O Brasil está, definitivamente, dominado pelos seres de quatro patinhas que vivem nas nossas casas – com o Timotheo e Theodore (vulgo Tico e Teco), os irmãos gatos adotados, que vivem desde a pandemia na ‘casa-redação’ desta que vos escreve. Cada vez mais eles fazem parte da família e são fonte de mais saúde e qualidade de vida para muita gente, principalmente pessoas idosas e as que vivem sozinhas em todas as faixas etárias.

Uma pesquisa da Quaest, divulgada nesta terça-feira (2), revelou que  94% dos brasileiros têm ou já tiveram um animal de estimação. O país já é o terceiro do mundo nessa conta – só perde para a China e os Estados Unidos. Com pouco mais de 220 milhões de habitantes, o Brasil tem hoje 149,6 milhões de pets – quase metade (47%) são cães, seguidos dos gatos (23%) e das aves (12%), segundo dados do Instituto Pet Brasil (IPB).

Realizado entre os dias 17 e 20 de junho, por meio de 1001 entrevistas on-line com brasileiros de 16 anos ou mais, o levantamento mostrou que 72% dos entrevistados possuem um pet e 22% contaram que já tiveram um. Dos entrevistados, 38% disseram ter apenas um pet em casa e 31% afirmaram ter dois.

Apenas 6% dos que responderam disseram nunca ter tido um animalzinho em casa. Falta de espaço em casa (20%), falta de dinheiro (16%) e de saúde pessoal para cuidar do animal (16%) são motivos para quem ainda não tem um. Ainda assim, 30% das pessoas que não têm pet gostariam de ter.

Gatos representam 27% dos animais de estimação dos brasileiros (Foto: Rosayne Macedo)

Mas por que tantos pets – e cada vez mais?

O que muitos de nós, tutores, já sabemos, se confirma no estudo. Os principais motivos apontados para se ter um pet são a felicidade (98%), o apoio emocional (96%) e a segurança (95%) que eles proporcionam a seus tutores.

A grande maioria dos entrevistados (94%) afirma que a saúde mental melhorou por ter um animal de estimação. E os tutores sabem ser gratos por isso: os pets são considerados membros da família para 93% de quem é ou já foi um tutor e mais da metade (58%) comemoram os aniversários de seus bichinhos.

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Timotheo, o virginiano adotado em 2020, durante a pandemia da covid-19, vive na redação do Vida e Ação (Fotos: Rosayne Macedo)

Amor incondicional quase sempre não se compra, nem tem pedigree

Esse amor incondicional quase sempre não se compra, nem tem pedigree. O levantamento destaca que metade dos tutores adotou seu pet; desses, 42% resgataram o animal na rua. A maioria dos gatos (52%) e um terço (32%) cães são formados por autênticos vira-latas – ou seja, não têm uma raça definida.

Os que disseram ter comprado seu pet foram 22%. E quase metade desses apontou o desejo por ter uma raça ou um animal específico como motivo para isso. Já 28% contaram que ganharam o animalzinho de presente.

A pesquisa ainda mostra que 96% dos brasileiros acreditam que alguém que maltrata um animal é uma pessoa ruim. No entanto, mais de 90% da população consideram que as leis de proteção animal e o serviço veterinário público no Brasil são insuficientes.

Maioria dos tutores comemora aniversário de seus pets (Fotos: Rosayne Macedo)

 

Um amor que para muitos não cabe no bolso

O crescimento do interesse por animais de estimação embala a indústria pet, que reúne lojas, shoppings, planos de saúde, clínicas veterinárias e muitos outros negócios. A maioria dos tutores (55%) revelou na pesquisa que gasta até R$ 300 por mês com seus pets.

Outros 23% gastam até 100 reais e 20%, desembolsam de 300 e 500 reais para cuidar dos animais. Um em cada 10 tutores chega a desembolsar mais de R$ 1.000 mensalmente com seus pets.

Em geral, o gasto mais frequente é com a compra de ração (96%), seguida por petiscos (77%) e banho (64%). O nível de confiança da pesquisa é de 95%, e a margem de erro é de 3,1 pontos percentuais.

Mas o mercado pet não tem limites: além dos hotéis, viraram febre recentemente as chamadas “creches para cachorros”, uma modalidade que não funciona muito bem para os gatos, considerados mais caseiros.

Tem ainda dog sitter e cat sitter para prestar serviços de atendimento em domicílio – em média, a diária sai por 40 reais para gatos uma vez por dia; já para cães, a média é de duas vezes por dia. Outra função que também cresce é a de passeador de cachorros – nos Estados Unidos, aliás, este segmento já é um monopólio dos brasileiros.

Palavra de Especialista

Pets, carinho e demência

Por Simone Cordeiro*

Se você queria mais um motivo para adotar um cachorrinho, aqui vai. De acordo com um estudo publicado na edição de dezembro da revista científica Preventive Medicine Reports, pessoas com mais de 65 anos e que são tutores de cachorros têm 40% menos probabilidade de desenvolver demência.

Essa pesquisa foi realizada no Japão e teve acompanhamento de 11.194 idosos com idades entre 65 e 84 anos por um período de quatro anos. Como esperado, o estudo mostrou que ter um pet faz sim toda diferença na saúde das pessoas da terceira idade, porém, não basta apenas tê-lo em casa, é preciso, acima de tudo, cuidar do animal.

Embora a probabilidade de desenvolver demência fosse maior para os tutores de cães que não praticavam exercícios regularmente e estavam socialmente isolados, ainda era menor que a observada naqueles que não tinham o animal de estimação e não praticavam exercícios ou socializavam. É válido lembrar que, segundo o Ministério da Saúde, a doença acomete 2 milhões de brasileiros.

Para não ficar dúvidas, a rotina de cuidados com o pet, como levar para passear, ir ao veterinário ou para fazer algum treinamento é o que contribui para a atividade cerebral. Por isso, é recomendado que o tutor crie desde o primeiro dia alguns hábitos de relacionamento com o bicho de estimação. Todo esse cuidado poderá se converter num quadro melhor de saúde mental.

Cachorros são como crianças, como filhos! Por instinto, todos os dias pedem água, comida, atenção e outros cuidados. Tais demandas fazem com que as pessoas mantenham o cérebro ativo e mais saudável.

A demência se caracteriza pelo declínio cognitivo, com uma condição grave de perda de memória, incluindo dificuldades de linguagem, resolução de problemas e outras atividades de pensamento que interferem na vida diária e na independência dos pacientes. De acordo com a Associação de Alzheimer, a doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência entre idosos, representando de 60% a 80% dos casos. O imprescindível é saber que ela pode ser evitada.

Simone Cordeiro é diretor da Au!Happy, operadora de plano de saúde para pets

 

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