Mais uma vez, a história se repete. O descaso do poder público com a saúde dos brasileiros ficou evidente na manhã desta terça-feira (27/10), no Rio de Janeiro, quando o Hospital Geral de Bonsucesso – um dos mais importantes que atendem pelo SUS na rede federal do estado – pegou fogo. Um relatório da Defensoria Pública da União (DPU), divulgado em 2019, já indicava as péssimas condições em que o prédio operava, com risco de incêndio.

Até o início da noite, três pessoas morreram em consequência do incêndio que destruiu boa parte do hospital. Todos eram pacientes que estavam internados – duas delas com Covid-19 – e precisaram ser transferidos morreram. Outras dezenas de pacientes correm risco de morte. O hospital informou que todos os 286 pacientes internados serão transferidos para outros hospitais por recomendação do Corpo de Bombeiros. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar as causas do incêndio.

Construído há 70 anos, o Hospital Federal de Bonsucesso atende à população não só da cidade do Rio, mas de toda a Região Metropolitana, com serviços de média e alta complexidade. É a unidade com o maior volume de atendimentos a pacientes do SUS – em média, pelo menos 2 mil pessoas circulam pela unidade.

O incêndio provocou muitas reações de indignação entre profissionais e especialistas na área de saúde, além de políticos que acompanham de perto a crônica crise dos hospitais federais do Rio de Janeiro. Como a deputada estadual Enfermeira Rejane, vice-presidente da Comissão de Saúde da Alerj e e candidata a vice-prefeita pelo PCdoB na coligação com Benedita da Silva (PT).

Assistimos indignados às chamas consumirem boa parte do maior hospital público do Estado do Rio. O incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio de Janeiro, é fruto do descaso com que a saúde pública vem sendo tratada em nosso país. O relatório da Defensoria Pública da União (DPU) apontou graves problemas na estrutura de combate a incêndios na unidade, mas simplesmente foi ignorado pelas autoridades competentes”, disse ela.

Enfermeira Rejane também manifestou sua solidariedade com a família das pacientes de Covid-19 que faleceram durante a transferência e com os cerca de 200 pacientes que precisaram ser removidos para outros hospitais, como também com os enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem e todos os demais profissionais que ali atuam. “Cobro rigor na investigação deste incêndio ao Ministério da Saúde e também a imediata recuperação do hospital e a garantia das condições de trabalho com segurança para os mais de 5 mil profissionais dessa unidade. São vidas humanas que estão em risco”, disse a deputada.

O HFB teve uma queda de quase 40% nos gastos totais na última década:e janeiro a outubro de 2010, foram de R$ 218 milhões (em valores corrigidos pela inflação). De janeiro a 25 de outubro de 2020, foram R$ 131 milhões – um recuo de 39,8%. Os dados foram levantados pela Associação Contas Abertas no sistema de acompanhamento do orçamento do Governo Federal, a pedido da GloboNews.

As lições do Badim para a segurança de hospitais

‘Foi um ato heróico terem conseguido salvar tantas vidas’

Na tentativa de salvar vidas, até borracharia vira ‘hospital’

O hospital tem capacidade para cerca de 400 pacientes. Aproximadamente 200 foram transferidos para áreas do próprio complexo. Alguns estavam no meio de tratamento quando tiveram de sair da unidade, e outros estavam entubados. No desespero para salvar vidas, equipes de enfermagem, maqueiros e outros funcionários se juntaram a voluntários.

Durante aproximadamente duas horas, a borracharia Rio Paiva Pneus foi transformada em uma espécie de hospital de campanha. Funcionários da borracharia, que fica em frente ao hospital, ajudaram a liberar o espaço para poder receber as macas com os pacientes que estavam sendo levados para o meio da rua, segundo informou o G1.

À noite, a assessoria do hospital informou terem sido retirados do hospital 143 pacientes. Desse total, 20 pacientes foram transferidos para unidades estaduais e 24 para municipais, como o Souza Aguiar, no Centro, o Evandro Freire, na Ilha do Governador. Alguns pacientes tiveram alta e outros foram para hospitais particulares. A unidade tinha 162 pessoas internadas no Prédio 1 e 127 no Prédio 2.

O fogo atingiu o Prédio 1 do hospital por volta das 9h40 desta terça-feira. Segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas foram controladas às 11h30, e equipes seguiram trabalhando no rescaldo. Por volta do 12h ainda saía fumaça das instalações.

Com Agências. Assessorias e G1 (atualizado às 22h)

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