A perda de peso repentina e os engasgos constantes começaram a chamar a atenção do Edmilson Tenório Irmão, que decidiu procurar um médico e investigar os sintomas. Ao fazer uma endoscopia, o médico diagnosticou um tumor no esôfago. “Quando eu ouvi o médico dando o diagnóstico, o chão fez um buraco e eu fiquei muito assustado”, conta o paciente de 49 anos.

Edmilson faz parte do universo de 11 mil pessoas que são diagnosticadas anualmente com câncer no esôfago no Brasil. O tumor é o quinto mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres. No caso dele, foi preciso dar início às sessões de quimioterapia, para reduzir o tumor, para que, então, pudesse ser operado. Edmilson trata a doença há quase 1 ano. Nesse período, já passou por sessões de quimioterapia, cirurgia para a retirada do tumor e uma recente, para o alargamento da garganta.

O paciente segue confiante no tratamento e nos novos hábitos que ele já está incorporando ao seu dia a dia. “Assim que eu estiver totalmente liberado, vou começar a me exercitar e manter uma alimentação ainda mais saudável. Além, claro, de manter o acompanhamento médico. É o que eu posso fazer por mim”, conclui Edmilson.

O câncer de esôfago tem cerca de 11 mil novos casos a cada ano e já atingiu personalidades como a apresentadora de TV transexual Mamma Bruschetta, que teve tumor retirado em cirurgia em 2019. O Abril Azul-Claro busca conscientizar as pessoas sobre a prevenção e o diagnóstico desse tipo de tumor, que tem entre os principais fatores de risco, o tabagismo, o refluxo gastroesofágico e o esôfago de Barrett, associados a hábitos de vida.

“O fumo, o consumo de bebidas alcoólicas com muita frequência, a obesidade e a infecção pelo HPV podem influenciar no desenvolvimento desse câncer”, diz Clóvis Klock, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), especialidade que faz diagnóstico de doenças como o câncer.

esôfago é um tubo muscular oco, com cerca de 25 cm de comprimento, localizado entre a traqueia e a coluna vertebral, ligando a garganta ao estômago para transportar os alimentos. O esfíncter, um músculo localizado na porção final do esôfago, controla a passagem dos alimentos e líquidos e também impede o retorno do ácido estomacal e das enzimas digestivas por esse tubo.

Em geral, o câncer de esôfago ocorre em pessoas acima de 50 anos, sendo mais prevalente em homens. Os dois principais tipos desse câncer são o carcinoma de células escamosas e o adenocarcinoma.

“A existência do refluxo gastroesofágico pode provocar o chamado esôfago de Barrett, uma lesão considerada pré-cancerosa que acomete principalmente pessoas obesas e com histórico de refluxo gastroesofágico durante muito tempo”, explica o Dr. Klock.

A incidência do câncer de esôfago varia ao longo dos estados. Para cada 100 mil habitantes, estima-se 3,07 casos em São Paulo, 2,63 casos no Rio de Janeiro, 6,05 casos no Rio Grande do Sul, 6,19 casos em Minas Gerais e 4,85 casos no Ceará. Essas estimativas, referentes a 2023, são disponibilizadas pelo Inca.

Dois tipos de câncer de esôfago

O câncer de esôfago pode ser identificado em dois tipos: carcinoma escamoso e adenocarcinoma, sendo bastante relacionados ao estilo de vida das pessoas, como o consumo de bebidas muito quentes, uso de álcool e o tabagismo, responsável por 25% dos casos. Já o adenocarcinoma, está relacionado à obesidade, dieta com poucos vegetais e ao refluxo.

“Esse segundo tipo vem aumentando bastante entre a população e, infelizmente, já podemos relacionar ao estilo de vida moderno. Embora não haja um exame específico para o rastreio, os sintomas, que costumam ser persistentes, podem ajudar a identificar o câncer de esôfago de forma precoce”, alerta Rafael Luís, oncologista do Grupo SOnHe.

Segundo o oncologista, quando o tumor é descoberto no início, as chances de cura são muito altas. “Sintomas como dificuldade ou dor para engolir os alimentos, dor no peito, vômito e perda de peso repentina precisam ser investigados com urgência”, alerta Rafael. Nesse caso, o recomendado é fazer a endoscopia digestiva alta com biópsia.

O câncer de esôfago é responsável pela morte de 8 mil pessoas por ano no Brasil, sendo 80% homens. Por isso, a prevenção é importante e está diretamente relacionada à adoção de hábito saudáveis de vida, evitando o consumo de álcool e cigarro, além do consumo excessivo de bebidas quentes, como café e chimarrão.

Manter uma rotina de exercícios físicos e eliminar o sobrepeso também são medidas necessárias. “Também é muito importante que o paciente que apresente refluxo gastroesofágico faça o tratamento adequado da doença”, reforça o oncologista.

Sintomas 

Nos estágios iniciais, o câncer de esôfago não manifesta sintomas. Mas, é importante estar atento a manifestações como: dificuldade de engolir alimentos sólidos e líquidos, desconforto na região do peito, sensação de queimação, indigestão, náuseas, rouquidão, tosse persistente e perda de peso sem motivo aparente.

A investigação diagnóstica se inicia com exames como a endoscopia ou a tomografia e, caso sejam identificadas lesões no esôfago, realiza-se uma biópsia, que consiste na retirada de um pequeno fragmento. A análise das células da lesão é realizada pelo médico patologista, que emite o laudo anatomopatológico com o diagnóstico. “E, se detectado o tumor, esse laudo trará as características do câncer, para que possa ser definido o melhor tratamento”, diz o Dr. Klock.

Prevenção e Tratamento 

A melhor prevenção é não fumar, eliminar o uso excessivo de bebidas alcoólicas, incluir na dieta diária a ingestão de frutas e vegetais, além de fazer atividade física e controlar o peso.

Após feito o diagnóstico e a definição do estágio do câncer de esôfago, várias modalidades de tratamentos podem ser empregadas, de forma combinada ou isolada, como a cirurgia, a radioterapia e tratamentos sistêmicos como quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia.

Anvisa aprova nova medicação para tratar esofagite

Embora não haja dados oficiais sobre a prevalência da esofagite eosinofílica em território nacional, um estudo global recente identificou que a doença acomete entre 50 a 100 pessoas a cada 100 mil no mundo, com curva crescente da prevalência. No Brasil, surge uma nova esperança no tratamento. No início deste mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvia) expandiu a aprovação de um novo medicamento para tratar essa condição em adultos e adolescentes com 12 anos ou mais, pesando pelo menos 40 kg.

“A esofagite eosinofílica é uma doença difícil de diagnosticar e que tem grande impacto na qualidade de vida, já que causa problemas na alimentação do paciente como vômitos, dores abdominais, disfagia e, em casos mais graves, estenose com quadros de impactação alimentar — quando o alimento fica preso no esôfago, sendo necessária muitas vezes a intervenção endoscópica”,  afirma a imunologista Ariana Yang, coordenadora dos ambulatórios de Alergia Alimentar, Esofagite Eosinofílica e Dermatite Atópica do Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do HC — FMUSP.

Médica assistente do Serviço de Alergia e Imunologia da Unicamp e diretora na ASBAI- Regional SP, ela afirma que a nova medicação “representa uma esperança para esses pacientes, que até hoje contavam apenas com tratamentos para manejar os sintomas da doença e não para tratar a causa do problema, a inflamação do tipo 2.” Com a aprovação, Dupixent® é o primeiro e único medicamento biológico indicado para tratar EEo no Brasil.

O medicamento já era aprovado para as indicações de dermatite atópica, asma, rinossinusite crônica com pólipos nasais e prurigo nodular, e segue atualmente aprovado para uma ou mais dessas indicações em mais de 60 países, incluindo Europa, Estados Unidos e Japão. Mais de 500 mil pacientes foram tratados com Dupixent® globalmente.

Pacientes com Dupixent® apresentaram resultados aproximadamente 10 vezes maior na remissão histológica da doença (60% e 59%), redução de 68% e 62% nos sintomas de disfagia em comparação com 27% e 38% com placebo, com melhora da deglutição observada a partir de quatro semanas; melhora 8 vezes maior nos achados endoscópicos  em comparação com o placebo e melhora significativa na dor relacionada à deglutição e na qualidade de vida dos pacientes em tratamento com Dupixent®.8

Dupixent® é um anticorpo monoclonal totalmente humano disponível como injeção subcutânea em seringa pré-preenchida nas doses de 300 mg e 200 mg. No Brasil, é administrado na dose de 300 mg semanalmente para pacientes com 12 anos ou mais, pesando pelo menos 40 kg e que têm EEo ativa.

A fabricante alerta que a medicação não é um imunossupressor e deve ser utilizado sob orientação de um profissional de saúde, administrado em clínicas, consultórios médicos ou em casa por auto-administração após treinamento adequado. Os eventos adversos mais comuns em todas as indicações incluem reações no local da injeção, conjuntivite, conjuntivite alérgica, artralgia, herpes oral e eosinofilia. O perfil de segurança em 52 semanas foi consistente com o observado em 24 semanas.

Com Assessorias

Leia mais

Altamente letal, câncer de esôfago atinge mais os homens
Brasil terá mais 237 mil casos novos de câncer em 3 anos
Três a cada 10 brasileiros sofrem de problemas intestinais
Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *