Rio e Santos podem ter áreas invadidas pelo mar até 2059

Estudo projeta um cenário assustador na costa brasileira com aumento do nível do mar causado por aquecimento global até 2059

Mar agitado no litoral brasileiro: mudanças climáticas podem agravar inundações e aumento do nível dos oceanos (Foto: Tânia Rego / Agência Brasil)
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Cidades do litoral brasileiro como Rio de Janeiro (RJ) e Santos (SP) podem ter parte de seus territórios ‘engolida’ pelo mar até 2059. É o que mostra um estudo da plataforma Human Climate Horizons (HCH) divulgado nesta semana indica que o nível do mar poderá subir entre 20.09 e 24.27 centímetros junto à costa brasileira, até 2059, se não forem reduzidas as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE).

Ao se debruçar sobre as potenciais consequências das alterações climáticas para as terras costeiras, o levantamento revela que, caso a temperatura média global continue aumentando no ritmo atual, as inundações se tornarão cada vez mais frequentes, atingindo uma área cada vez maior, onde vivem hoje cerca de 14 milhões de pessoas.

Os responsáveis pelo estudo citam, como exemplo, a cidade do Rio de Janeiro entre os que correm o risco de ver submergir até 5% de seu território. Em três cenários (baixa emissão de gases de efeito estufa; emissão intermediária e emissão muito alta), o município enfrentaria uma elevação do nível do mar da ordem de 19,13cm, 20,93cm e 23,84cm, respectivamente.

Já na cidade de Santos, no litoral paulista, ao fazer a avaliação dos mesmos três possíveis cenários, a plataforma projeta que o nível do mar, na região do maior porto da América Latina, subirá, respectivamente, 22.84 cm, 24.64 cm e 27.74 cm até 2059.

Risco de inundações

Desenvolvido conjuntamente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pelo Laboratório de Impacto Climático (CIL), o aplicativo reúne uma série de informações que permitem perceber os possíveis impactos das alterações climáticas em mais de 24 mil regiões do mundo.

“Centenas de cidades altamente povoadas enfrentarão um risco acrescido de inundações até meados do século. Isto inclui terras que abrigam cerca de 5% da população de cidades costeiras como Santos, no Brasil; Cotonou, no Benin, e Calcutá, na Índia”, informa o estudo.

Ainda de acordo com o levantamento, “muitas regiões baixas ao longo das costas da América Latina, África e Sudeste Asiático podem enfrentar uma grave ameaça de inundação permanente, parte de uma tendência alarmante com potencial para desencadear uma reversão no desenvolvimento humano nas comunidades costeiras em todo o mundo”.

A Human Climate Horizons lembra que as emissões de gases de efeito estufa decorrentes da atividade humana contribuem para elevar a temperatura média do planeta. E que o aquecimento global, por sua vez, acelera o derretimento de camadas de gelo e glaciares, resultando em um maior volume d´água e, consequentemente, no aumento da superfície dos oceanos. O fenômeno fez com que a extensão das inundações costeiras tenham aumentado nos últimos 20 anos.

A organização divulgou os novos dados “hiperlocais” dias antes do início da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), evento que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes, de 30 de novembro a 12 de dezembro.

Brasil deve reduzir suas emissões de GEE em 48% até 2025

Durante a COP28, representantes de governos, empresas e da sociedade civil devem fazer um balanço da implementação do Acordo de Paris, estabelecido na COP21, em 2015, quando cada país signatário estabeleceu metas próprias de redução de emissão de gases de efeito estufa, denominada Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês).

A NDC brasileira, atualizada em 2023, estabelece que o Brasil deve reduzir as próprias emissões em 48% até 2025 e 53% até 2030, em relação às emissões de 2005.

Além disso, em 2023, o Brasil reiterou compromisso de alcançar emissões líquidas neutras até 2050. Ou seja, tudo que o país ainda emitir deverá ser compensado com fontes de captura de carbono, como plantio de florestas, recuperação de biomas ou outras tecnologias.

Após o balanço na COP28, a principal expectativa da COP29 é definir novo patamar para financiar a ação climática e, depois disso, na COP 30, que ocorrerá no Brasil, o esperado é que os países apresentem suas novas NDCs.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá participar nos dias 1 e 2 de dezembro, durante a reunião de cúpula com 140 chefes de Estado e de governo. O Brasil terá uma delegação com cerca de 1,5 mil participantes da sociedade civil, de empresas privadas, do Congresso Nacional, de governos estaduais e do governo federal.

Da Agência Brasil, com Redação

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