mais tecidos ou órgãos de um indivíduo”, explica Roger Gomes, neurologista do Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim.

A síndrome é desencadeada por uma infecção prévia, geralmente de natureza respiratória ou gastrointestinal, que ocorre entre duas e seis semanas antes do seu diagnóstico. Assim, quadros de diarreia, infecções respiratórias, infecção pelo SARS-Cov-2, arbovírus, entre outros, podem ser considerados fatores desencadeantes.

É importante ressaltar que qualquer músculo do corpo pode ser afetado, incluindo os músculos respiratórios, como o diafragma, o que pode levar à insuficiência respiratória em diferentes graus em até um terço dos pacientes. Além disso, a doença, geralmente, afeta os nervos periféricos responsáveis pelo controle da atividade cardíaca e da pressão arterial, podendo causar arritmias cardíacas e hipertensão arterial aguda”, complementa o médico.

O diagnóstico inicial é clínico e posteriormente confirmado por meio de exames que avaliam os nervos e músculos, como a eletroneuromiografia e a análise do líquido cefalorraquidiano, obtido por meio de uma punção na coluna lombar.

O reconhecimento precoce da doença é fundamental para iniciar o tratamento o mais rápido possível, a fim de evitar fraqueza prolongada, comprometimento dos músculos respiratórios e, nos casos mais graves, insuficiência respiratória com necessidade de intubação e respirador mecânico”, reforça o neurologista.

Atualmente, as principais abordagens terapêuticas para tratar a síndrome são o uso de imunoglobulina humana intravenosa em altas doses. E se a sua utilização não resultar em uma melhora significativa, geralmente, recorre-se à troca do plasma do paciente por meio de um procedimento chamado plasmaferese.

Em alguns casos, pode ser necessária uma combinação dos dois procedimentos. No país, ambos os tratamentos estão disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Conheça a Síndrome de GuillainBarré

Síndrome de GuillainBarré é um distúrbio neurológico autoimune raro. O sistema imunológico danifica as células do sistema nervoso, impedindo a adequada condução elétrica, causando vários sintomas, principalmente fraqueza muscular. A doença é considerada como uma reação imune, portanto, é incomum e pode acontecer após infecções, sejam elas respiratórias ou intestinais, além do uso de diferentes vacinas e de uma possível predisposição genética.

O principal risco provocado pela síndrome é quando existe comprometimento do sistema respiratório, podendo resultar na morte do paciente caso não sejam adotadas as medidas adequadas, como tratamento em unidade de terapia intensiva (UTI) com assistência respiratória.

Segundo Carlos Caron, professor responsável pelas disciplinas de Neurologia, Semiologia e Propedêutica da Faculdade Evangélica Mackenzie Paraná (FEMPAR), os sintomas iniciais da Síndrome de GuillainBarré geralmente se iniciam nas extremidades dos membros inferiores, com perda de força muscular, muitas vezes acompanhado de algum grau de perda de sensibilidade ou de sensação de queimação.

“Essa doença se desenvolve por um intervalo muito variável, pode ser em horas ou semanas. Ela provoca uma fraqueza progressiva que começa nos membros inferiores e assume um caráter ascendente, envolvendo os membros superiores, podendo levar a dificuldade de fala, de deglutição, e claro, o que mais receamos, que é a dificuldade respiratória”, explica o professor.
Este distúrbio neurológico possui tratamento, que é feito em ambiente hospitalar, usando, por exemplo, imunoglobulina e uma técnica chamada plasmaferese. Ambas melhoram o prognóstico no paciente quando são utilizadas. Segundo Caron afirma que a doença possui correlação com a vacina contra a covid-19.
A partir de dados divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, foi observado que aproximadamente 100 pessoas desenvolveram a síndrome de GuillainBarré entre 12,5 milhões de vacinados para a Covid-19. Embora sejam, proporcionalmente, poucos casos, existe sempre a possibilidade de termos de enfrentar esse tipo de ocorrência, independente de qual seja a vacina”, finaliza.
Com Assessorias
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