Em seu primeiro discurso como ministro da Saúde, Alexandre Padilha reiterou a “obsessão em reduzir o tempo de espera e ampliar o acesso ao atendimento especializado no Brasil”. Em cerimônia de posse no Palácio do Planalto, o ministro afirmou: “Essa não será apenas uma prioridade – será nossa agenda diária de trabalho”. Ele disse que aprendeu com o presidente Lula que “diante da dificuldade, a gente teima. Teima, insiste, vai lá e faz”.
Deputado federal reeleito pelo PT de São Paulo, Alexandre Padilha é médico infectologista pela USP, PHD em Saúde Pública pela Unicamp e professor universitário. Foi ministroda Saúde no governo de Dilma Rousseff (2011-2014) e ministro das Relações Institucionais no atual governo. Também assumiu as mesmas pastas durante a gestão de Fernando Haddad (2015-2016) na Prefeitura de São Paulo.
Não há solução mágica para um problema que se arrasta há décadas e se agravou com a pandemia e o descaso do governo anterior. Não se trata de uma doença aguda para a qual já exista um remédio imediato. Como dizemos na medicina, não é algo que possamos resolver apenas aliviando a febre e a dor momentaneamente”, disse.
“Não podemos aceitar que um entregador fique sem trabalhar e sustentar sua família por falta de um exame acessível em um horário viável. Vamos lutar, porque é desumano que uma família inteira sofra noites de angústia esperando a realização de uma biópsia, quando sabemos que o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura do câncer”, acrescentou, reiterando o compromisso de colocar esse desafio histórico no centro das ações do Ministério da Saúde.
Segundo Padilha, “como em qualquer serviço de saúde de urgência, nosso compromisso será de 24 horas por dia, de segunda a segunda, para reduzir o tempo de espera e garantir um atendimento especializado digno para todos os brasileiros”.
Enfrentamento do negacionismo
Padilha ressaltou a importância do SUS como um pilar fundamental da sociedade brasileira e se comprometeu a defendê-lo de ataques e retrocessos. “Negacionistas, vocês têm as mãos sujas com o sangue de todos aqueles que partiram na pandemia. Este governo não permitirá que a perversidade de vocês gere indiferença e desprezo à vida das nossas crianças e famílias brasileiras”, afirmou, referindo-se ao impacto das políticas negacionistas na crise sanitária da covid-19.
O novo ministro também destacou que sua gestão será pautada pelo fortalecimento das campanhas de vacinação, pelo enfrentamento de doenças tropicais como a dengue e a malária e pela busca de novas tecnologias para aprimorar o atendimento no SUS.
Assista ao evento da posse do novo ministro
Novo modelo de remuneração no SUS
Entre os desafios assumidos pelo novo ministro também está a criação de um novo modelo de financiamento para os serviços de saúde. Alexandre Padilha anunciou que sua equipe trabalhará para encerrar a atual tabela SUS, propondo um sistema de remuneração mais eficiente para estados, municípios e hospitais que garantirem atendimento mais rápido e de qualidade.
“Teremos coragem e ousadia para superar esse modelo e criar uma política que valorize quem atende no tempo certo. Não há solução mágica, mas há determinação. Vamos enfrentar e vencer esse desafio”, destacou.
Valorização dos profissionais da Saúde e compromisso com a ciência
Padilha reforçou que a saúde pública precisa de trabalhadores qualificados e valorizados para garantir um atendimento eficiente. Ele garantiu que o Ministério da Saúde será parceiro de universidades e centros de formação, priorizando a qualidade da formação de médicos e demais profissionais da saúde.
Além disso, reafirmou o compromisso com a ciência e a cooperação com instituições internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). “Aqui vocês têm um ministro e um presidente da República que dizem sim à OMS, sim às campanhas de vacinação e sim ao fortalecimento do SUS”, declarou.
SUS como vetor de desenvolvimento e inovação
O novo ministro destacou, ainda, o papel do SUS na produção científica e no desenvolvimento tecnológico do Brasil, citando como exemplo a recente produção da vacina 100% nacional contra a dengue pelo Instituto Butantan, fruto de uma transferência de tecnologia que garante mais autonomia ao país na produção de imunizantes.
“A saúde tem o potencial de ser um catalisador de inovação e desenvolvimento, gerando emprego, renda e conhecimento para o Brasil. O SUS não é apenas um direito do povo, é também um motor de progresso para o país”, afirmou.
Desafios da nova gestão
Padilha encerrou seu discurso reafirmando que o governo não medirá esforços para melhorar a saúde pública no Brasil. Ele destacou que a experiência como ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff e como secretário de Saúde de São Paulo o preparou para enfrentar os desafios da pasta.
“Sei que não será fácil, mas quem aprendeu com Lula sabe que, diante de uma dificuldade, a gente teima, vai lá e faz. Quem ama o povo brasileiro, como o presidente Lula ama, nunca vai deixar de lutar por um SUS mais forte, mais ágil e mais humano”, observou.
Reconstrução da saúde e legado de Nísia Trindade
A posse de Alexandre Padilha marca a transição da gestão de Nísia Trindade, que conduziu o Ministério da Saúde desde 2023, no início do terceiro governo Lula, e foi responsável pela reconstrução de políticas públicas essenciais, como a retomada da cobertura vacinal, a ampliação do Farmácia Popular e o combate à desinformação sobre vacinas.
“Nísia, o Brasil agradece a você e à sua equipe pela reconstrução do Ministério da Saúde depois de anos sombrios. Você substituiu o negacionismo pelo compromisso com a saúde pública e com a ciência”, concluiu Padilha.
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Em primeira agenda como ministro, Padilha recebe entidades médicas
A primeira atividade de trabalho do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi uma reunião com entidades representativas da sociedade médica: Conselho Federal de Medicina (CFM), Federação Médica Brasileira (FMB), Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Associação Médica Brasileira (AMB) e Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM). Padilha tomou posse nesta segunda-feira (10), em cerimônia no Palácio do Planalto, onde reiterou a obsessão em reduzir o tempo de espera por atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Na reunião com as entidades médicas, Padilha voltou a afirmar que não é possível reduzir a espera para acesso a tratamentos especializados no país sem dialogar com os médicos. “Por isso chamamos as entidades médicas aqui, para envolvê-las nesse esforço e nessa obsessão. Muito já foi feito pela gestão da ministra Nísia, mas podemos acelerar ainda mais e ampliar essas possibilidades, usando toda a estrutura e a força de trabalho do Brasil para reduzir o tempo de espera por atendimento”, detalhou.
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Hiran Gallo, manifestou a importância do ministro Padilha, na primeira hora de trabalho, chamar as entidades médicas para dialogar. “Sinal de que o ministro quer uma saúde de qualidade para a população brasileira e o CFM está disposto a essa ajuda. Nós construímos pontes para o futuro, jamais iremos construir muros”, afirmou.
Nesse sentido, o presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Fernando Mendonça, disse que ouvir é o mais importante. “Precisamos mediar a qualidade para a assistência à saúde da população e, para isso, precisamos ouvir os pares que fazem essa assistência acontecer. Os profissionais médicos são parte importante disso, então queremos participar, levando qualidade para a população, sempre com respeito ao profissional”, ponderou.
Lúcia Santos, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), defendeu que saúde é um serviço essencial e todo brasileiro clama por isso. “Hoje, na posse, o ministro Padilha disse que a qualidade é mais importante que a quantidade. Discutir a pauta da medicina – que se confunde com a pauta da saúde – é extremamente prazeroso, pois sabemos que vamos avançar nas questões da medicina e da saúde”, disse, afirmando estar esperançosa e aberta ao diálogo, para construir coletivamente uma saúde que o brasileiro merece.
Para César Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), o convite para a primeira reunião no Ministério da Saúde foi uma “delicadeza com as entidades médicas, o que mostra que o ministro Padilha realmente quer ter uma boa interlocução conosco. Ele quis nos ouvir e dissemos a ele que precisamos ser transparentes na discussão de encaminhamentos para a saúde no Brasil, buscando convergência no que é possível”, defendeu.
O diretor-presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), Sandro Schreiber, também presente na reunião, acrescentou ao debate que o encontro com o ministro Padilha “simbolizou a relevância para a formação médica e a atuação da medicina no Brasil. A ABEM está pronta para contribuir com as políticas que fortaleçam a qualidade da formação médica no país”, disse. “Esse é o caminho que aponta essa reunião e queremos construir juntos”, concluiu.
Fonte: Ministério da Saúde (atualizado em 11 de março de 2025)