Por Roberta França – médica geriatra
A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente na população mundial. Chamamos de doenças neurodegenerativas aquelas que causam perda progressiva de células do sistema nervoso.
No caso da DP, algumas áreas do cérebro são particularmente afetadas por esta perda de neurônios, por exemplo, as células produtoras de uma substância chamada dopamina que, dentre diversas funções, apresenta um papel importante no controle dos nossos movimentos.
A descrição da enfermidade, que hoje conhecemos por doença de Parkinson, pode ser encontrada em textos antigos de vária civilizações, mas foi em 1817 que o médico inglês James Parkinson publicou a descrição clássica da DP em seu livro “An Essay on the Shaking Palsy”.
A DP é mais comum a partir da quinta década de vida, mas pode acometer pessoas em qualquer faixa etária – inclusive antes dos 21 anos, sendo conhecida como DP juvenil e é ligeiramente mais comum no sexo masculino.
O início dos sintomas é assimétrico, ou seja, começa de um dos lados do corpo, e pode demorar meses a mais de um ano para acometer o outro lado.
A DP é caracterizada pela bradicinesia, que é a diminuição da amplitude e da velocidade dos movimentos e, pelo menos, mais um dos seguintes sintomas: tremor (geralmente em repouso); rigidez (alternadamente cede e retorna ao longo do movimento, lembrando as rodas de uma engrenagem); e alteração do equilíbrio postural e quedas. Estes são os principais sintomas motores, mas a intensidade deles varia muito de pessoa para pessoa.
DOENÇA TAMBÉM CAUSA DEPRESSÃO
Alguns pacientes podem ser mais lentos ou rígidos, em outros predomina o tremor. Além dos sintomas motores, uma série de ocorrências não motoras podem ser observadas como diminuição da olfação, depressão e dificuldades para urinar. Esses sintomas, inclusive, podem surgir anos antes das manifestações motoras.
Com o passar dos anos, o portador da doença de Parkinson pode apresentar uma postura característica com o tronco inclinado para frente, pequenos passos ao caminhar, hesitação ao iniciar a marcha ou ao mudar de direção. Observa-se também a diminuição da expressão facial, diminuição do volume da voz e, eventualmente, dificuldade para articular as palavras.
Devemos lembrar que cada paciente evolui de uma forma e os sintomas são variáveis, alguns pacientes podem nunca vir a apresentá-los ou podem tê-los de forma discreta.
O tratamento farmacológico é voltado predominantemente para os sintomas motores com drogas que têm como objetivo melhorar a transmissão dopaminérgica. Já as ocorrências não motoras são tratadas de acordo com seu aparecimento. Por isso, uma equipe multidisciplinar é fundamental para dar qualidade de vida ao paciente.
CIRURGIA PODE SER SOLUÇÃO
Para alguns casos muito específicos, o tratamento cirúrgico pode ser uma opção. Atualmente, o procedimento mais empregado é a estimulação cerebral profunda de alvos específicos. O tratamento não farmacológico é tão importante quanto o farmacológico e é ele que dará ao paciente qualidade e autonomia!
Fisioterapia motora é indicada para manter o equilíbrio e a marcha. Terapia ocupacional para melhorar as tarefas executivas do dia a dia e adaptação aos ambientes. Fonoaudiologia para melhora da voz, da fala e também para prevenção das dificuldades de deglutição. Acompanhamento psicoterápico para compreensão da doença e orientação da família.
Os estudos continuam. Enquanto isso, cabe a nós termos um olhar atento e buscar ajuda a qualquer sintoma ou suspeita. O paciente não é portador de uma doença e, sim, portador de uma história! Que deve ser ouvida, compreendida e acima de tudo valorizada.
A cura ainda não chegou. Chega de preconceito! Parkinson: precisamos falar sobre isso!