A vacinação está presente durante toda a vida da pessoa; do nascimento a vida adulta, sendo de extrema importância para os idosos. Para se ter ideia, o País concentra atualmente uma população de mais de 32 milhões de pessoas acima dos 60 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a vacina previne doenças comuns nessa etapa da vida, como pneumonia e a influenza.
A vacinação já é uma prática mais do que consolidada entre as crianças no Brasil. Mas muitas pessoas ainda se esquecem que o calendário vacinal contempla todas as faixas etárias, inclusive, os idosos. Assim como outros hábitos saudáveis, como a alimentação balanceada, a prática de atividades físicas e o sono regular, a imunização na terceira idade está diretamente ligada à qualidade de vida e é recomendada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Neste mês, em que se celebra o Dia Internacional do Idoso, em 1º de outubro, é importante falar sobre as medidas de prevenção de doenças que estão diretamente ligadas ao envelhecimento. Com o avanço da idade, o sistema imunológico se torna mais suscetível a doenças e complicações, e a vacinação se torna ainda mais crucial nessa fase da vida.
“Conforme envelhecemos, o corpo passa por um processo chamado imunossenescência, que é o enfraquecimento gradual do sistema imunológico. Isso nos torna mais suscetíveis a diversas doenças, que podem se tornar graves, pois dispomos de menos recursos para combater agentes infecciosos. Então, um simples resfriado pode evoluir para uma pneumonia com mais facilidade. Com a vacinação, nosso organismo cria anticorpos e faz com que estas doenças sejam menos invasivas”, explica a infectologista Lessandra Michelin, gerente médica da GSK.
É indispensável consultar um médico para saber quais vacinas são recomendadas, já que a indicação deve estar relacionada ao histórico de saúde, à presença de comorbidades e às circunstâncias clínicas que alteram a imunidade de cada paciente.
SUS oferece seis vacinas para idosos gratuitamente
Atualmente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, oferece gratuitamente no SUS diversas vacinas para a terceira idade, como influenza, difteria e tétano (dT), hepatite B, febre amarela e Covid-19. A recomendação vacinal leva em conta a idade do indivíduo, seu histórico vacinal e presença de comorbidades, entre outros fatores.
Complementando o calendário do PNI, também estão disponíveis para os idosos na rede particular imunizantes contra pneumonia (VPC13, VPC15 e VPP23); herpes zoster; difteria, tétano e coqueluche (dTpa ou dTpa-VIP); e VSR; além de vacinas recomendadas para situações especiais, como hepatite A e B, meningite ACWY e C, e tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).
Para os indivíduos portadores de condições especiais, o Ministério da Saúde possui um calendário de imunização específico, com vacinas disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Vacinação na terceira idade: especialista elenca as principais vacinas para os idosos
Gripe, herpes zoster, entre outras, devem integrar o calendário de imunização de pessoas com mais de 60 anos
Segundo a enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Elisa Lino, a vacinação em idosos reduz as internações e o risco de morte causados por doenças cardíacas, cerebrovasculares, pneumonia ou até mesmo a gripe.
Costumamos seguir o calendário de vacinação rigorosamente até a adolescência e esquecer de dar continuidade na fase adulta e nos idosos, que são mais suscetíveis a contrair doenças e demoram mais para se recuperar”, afirma a especialista.
Uma das vacinas mais importantes nessa faixa etária é a vacina contra a gripe, também conhecida como vacina influenza. “Uma gripe pode ser especialmente perigosa para os idosos, pois pode levar a complicações graves, como pneumonia. Esse é um imunizante atualizado anualmente e que combater as cepas mais comuns do vírus, oferecendo uma proteção eficaz”, explica Elisa.
Outra essencial para os idosos é a vacina contra o herpes zoster, mais conhecida como cobreiro, que é uma doença viral dolorosa que causa erupções cutâneas e bolhas, podendo ser extremamente desconfortável e persistente em pessoas mais idosas.
A vacina contra o herpes zoster reduz o risco de desenvolver a doença e, caso ela já tenha sido contraída, o imunizante ajuda a diminuir a gravidade e a duração dos sintomas, sendo muito importante para essa faixa etária”, conta a especialista.
Outras vacinas também são importantes para a terceira idade, como a pneumocócica, que combate a bactérias que desencadeiam a pneumonia e a meningite. A vacina Pneumocócica 15 (VPC15) oferece proteção contra otite, pneumonia, meningite e septicemia/bacteremia causada por 15 sorotipos de pneumococos.
Já a vacina Pneumocócica 23-Valente (VPP23) imuniza contra doenças causadas por 23 sorotipos de pneumococos, recomendada para idosos acima dos 60 anos em condição de imunossupressão, asma grave ou diabetes, em que o risco de infecção pneumocócica é maior na população geral.
Ao proteger-se por meio da imunização, os idosos podem reduzir o risco de complicações graves e desfrutar de uma vida saudável”, reforça Elisa.
Principais vacinas que devem compor o calendário da terceira idade
- Vacina contra a gripe
- Vacinas Pneumocócicas 15 (VPC15) e 23 (VPP23)
- Vacina Herpes zoster
- Vacina Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) ou dTpa-vip / Dupla adulto (dT)
- Vacina Hepatite B
Infectologista reforça vacinação para uma vida longeva e saudável
Mas alguns imunizantes já estão na rotina anual da população, especialmente aqueles para infecções respiratórias, como gripe e Covid-19. Outras doenças respiratórias, como o VSR, também devem estar no radar de alerta dos idosos, pois são facilmente transmitidas através de gotículas expelidas ao tossir e espirrar, e podem levar a complicações graves, como pneumonia e até óbito”, alerta a dra. Lessandra.
VSR e herpes zoster devem estar no radar de alerta
Muito conhecido por causar infecções respiratórias em bebês, como a bronquiolite, o vírus sincicial respiratório (VSR) ainda é pouco conhecido entre adultos e idosos por ser facilmente confundido com outras doenças, como a gripe e a COVID-19, já que afeta o sistema respiratório – nariz, garganta, brônquios e pulmões.
Como o tratamento para os diferentes tipos de infecções respiratórias é similar, o VSR não costuma ser testado, por isso, é subnotificado. Porém, é preciso ter atenção com este vírus em adultos mais velhos, especialmente, aqueles que convivem com crianças. Os pequenos são frequentemente expostos ao VSR em ambientes como creches, escolas e parquinhos e podem transmitir o vírus para outros membros da família, como os avós”, comenta a médica.
Pessoas em contato com crianças com VSR tem 22,6 vezes mais chances de apresentar infecção. Uma pessoa infectada pelo VSR pode começar a transmiti-lo até 2 dias antes de apresentar algum sintoma, e é possível transmitir a infecção por até 8 dias.
Já crianças em idade escolar são responsáveis por cerca de 54% a 73% das infecções domiciliares, além de aumentar consideravelmente o risco de reinfecção de um adulto em contato próximo. Somente este ano, mais de 45% dos casos reportados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) foram causadas por VSR (até 06/07/2024)
“Outra preocupação para os idosos deve ser o herpes zoster. Cerca de 94% da população já está infectada com o vírus causador da doença, que tem se tornado cada vez mais comum. As pessoas já estão começando a reconhecer o zoster pela erupção cutânea que ele causa, mas outro sintoma importante é a dor.
Como o zoster pode causar uma dor debilitante, ele para com a rotina do paciente e pode trazer sequelas de longo prazo, como a neuralgia pós-herpética, uma dor que persiste por três meses ou mais. Então, para garantir uma vida longeva e saudável, é importante conhecer mais sobre essas doenças, procurar um médico o mais rápido possível assim que aparecer qualquer sintoma e, claro, colocar a vacinação em dia”, finaliza a dra. Lessandra.
SBGG reforça a importância do Calendário da Vacinação Idoso 60+
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia destaca a eficácia das vacinas para a saúde dos idosos
A Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lançou em abril deste ano o Calendário de Vacinação Idoso 60+, um guia completo para garantir a saúde e a proteção a esse grupo tão importante da sociedade.
O documento conta com orientações sobre doses, intervalos e aplicação das vacinas necessárias para os idosos, bem como informações importantes sobre contraindicações e efeitos colaterais. No calendário, algumas vacinas foram recomendadas para todas as pessoas com mais de 60 anos, entre elas a da Influenza, que protege contra a gripe, e a da Hepatite B, que previne doenças graves no fígado.
Há também vacinas recomendadas para um grupo específico de pessoas idosas, na qual previne a herpes zóster, também conhecido como “cobreiro”, doença dolorosa que causa erupções cutâneas, e a Pneumocócica Conjugada 13 Valente, que protege contra doenças pneumocócicas invasivas, como pneumonia e meningite, em pessoas com comorbidades.
De acordo com as entidades médicas, a imunização é essencial para agregar prevenção à saúde da pessoa idosa e imunizá-la contra doenças potencialmente graves, cujas complicações podem levar a hospitalizações, aumentando, inclusive, o risco de mortalidade.
A presidente da Comissão de Imunização da SBGG, Maisa Kairalla, destaca a necessidade da vacinação em pessoas idosas e reforça o empenho da comissão em possuir um calendário moderno e atualizado.
As vacinas são inegavelmente uma das maneiras que temos para promover o envelhecimento melhor às pessoas. Nos dedicamos em ter um calendário moderno atualizado, que engloba diversas vacinas, aquelas que estão no Programa Nacional de Imunização e outras, para que tenhamos um envelhecimento saudável com melhor qualidade de vida”.
O download do calendário está disponível no site da SBGG.
Com Assessorias