O Rio de Janeiro ganhou neste sábado, 1º de julho, o maior banco de leite humano da rede municipal de saúde. Fica no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, no bairro de Bangu, zona oeste carioca, e tem capacidade para armazenar cerca de 2 mil litros de leite humano. O objetivo é incentivar que as crianças sejam nutridas com leite humano in natura.
A nova unidade vai processar o leite doado por mães lactantes na própria maternidade para quem está na UTI neonatal e também para as crianças que recebem alta e que não conseguem amamentar em casa. A expectativa é atender, aproximadamente, 100 crianças por mês e também suprir a demanda de outras maternidades.
Tamara Faustino Guimarães, de 27 anos, mãe do pequeno Tito, que nasceu prematuro no dia 20 de maio e está internado na UTI, elogiou as novas instalações e a importância do banco. “Por ser mãe e não ter a quantidade suficiente de leite para suprir meu bebê, o banco de leite vai conseguir nutrir meu filho da maneira mais adequada”.
O banco de leite atenderá, inicialmente, os bebês internados no Complexo Neonatal da unidade. A implantação dos serviços será feita de forma gradual, passando gradativamente a atender também a demanda externa, dos bebês internados em outras maternidades da rede.
Para os recém-nascidos que necessitem do uso de fórmula láctea, a unidade contará com um novo lactário, com produção própria, que irá gerar economicidade e terá melhor rigor de qualidade desse leite ofertado aos bebês. O setor terá salas da coordenação de nutrição, de preparo, fracionamento e distribuição.
Importância do leite materno para reduzir mortalidade infantil
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, diz que um dos nossos maiores desafios na saúde pública é conseguir fazer com que as crianças tenham uma alimentação natural e saudável. “O leite humano é essencial para isso, pois é considerado o principal fator de redução da mortalidade na infância”, afirma.
Tamara reconhece a importância do leite materno .”Eu sei que a fórmula ajuda, mas sabemos que o leite materno é muito superior em qualidade, em nutrientes. Então, acho que o leite materno vai conseguir ajudar muito mais meu filho, assim como outras crianças”.
Ambiente acolhedor para as mães na hora da amamentação
A unidade conta ainda com uma sala de apoio à amamentação, durante 24 horas por dia. Com ambientação e identidade visual do Cegonha Carioca, o espaço quer oferecer um ambiente humanizado e acolhedor para as mães.
Shaiene da Silva Gomes, de 34 anos, mãe de Shawan Junior, nascido há dois dias, o banco de leite ajuda também as mães com orientação. “Muitas das vezes, temos dificuldade de amamentar e aqui somos instruídas para isso. O banco de leite é fundamental porque existem mães que não têm condições de amamentar e aqui elas são ajudadas. Mães são acolhidas quando se sentem inferiores por não terem o leite, por não saberem como trabalhar para produzirem o leite”, declarou.
Também conta com consultório de atendimento médico específico para os bebês e doadoras, uma recepção de acolhimento e triagem, além de cinco salas: de extração de leite manual e com bomba elétrica, de higienização, de processamento, de estocagem e de distribuição.
Hospital da Mulher realiza média de 300 partos por mês
O Hospital da Mulher Mariska Ribeiro realiza cerca de 1.650 atendimentos na emergência, 300 partos por mês e 5 mil consultas ambulatoriais. Em 2022, a UTI neonatal da unidade atendeu 459 bebês, estando entre as maternidades da rede que mais oferecem vagas para os recém-nascidos de risco.
Muitos desses bebês dependem do leite humano doado. Para a instalação do banco de leite, o local recebeu um investimento de aproximadamente R$ 840 mil em obras estruturais e R$ 500 mil em equipamentos, materiais e mobiliário.
Toda mãe saudável que esteja amamentando pode doar leite
O banco de leite tem a função de armazenar e ofertar leite humano ordenhado pasteurizado (LHOP) aos recém-nascidos internados em UTI neonatal, que por algum motivo não podem ser alimentados pelas próprias mães, além de atendimento para apoio e orientação para o aleitamento materno.
Toda lactante saudável que esteja com boa produção de leite e amamentando seu próprio filho está apta a doar. O leite passa por um processo de qualidade e segurança antes de ser oferecido aos bebês prematuros (nascidos com menos de 37 semanas de vida intrauterina) e recém-nascidos com baixo peso (menos de 2.500 gramas ao nascimento, independentemente da idade gestacional).
Tamara também elogia a atitude das mães que doam o leite excedente. “Acho também uma atitude muito bonita das mães que fazem as doações, a questão de apoiar outras mamães. Vou continuar fazendo os estímulos para conseguir ter leite para o meu bebê e também para ser uma possível doadora”, afirma.