Os jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, anunciaram neste sábado (29/1) que a pequena Lua, de apenas um aninho, foi diagnosticada com retinoblastoma, um tipo de câncer nos olhos considerado o terceiro mais comum entre crianças com até três anos de vida. Em pouco tempo, o anúncio do casal mobilizou as redes sociais e acendeu um alerta para o diagnóstico precoce, considerado fundamental para o tratamento da doença que pode levar à cegueira pela perda do globo ocular ou até mesmo à morte.
A menina foi diagnosticada com grau E, o mais elevado desse tipo de lesão. “O Tiago começou a perceber um movimento estranho no olhinho da Lua. Um movimento irregular”, disse Daiana. “Ela olhava meio de lado, às vezes”, contou o apresentador no Instagram. A mãe de Lua resolveu levar a menina ao médico logo após notar um reflexo branco no olho dela, “como um olho de gato”. Segundo Leifert, o tratamento da filha, com quimioterapia, já dura quatro meses.
São cerca de 400 novos casos anualmente, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). De acordo com o Hospital do GRAACC, referência no tratamento do retinoblastoma, este é o tumor maligno intraocular mais frequente entre crianças, sendo os dois anos, a idade mediana de diagnóstico. A doença aparece em crianças pequenas, entre os 8 meses aos 5 anos de idade, sendo 90% até os 4 anos. Raramente é diagnosticado em crianças com idade acima de 6 anos.
O tumor se desenvolve na retina, localizada na parte posterior de olho, e pode afetar um ou os dois olhos – o que foi o caso de Lua. Em alguns casos, o tumor também afeta a glândula pineal. A boa notícia é que, se detectado em estágio inicial, as chances de cura chegam a 90%. Mas o número de crianças identificadas tardiamente com o problema, quando a doença já está em um estágio avançado, ainda é muito alto no país – cerca de 50% – , o que reduz as chances de tratamento e cura do tumor.
“O mais importante sobre o retinoblastoma é que o diagnóstico precoce é fundamental para um melhor desfecho clínico. Isso quer dizer que quanto antes iniciarmos o tratamento, menos agressivo será”, confirma a oftalmopediatra Marcela Barreira, especialista em estrabismo e neuroftalmologista.
Simples fotografia pode revelar o problema
“Em algumas fotos, podemos ver um reflexo vermelho, que é exatamente como deve ser nos olhos saudáveis. Quando esse reflexo muda de cor, para tons de branco ou amarelado, é um sinal de alerta e o oftalmologista infantil deve ser procurado com urgência”, ressalta Marcela.
O tumor maligno tem origem genética, ou seja, é causado por uma mutação nas células da retina. De caráter hereditário ou não, ocorre em um gene no cromossomo 13.
“Foi um dos primeiros tumores em que se encontrou essa base genética. Essa mutação leva a um crescimento desordenado das células da retina. Lembrando que a retina é a porção do olho que recebe a imagem e a envia para o nervo óptico, que por sua vez a envia para o cérebro. Portanto, a retina é uma estrutura de suma importância para a visão”, explica.
Teste do olhinho e exame de fundo de olho
Fique atento aos principais problemas
Reflexo branco na pupila: Popularmente conhecido como reflexo do olho de gato, pode ser percebido quando o olho da criança aparece com um brilho branco diferente em fotos tiradas com flash e, também, por meio de um exame oftalmológico.
“Infelizmente, alguns casos necessitam de remoção cirúrgica do tumor que inclui a retirada, inclusive, do globo ocular. Naturalmente, é a última alternativa, mas dependendo do grau de acometimento é a única opção”, diz Dra. Marcela. Por isso, ressalta a especialista, o diagnóstico precoce é a principal ferramenta para tratar o retinoblastoma sem que o tumor se espalhe para outras regiões ou cresça a ponto de afetar o globo ocular. “Por isso, levar o bebê em seu primeiro ano de vida ao oftalmopediatra é tão importante”, finaliza a médica.
Técnica parecida com cateterismo cardíaco
O procedimento tem certa semelhança com o cateterismo cardíaco. Com instrumentos de ponta, o medicamento é injetado diretamente na artéria oftálmica. A técnica visa a preservar a visão, outros órgãos e oferece menos efeitos adversos ao paciente e possibilita salvar o olho da criança, além de sua visão.
“Em conjunto com outras técnicas de tratamento, conseguimos reduzir a necessidade de enucleação, que é a retirada do globo ocular da criança. Como em todo tipo de câncer, quanto mais cedo for descoberto, maiores são as chances de cura. Mas, de maneira geral, são realizadas de 3 a 5 aplicações da quimioterapia intra-arterial para a remissão completa do tumor, sem sequelas graves ao paciente”, explica Dra. Carla Macedo.