Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) indicam que, no Brasil, 1 milhão de pessoas sofrem queimaduras, sendo que cerca de 70% ocorrem dentro de casa e 30% envolvem crianças. Esse tipo de acidente representa um grave problema de saúde pública no Brasil. Aproximadamente 150 mil internações por ano são causadas por queimaduras. 

Entre 2015 e 2020, queimaduras provocaram 19.772 mortes no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Desse número, 53,3% foram por queimaduras térmicas, causadas por fontes de calor, e 46,1% por queimaduras elétricas, quando uma corrente elétrica atravessa o corpo, gerando calor.

As queimaduras estão em quarto lugar em causa de óbito entre crianças no Brasil. Na última década, quase 221 mil crianças entre 0 e 14 anos foram hospitalizadas por acidentes e mais de três mil morreram.  Apenas nos primeiros quatro meses de 2021, mais de seis mil crianças e adolescentes foram internados no SUS por conta de queimaduras.

Acidentes domésticos representam mais da metade dos casos de queimaduras e podem ser prevenidos através de informação. O mês de junho é marcado pela campanha Junho Laranja, tendo como propósito a prevenção e o tratamento de queimaduras, por conta do Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras (6/6).

Cerca de 30% a 40% das vítimas de queimaduras são crianças, atingidas quase sempre por escaldadura – água e comida quente. A maioria dos acidentes ocorre dentro de casa e são essencialmente causados pela imprudência dos pais e responsáveis.

As queimaduras podem ser causadas por fatores físicos, químicos ou biológicos. As crianças menores de seis anos tendem a se queimar com líquidos quentes, daí a importância da vigilância contínua dos pais”, afirma Luiz Philipe Molina Vana, coordenador do CTCQ- Centro de Tratamento à Criança Queimada do Sabará Hospital Infantil e ex-presidente da SBQ.

Segundo Dr. Molina, o cuidado com a prevenção das queimaduras, principalmente porque acontecem no ambiente doméstico deve ser constante, “nunca devemos abaixar a guarda quando se trata de crianças”, diz dr. Molina. Mas, durante determinados períodos do ano, devem ser redobrados.

Durante as festas juninas, as crianças estão mais próximas as fogueiras, têm acesso aos fogos de artifício e até na produção de balões (que são proibidos por lei). Além desse mês, as férias de julho e o final do ano, são outros dois momentos que requerem uma atenção ainda maior de pais e responsáveis, afinal, estão mais tempo dentro de nossas casas”, conta o cirurgião plástico.

Dr. Molina explica que as queimaduras são classificadas em três graus e precisam de um cuidado especializado em cada uma delas.

A queimadura de primeiro grau envolve apenas a camada mais superficial da pele e o seu tratamento é apenas de suporte. As queimaduras de segundo grau costumam ocasionar o aparecimento de bolhas e ter uma aparência úmida na lesão. Já as de terceiro grau são profundas e acometem toda a derme, o cuidado inicial deve ser realizado com lavagem exaustiva do local com água corrente”.

É importante não aplicar nenhum tipo de pomada, pasta de dente, compressas com ervas ou outra substância, porque essas ações, podem agravar a queimaduraatingindo tecidos subcutâneos, com destruição de partes importantes que podem comprometer o funcionamento do local, como nervos, músculos e estruturas ósseas. Nos dois últimos casos, principalmente em crianças, elas devem ser levadas imediatamente ao pronto-socorro especializado.

Cuidar de uma criança com queimaduras exige uma estrutura de atendimento multidisciplinar que tenha experiência tanto em minimizar sequelas como também conte com orientação voltada para o aspecto psicológico do acidente”, afirma Dr. Molina.

 

Cuidados com as crianças nas férias de julho

Devido à alta incidência tanto nesse mês quanto em julho por conta das férias, o especialista sugere alguns cuidados para se ter com as crianças que podem ser colocadas em prática como forma de evitar acidentes:

1 – Evite deixar uma criança sozinha perto de fontes de calor, como fogões, fornos, churrasqueiras ou velas acesas, ferro de passar roupa;

2 – Mantenha objetos perigosos fora do alcance: produtos químicos como álcool, tinta inflamável, devem ser colocados em locais altos e bem fechados, longe do acesso das crianças;

3 – Durante as festas juninas, evite deixar crianças brincarem com bombas ou fogos de artifícios, ou qualquer outro artefato que entre em combustão. Crianças não devem brincar próximos à fogueira; porque correm o risco de se desequilibrar e cair sobre o fogo ou ainda se queimarem com fagulhas de madeira;

4 – As tomadas devem estar protegidas por tampas apropriadas, esparadrapo, fita isolante ou mesmo cobertas por móveis, além disso, os fios de eletricidade devem ficar escondidos atrás de móveis ou desconectados, para as crianças não morderem o fio e também evite que crianças brinquem com celulares enquanto eles estiverem ligados no carregador.

5 – Durante as férias, só permita que as crianças empinem pipas em campos abertos, sem a presença de fios e postes de eletricidade.

Acidentes com eletricidade e álcool

Em geral, as lesões podem ser causadas por calor, produtos químicos, eletricidade ou radiação e podem penetrar na pele em diferentes níveis, ocasionando queimaduras de primeiro, segundo ou terceiro graus. Os líquidos superaquecidos – com destaque para água – e combustíveis, são os principais agentes causadores

Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2015 e 2020 mais de 9 mil pessoas faleceram em decorrência de acidentes com eletricidade  – número que equivale a 46% do total dos óbitos por queimadura.

Ainda que as mortes sejam o mais comum nesses casos – cerca de 70% das vítimas de acidentes elétricos vão a óbito imediato, no momento do trauma, antes mesmo de qualquer tipo de atenção médica qualificada –, as pessoas que sobrevivem precisam lidar com sequelas como amputações e feridas de alta complexidade, que demandam cuidados especializados.

Outra causa comum é o uso indiscriminado de álcool. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) explica que, em geral, a situação mais perigosa envolvendo queimaduras está relacionadas ao uso do álcool no momento em que as pessoas acendem churrasqueiras e fogueiras.

Inclusive, a venda de álcool líquido 70% voltou a ser proibida no Brasil, conforme determinação da Anvisa. Sua comercialização era proibida há mais de 20 anos por causa da sua alta inflamabilidade, mas foi flexibilizada pela agência com a pandemia da Covid-19.

Agenda Positiva – Junho Laranja

O Congresso Nacional está iluminado na cor laranja no dia 20 de junho em celebração ao Dia Nacional de Luta contra Queimaduras. A data, 6 de junho, foi instituída pela Lei 12.026/2009, a fim de divulgar as medidas preventivas necessárias à redução da incidência de acidentes envolvendo queimados.

Com objetivo de trazer informações essenciais sobre prevenção de queimaduras, a SBQ promove uma campanha de conscientização sobre os acidentes com queimaduras. Mölnlycke, empresa sueca líder em tratamento de feridas, apoia e patrocina a campanha da SBQ, Queimaduras? Na minha casa não!”, durante o mês de junho.

A Mölnlycke promove o programa Poder da Gentileza, que ressalta o valor de cuidados adequados na cicatrização de feridas por queimaduras. Para pacientes que sofrem com a dor e as mudanças drásticas que queimaduras trazem, o tratamento e o toque devem ser conduzidos da maneira mais gentil possível nos cuidados com o paciente.

Para mais informações sobre a campanha Junho Laranja, acesse o site da SBQ.

Com Assessorias

 

 

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