O excesso de gordura corporal está relacionado a uma série de doenças metabólicas e morte prematura, mas também pode inflamar o corpo e diminuir até as chances de gravidez. Isso acontece porque a ovulação e a função reprodutiva são eventos biológicos dependentes das reservas energéticas do corpo.
“Não só o peso em específico, mas principalmente a composição corporal e a distribuição de gordura no corpo, além da qualidade da dieta e o sedentarismo, podem, sim, estar ligados à infertilidade feminina e masculina”, explica Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Quanto às mulheres, a obesidade está associada a distúrbios do ciclo menstrual e infertilidade, especialmente porque interfere na fase de ovulação. “Sabemos que os distúrbios ovulatórios representam 25 a 50% de todas as causas de infertilidade em mulheres, e uma proporção significativa está direta ou indiretamente relacionada ao sobrepeso e à obesidade”, conta o médico.
O aumento de peso corporal também está associado à anovulação, termo que define a ausência da ovulação. Além disso, quando ocorre a gravidez, aumenta-se o risco de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial na gestação) e de parto prematuro, situações muito perigosas para a mãe e o bebê.
Diante dos riscos, o médico recomenda à mulher que deseja engravidar, se apresentar alterações metabólicas como obesidade e resistência insulínica ou histórico familiar de diabetes, deve ser orientada quanto aos riscos do desenvolvimento de diabetes gestacional e encorajada a fazer mudanças imediatas no hábito alimentar, como a redução no consumo de açúcares, e praticar atividades físicas, para ajudar nas chances de concepção e na prevenção de doenças durante a gestação.
“Uma perda de 5 a 10% do peso já é suficiente para ajudar a regular o ciclo menstrual, restaurar a fertilidade e evitar os riscos na gravidez”, diz o médico.
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Homens acima do peso tendem a infertilidade
Mas engana-se quem pensa que o problema é apenas das mulheres. Homens com 20kg a mais no peso corporal ideal são 10% mais propensos a ter infertilidade.
“Quanto maior o índice de massa corporal de um homem, mais chances de a sua contagem de espermatozoides ser baixa, com pior qualidade do esperma e baixa motilidade. A própria gordura que fica entre as coxas esquenta os testículos, prejudicando a produção de espermatozoides”, destaca o Dr. Fernando Prado.
O ideal é que o homem acima do peso adote novos hábitos de vida, diminuindo o peso corporal e praticando atividade física.
“Com a atividade física, há maior produção de serotonina, hormônio do prazer, e maior controle dos níveis de cortisol, hormônio do estresse, que está ligado a dificuldades na concepção de um filho. O estresse aumenta o número de proteínas inflamatórias que prejudicam a qualidade do espermatozoide”, afirma o especialista.
Em todo caso, sempre que um casal perceber que não consegue engravidar após um ano de tentativas, o melhor é consultar um médico especialista. “O profissional poderá indicar mudanças de hábitos de vida e tratamentos para a fertilidade”, finaliza o Dr. Fernando.