De acordo com os dados Painel de Monitoramento de Arboviroses, em 2024, o Brasil registrou 6,6 milhões de casos prováveis de dengue e 6 mil óbitos. Até a quinta-feira (9), foram notificados 16,3 mil casos prováveis e 16 óbitos estão em investigação em 2025. Do total de casos 75,4% estão concentrados na Região Sudeste.
O principal fator que justifica o aumento previsto de casos é a continuidade do fenômeno El Niño, que pode intensificar condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença”, afirma a nota do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde informou que vai enviar, ainda nesta semana, equipes técnicas a quatro estados brasileiros com o objetivo de apoiar ações locais para o controle de arboviroses, incluindo a dengue. “A missão busca fortalecer a vigilância epidemiológica, a assistência à população e a reorganização dos serviços de saúde”, destacou a pasta, em nota.
A previsão é que a capital do Espírito Santo, Vitória, receba a visita da equipe técnica nesta segunda-feira (13). Também estão no cronograma das visitas de hoje as cidades de São José do Rio Preto (SP) e Rio Branco (AC). Na terça-feira (14), Foz do Iguaçu (PR) vai receber a missão do ministério.
A ação de vigilância é parte dos esforços do Ministério da Saúde para o controle da dengue e ouras arboviroses – antecipando atividades de prevenção para o período sazonal da doença”, destacou o comunicado.
Além do suporte técnico, estados e municípios que receberem a visita serão orientados a manter ações de educação em saúde e mobilização social para eliminar criadouros de mosquitos que transmitem doenças, como o Aedes aegypti.
Confira o cenário epidemiológico nas regiões a serem visitadas pelo ministério:
– São Paulo: registrou 2.181.372 casos prováveis de dengue em 2024. Em 2025, foram notificados 7,3 mil casos até o momento. Em São José do Rio Preto, foram 35.678 notificações em 2024 e 1.834 casos prováveis de dengue até agora em 2025;
– Paraná: registrou 655.488 casos prováveis de dengue em 2024. Em 2025, foram notificados 1.327 casos até o momento. Em Foz do Iguaçu, já foram 15.611 notificações em 2024 e 91 casos prováveis de dengue em 2025;
– Acre: registrou 7.409 casos prováveis de dengue em 2024. Em 2025, foram notificados 412 casos até o momento. Em Rio Branco, foram 1.579 notificações em 2024 e 212 casos prováveis de dengue até agora em 2025;
– Espírito Santo: registrou 163 mil casos prováveis de dengue em 2024. Em 2025, foram notificados 3.778 casos até o momento. Em Vitória, foram 18.598 notificações em 2024 e 247 casos prováveis de dengue até o momento em 2025.
Desde 2023, o Ministério da Saúde está em constante monitoramento e alerta quanto ao cenário epidemiológico no país, coordenando uma série de ações para o controle das arboviroses em todo o território nacional. Foi reservado o montante de R$ 1,5 bilhão para fortalecer as ações.
21 cidades paulistas decretam situação de emergência por dengue
No Estado de São Paulo, 21 cidades decretaram situação de emergência por causa do aumento do número de casos de dengue. Nas duas primeiras semanas epidemiológicas deste ano, o estado já somou 18.100 casos prováveis da doença, com 4.340 confirmados e o restante está sob investigação. Há também 30 óbitos que estão em análise para a doença.
Só na primeira semana epidemiológica, entre 29 de dezembro de 2024 e 4 de janeiro deste ano, 7.201 casos prováveis da doença foram registrados no território paulista, aumento de 9,45% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 6.579 casos prováveis da doença.
Até o momento, os municípios que já decretaram emergência para dengue no estado de São Paulo foram Dirce Reis, Espirito Santo Do Pinhal, Estrela D’Oeste, Glicério, Guarani D’Oeste, Igaratá, Indiaporã, Jacareí, Marinópolis, Mira Estrela, Ouroeste, Paraibuna, Populina, Potirendaba, Ribeira, Rubineia, São Francisco, São José do Rio Preto, São José Dos Campos, Tambaú e Tanabi, informou a Secretaria de Estado de Saúde.
Mutirão Todos Contra a Dengue
O decreto permite que os municípios implementem ações relacionadas ao combate à dengue com maior agilidade, além de permitir recebimento de recursos adicionais. Em São José do Rio Preto, por exemplo, a situação de emergência foi decretada na sexta-feira passada (3).
Estamos conscientes do tamanho do problema. Vamos promover uma força-tarefa para realizar uma limpeza em toda a cidade, partindo para o combate tanto na questão da zeladoria quanto na saúde pública“, afirmou na ocasião, o prefeito Fábio Candido.
Nesta semana, a Prefeitura de São José do Rio Preto deu início ao Mutirão Todos Contra a Dengue, que pretende promover a limpeza de áreas verdes públicas, praças públicas e áreas com ocorrência de descarte irregular.
Já em São José dos Campos, a prefeitura informou que o decreto de emergência e alerta epidemiológico está em vigor desde março de 2024 no município. Segundo a prefeitura, 687 casos de suspeita de dengue foram notificados neste ano e estão em investigação.
Na capital paulista ainda não houve decreto de situação de emergência, mas a Secretaria Municipal de Saúde informou que ações de prevenção da doença estão sendo intensificadas. Na última terça-feira (7), a cidade recebeu 100 mil doses de vacina contra a dengue, que foram distribuídas para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para imunização do público prioritário, crianças entre 10 e 14 anos.
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Rio registra primeiro caso de dengue tipo 3
Na última quinta-feira, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) recebeu a confirmação do primeiro caso de dengue tipo 3, notificado pelo município do Rio, uma mulher de 60 anos. O caso segue em investigação. No estado, não há circulação predominante do tipo 3 desde 2007, o que torna uma parcela grande da população mais suscetível à doença.
No ano passado, o Estado do Rio de Janeiro contabilizou 302.674 casos prováveis, 9.726 internações e 232 óbitos. Somente na cidade do Rio foram registrados 111.114 casos. Na sequência, Volta Redonda, com 22.705 mil registros, e Campos dos Goytacazes, com 19.588 casos.
No ano passado tivemos a maior epidemia de dengue dos últimos anos em nosso estado e também no país. Por isso é importante preparar os municípios para o enfrentamento à dengue. E isso não se restringe às ações de prevenção, é preciso ajudar os gestores a organizarem a rede de assistência, para que os profissionais de saúde ofereçam diagnóstico preciso e tratamento”, explica a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.
Medidas para reforçar a rede assistencial para conter avanço da doença
Nesta quinta-feira (9), o Ministério da Saúde anunciou a instalação em São Paulo do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses. O COE será responsável pelo planejamento de ações para antecipar o período sazonal da dengue, adequar as redes de saúde, prevenir casos e mortes e reforçar as medidas preventivas.
O objetivo da ação, informou o ministério, é ampliar o monitoramento das arboviroses e orientar a execução de ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistencial e ao controle de vetores. O centro vai coordenar as respostas a situações críticas em constante diálogo com estados, municípios, pesquisadores, instituições científicas e outros ministérios.
Como parte das medidas de controle, também foi lançado o Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika. O objetivo é garantir uma preparação adequada para conter o avanço das doenças.
O novo plano revisa e amplia a versão anterior, publicada em 2022, e busca reforçar as estratégias de prevenção, preparação e resposta às epidemias de arboviroses. O documento traz orientações para a elaboração de planos regionais, estaduais e municipais, levando em conta as especificidades do contexto epidemiológico e dos arranjos socioambientais, além de incorporar experiências e iniciativas locais e regionais.
A pasta também tem coordenado diversas ações em todo o território nacional para o controle das arboviroses. Entre as principais iniciativas estão:
- • A ampliação do uso de tecnologias de controle do vetor, destacando-se:
- • Expansão do método Wolbachia, de 3 para 40 cidades até 2025;
- • Implantação de insetos estéreis em aldeias indígenas;
- • Borrifação residual intradomiciliar (BRI-Aedes) em áreas de grande circulação, como creches, escolas e asilos;
- • Instalação de 150 mil Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) na primeira fase do projeto;
- • Uso de Bacillus Thuringiensis Israelensis (BTI) para monitoramento e controle da disseminação do mosquito;
- • No Distrito Federal, estão sendo instaladas cerca de 3 mil EDLs na região do Sol Nascente, com expansão prevista para outras áreas periféricas.
- Além disso, o Ministério da Saúde destinou R$ 1,5 bilhão para a implementação dessas tecnologias e a intensificação das campanhas educativas.
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A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) também iniciou 2025 com foco no reforço das ações de combate à dengue. Equipes de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Atenção Primária à Saúde atuam em visitas técnicas aos municípios para oferecer capacitação e auxílio na elaboração ou revisão dos planos municipais de controle das arboviroses.
A SES-RJ anunciou que vai manter o monitoramento de casos e a campanha “Contra a dengue todo dia”, prevista no Plano de Contingência, em apoio aos 92 municípios, com alertas e orientações sobre a doença.
Em 2024, foi lançada uma ferramenta digital desenvolvida pelos técnicos da Saúde RJ, que ajuda na triagem desses pacientes. Além disso, o Estado segue garantindo apoio na instalação de centros de hidratação conforme os níveis de alerta da doença.
O governo mantém ainda o treinamento de profissionais de saúde, que já vêm recebendo capacitação desde o ano passado. Na quarta-feira (8), os técnicos promoveram capacitações em Nova Iguaçu. Na quinta (9), foi a vez de encontrar as equipes de Vigilância de Niterói.
Além das palestras para apoiar as cidades na atualização dos planos municipais de contingência para o enfrentamento às arboviroses, a SES oferece orientações sobre como organizar a rede primária de atenção à saúde para receber pacientes com sintomas da dengue.
Em MG, ministra da Saúde anuncia novas tecnologias para controle da dengue
Em Belo Horizonte e Contagem serão implementadas Estações Disseminadoras de Larvicidas, Método Wolbachia e Borrifação Residual Intradomiciliar
O estado de Minas Gerais vai receber novas tecnologias para controle da dengue e outras arboviroses. A novidade foi anunciada nesta sexta (10), durante visita da ministra Nísia Trindade aos municípios de Belo Horizonte e Contagem, que terão Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL), expansão do Método Wolbachia e Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI).
A ministra aproveitou a oportunidade para atualizar os gestores locais sobre a implementação dos programas Mais Acesso a Especialistas – para facilitar e ampliar o acesso da população a diagnósticos e tratamentos de forma integrada entre a atenção primária e especializada – e Rede Alyne – um novo modelo de atenção à saúde da mulher e da criança, aumentando o cuidado humanizado e integral para gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascidos.
Todos os 853 municípios de Minas Gerais aderiram ao PMAE e encaminharam os Planos de Ação Regional. Em todo o estado, está previsto o investimento de R$ 6,4 milhões de Ofertas de Cuidado Integral em cardiologia, oncologia, ortopedia, otorrinolaringologia e oftalmologia a serem realizadas em um ano nas 16 Macrorregiões de Saúde. A estimativa é que mais de 1,2 milhão de pessoas sejam beneficiadas.
Nísia Trindade também visitou alas de quimioterapia e de exames de imagem do Instituto de Oncologia Ciências Médicas de Minas Gerais (IONCM-MG) da Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), que inspirou a criação do Programa Mais Acesso a Especialistas. O instituto iniciou os atendimentos em novembro de 2024, atendendo exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Após o término das obras, a unidade ofertará 12 especialidades, 7 linhas macros e 14 sublinhas de cuidado.
A visita ao estado mineiro é parte de uma série de viagens que a ministra da Saúde fará pelo Brasil, conforme anunciado esta semana. Saiba mais aqui.
Com informações do Ministério da Saúde e SES-RJ, com Agência Brasil (atualizado em 13/01/25)
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