Depois da pandemia mundial do coronavírus – que ainda não acabou, é bom que se diga -, cientistas do mundo todo estão em alerta para a ocorrência de novos vírus, bactérias e outros organismos vivos que podem ser avassaladores para a vida no planeta. Para sinalizar novos surtos de doenças com potencial para causar emergências de saúde, uma ocorrência cada vez mais comum devido às mudanças climáticas, crescimento populacional e migração, pesquisadores do Rio de Janeiro lançam, nesta terça-feira (14/2), o projeto Sistema de Alerta Precoce para Surtos com Potencial Epi-Pandêmico (Aesop).
- A novidade será apresentada por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs/Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) durante a 6ª Conferência Global de Ciência, Tecnologia e Inovação (G-Stic), no Rio de Janeiro. A iniciativa tem o apoio do Ministério da Saúde (MS), da Fundação Rockefeller e da Fiocruz, que coorganiza a Conferência este ano.
- A expectativa é que até o final de 2024 todos os municípios do Brasil estejam sendo monitorados para síndromes respiratórias. Com o tempo, serão dados alertas para outras doenças infecciosas.
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- Atualmente em desenvolvimento, a plataforma Aesop permitirá que cientistas da saúde rastreiem surtos em estágio inicial, integrando dados coletados do Sistema Único de Saúde (SUS) com outras fontes de dados de saúde, ambientais e sociodemográficos.
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- O projeto possibilita que líderes de saúde explorem uma variedade de fontes de dados em um único sistema e, usando inteligência artificial e técnicas de aprendizado de máquina, identifiquem áreas onde as doenças infecciosas, como a dengue, provavelmente se espalharão rapidamente.
“Na vigilância em saúde, devemos agir rapidamente porque, se você perder tempo, você perde a oportunidade de proteger as pessoas. Atualmente, já existem vários mapas de riscos que indicam potenciais locais onde um surto pode acontecer. Nós queremos ir além. Queremos identificar os primeiros momentos do início do surto. Se a gente conseguir ganhar 15 dias, já é um tempo enorme para tomar as medidas necessárias e impedir que a doença se espalhe muito. Em alguns aspectos, ganhamos até 30 dias”, disse Manoel Barral-Netto, pesquisador da Fiocruz e coordenador do projeto.
- Segundo pesquisador, a pandemia de covid-19 pressionou ainda mais o mundo a avançar em soluções para ampliar a vigilância em torno das doenças infecciosas. Ele acredita que, futuramente, o Aesop poderá ser usado em outros países.
“A Aesop busca identificar geograficamente o início do surto por meio da análise de dados da Atenção Primária à saúde e outros dados relacionados às manifestações da doença, como venda de medicamentos e rumores nas redes sociais”, explicou
Segundo ele, após a identificação da área do surto, duas ações acontecem paralelamente para modelar o risco e as características da propagação do surto: as equipes de pesquisa coletam amostras de campo para identificar os agentes infecciosos envolvidos e os cientistas de dados da Aesop integram outros dados para modelar o desenvolvimento do surto e informar as medidas de controle.
“Construir plataformas abertas, transparentes e escaláveis que transformam dados em ação é vital para garantir uma resposta informada, coordenada e rápida a surtos de doenças infecciosas atuais e futuras”, disse Kay van der Horst, diretor administrativo da Iniciativa de Saúde da Fundação Rockefeller.
Ele destacou a importância das parcerias intersetoriais com uma comunidade diversificada de partes interessadas para construir esta plataforma inovadora. “É um modelo que, acreditamos, pode servir como uma prática recomendada para outras regiões, à medida que o mundo avança em direção a uma vigilância de patógenos e resposta a surtos mais robusta e coordenada”, acrescentou.
G-Stic – 6ª Conferência Global de Ciência, Tecnologia e Inovação
A 6ª Conferência Global de Ciência, Tecnologia e Inovação (G-Stic), que ocorre de 13 a 15 de fevereiro, visa reunir a comunidade global de tecnologia sustentável e inovação para impulsionar a busca por soluções tecnológicas inovadoras, integradas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A Conferência é organizada pela Fiocruz, juntamente com sete institutos de pesquisa internacionais: Vito (Bélgica); The Scientific and Industrial Research Council (CSIR, África do Sul); Guangzhou Institute for Energy Conversion (Giec, China); Gwangju Institute of Science and Technology (Gist, Coreia do Sul); National Center for Technology Management (Nacetem, Nigeria); Institute of Energy and Resources (Teri, India); e Solutions Network for Sustainable Development of United Nations (SDSN).
A G-Stic Rio conta com o apoio dos principais patrocinadores Petrobras, Pfizer e Fiotec, com apoio adicional da Aegea, IBMP, Instituto Helda Gerdau, Klabin, Enel, Firjan, Sanofi, Engie e Instituto Clima e Sociedade. As inscrições para a conferência podem ser feitas na ExpoMag, onde ocorre o evento.
Fonte: Agência Fiocruz