Por meio das redes sociais, a Família Real comunicou nesta segunda-feira (5) que o Rei Charles III, de 75 anos, foi diagnosticado com câncer. Recentemente, ele foi internado para tratar um crescimento benigno da próstata, mas o Palácio de Buckingham confirmou que, durante a permanência no hospital de Londres, foi descoberto um outro tipo de tumor maligno, mas que não se trata de câncer de próstata.
O comunicado diz ainda que “hoje foi iniciado um cronograma de tratamentos regulares” e que, apesar de adiar suas tarefas de atendimento ao público, por recomendações médicas, o monarca continua cuidando dos negócios do Estado e da documentação oficial, como habitual. Até o momento, o tipo de tumor e o estágio da doença ainda não foram divulgados.
O anúncio relativo à saúde do monarca inglês vem acompanhado de um importante alerta trazido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em seu mais recente relatório, divulgado no início deste mês, às vésperas do Dia Mundial do Câncer, celebrado neste domingo (4). Cerca de 20 milhões de pessoas foram diagnosticadas com câncer em 2022 e a expectativa é de que esse número ultrapasse os 35 milhões de novos casos em 2050.
Além disso, cerca 53,5 milhões de pessoas atualmente estão vivendo com a doença em todo o mundo, considerando uma prevalência de cinco anos da doença, sendo que 1,6 milhão delas está no Brasil – um número que, conforme as perspectivas da OMS, seguirá crescendo.
As projeções indicam uma tendência de elevação dos índices mundiais de detecção do câncer, chegando ao patamar médio de aumento de 77% em 2050 quando comparado ao cenário registrado em 2022, com 20 milhões de novos casos da doença. Isso significa que, nas próximas décadas, uma a cada cinco pessoas terá câncer em alguma fase da vida.
‘Há um desafio médico, mas também social no combate ao câncer’
“O câncer continua a ser um dos principais desafios para a saúde, já que a tendência é de aumento de casos nos próximos anos”, afirma Carlos Gil Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) e do Instituto Oncoclínicas e diretor médico da Oncoclínicas.
Segundo o oncologista, o câncer é uma doença multifatorial e que pode ter diversas causas. Porém, sabe-se que o envelhecimento está diretamente associado a diversos tipos de tumores e, com o aumento da expectativa de vida da população em geral, os casos também tendem a crescer. Fatores ambientais, como estilo de vida, além de algumas mutações genéticas hereditárias em casos mais raros, também influenciam no aparecimento da doença.
Segundo ele, medidas de prevenção precisam ser reforçadas e elas incluem os fatores ambientais, como sedentarismo, redução de tabagismo, obesidade, alimentação e prática de exercícios físicos, e também rastreamento genético. Políticas que promovam exames regulares para detecção precoce de tumores são fundamentais para as chances de sobrevivência das pessoas.
“Os avanços em tratamentos e inovações acontecem o tempo todo e hoje temos muito mais opções de drogas e procedimentos menos invasivos, que melhoram a qualidade de vida dos pacientes. O grande desafio é que tudo isso, tanto os tratamentos como exames preventivos, cheguem com equidade às pessoas. Há um desafio médico, mas também social no combate ao câncer”, afirma.
Carlos Gil ainda destaca a importância do acompanhamento médico periódico e realização de exames de rotina para detecção precoce do câncer, fatores que, aliados às novas frentes avançadas de tratamento da doença, são a chave para que os índices de incidência não levem também ao aumento das taxas de letalidade.
“Precisamos estimular a conscientização da população em geral sobre a detecção precoce de tumores. Quanto mais cedo descoberta a doença, melhor o prognóstico, com resultados positivos às terapias e maiores chances de cura”, sintetiza.
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Rei Charles passou por cirurgia na próstata
O monarca foi submetido a um procedimento corretivo para o aumento da próstata no último dia 26 de janeiro. O monarca passou três dias no hospital, quando foi detectado o câncer, durante uma série de exames.
O Palácio de Buckingham não divulgou detalhes do tratamento, mas afirmou que o monarca é acompanhado por uma equipe de especialistas. Não se sabe ainda se Charles é tratado pelo sistema público de saúde britânico — o NHS, que é referência na Europa — ou em um hospital da rede privada.
De acordo com a Família Real, o Rei Charles decidiu divulgar seu estado de saúde para evitar especulações e também conscientizar a população sobre a situação das pessoas que sofrem de câncer.
O rei retornou nesta segunda-feira (5) a Londres, depois de uma viagem a Sandringham, e deve permanecer na capital britânica neste período. Ele foi visto pela primeira vez desde que deixou o hospital no domingo (4). Ao lado da rainha Camilla, acenou para o público enquanto se dirigia à Igreja de Santa Maria Madalena, para um culto religioso.
Monarco se afastará da vida pública durante o tratamento
Segundo o Palácio de Buckingham, o rei Charles se afastará da vida pública durante o período de tratamento. “Sua Majestade iniciou hoje um cronograma de tratamentos regulares, durante o qual foi aconselhado pelos médicos a adiar as tarefas de atendimento ao público”, disse o palácio.
No entanto, ele vai continuar como chefe de Estado, mantendo reuniões privadas e despachando com autoridades quando necessário. “Ao longo deste período, Sua Majestade continuará a realizar os negócios do Estado e a documentação oficial como de costume”, acrescentou o comunicado.
“Ele permanece totalmente positivo em relação ao seu tratamento e espera retornar ao serviço público o mais rápido possível”, afirmou o Palácio de Buckingham, informando que não divulgará diariamente o estado de saúde do rei, como uma forma de preservar sua privacidade.
Panorama global do câncer
- Em 2022, 10 tipos de câncer representaram dois terços dos novos casos e dos 9 milhões de óbitos decorrentes da doença.
- O de pulmão foi o mais comum em todo mundo, com 2,5 milhões de diagnósticos (12,4% do total)
- Em seguida vêm câncer de mama feminino (2,3 milhões, ou 11,6%), colorretal (1,9 milhão, 9,6%), próstata (1,5 milhão, 7,3%) e estômago (970 mil, 4,9%).
- Globalmente, tumores de pulmão (18,7%), colorretal (9,3%) e fígado (7,8%) foram as principais causas de óbito pela doença.
- No Brasil, dos 1.634.441 pacientes oncológicos em 2022 — incluindo os novos casos e aqueles diagnosticados em cinco anos —, 278.835 morreram, principalmente de tumores de pulmão, mama feminino e colorretal.
- As três maiores incidências foram próstata (102.519), mama feminino (94.728) e colorretal (60.118).
- O risco de desenvolver qualquer tipo de câncer no país antes dos 75 anos foi de 21,5%, sendo maior (24,3%) entre os homens.
- Considerando a previsão de novos casos em 2050, o Brasil deve registrar 1,15 milhão de novos casos, um aumento de 83,5% em comparação a 2022.
- As mortes por câncer também devem ter um aumento considerável: 554 mil, 98,6% a mais do que o atual volume registrado de óbitos pela doença no país.
Confira a seguir os principais dados do GLOBOCAN 2022:
Mundo:
- Número de novos casos de câncer: 19.965.054
- Número de mortes: 9.736.520
- Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 53.490.304
- Top 3 por incidência:Pulmão, Mama e Colorretal
- Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Fígado
- Número de novos casos previstos para 2050: 35 milhões
Brasil:
- Número de novos casos de câncer: 627.193
- Número de mortes: 278.835
- Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 1.634.441
- Top 3 por incidência: Próstata, Mama e Colorretal
- Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Mama
- Com informações da Oncoclínicas e CNN Internacional