Começa nesta segunda-feira (18/11) e prossegue no dia seguinte (19) a esperada Cúpula do G20 no Brasil, o fórum de cooperação econômica internacional que visa debater propostas para o desenvolvimento social global e o fortalecimento da economia. Será o capítulo final de um grande esforço global que envolveu 234 reuniões oficiais realizadas em 15 cidades brasileiras desde o início do ano, com a participação de ministros e autoridades dos países membros.
O evento no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, reúne lideranças de 19 países membros – África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia – mais a União Europeia. A partir de 2025, a União Africana também passa a fazer parte do grupo, mas já participa deste G20 Rio.
Juntos, esses países representam 82% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Ao todo, 42 nações estarão representadas no evento – o único convidado que não vem é o presidente da Rússia, Vladimir Putin – para alívio dos organizadores, já que a presença dele em meio à guerra contra a Ucrânia poderia afugentar outras lideranças mundiais.
Além da proposta de uma aliança global para o combate à fome e à pobreza, prioridade do Brasil, temas como a transição energética – em que o país pode exercer forte protagonismo graças a sua enorme biodiversidade – com energia eólica, solar, biocombustíveis, biodiesel, etanol e outras fontes de energia sustentáveis – deverão ser destaque das reuniões dos grandes líderes mundiais.
O G20, na verdade, é um grande ecossistema, que tem várias engrenagens e siglas representando os diversos grupos de engajamento ligados ao fórum. Como o U20 o fórum de prefeitos Urban 20, realizado neste domingo (17) – e o O20 – Oceans, que discutiu soluções sustentáveis para os oceanos. Outras iniciativas foram criadas na versão brasileira do G20, como o G20 Favelas – voltado aos desafios nas periferias – e o D20, para discutir políticas públicas para pessoas com deficiência.
Entre os grupos de engajamento está a Cúpula dos Oceanos 20 (O20), que teve a participação de representantes dos países do G20, entidades da sociedade civil, pesquisadores, corporações globais e outros grupos interessados no futuro dos oceanos. O grupo foi criado pela presidência brasileira do G20 como um desdobramento dos esforços liderados pelos ciclos anteriores na Indonésia e na Índia.

O20 discute ‘economia azul’ e gestão sustentável dos oceanos

O O20 divulgou no sábado (16), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, um documento com sete recomendações aos líderes do G20. O texto final resume os principais pontos discutidos ao longo do ano, com foco na gestão sustentável dos oceanos e no desenvolvimento da chamada economia azul.

As sete recomendações são: garantir um oceano limpo, saudável e produtivo; expandir sistemas alimentares aquáticos sustentáveis; aumentar a energia eólica offshore; melhorar a governança marítima para um transporte marítimo sustentável; incentivar as finanças oceânicas; melhorar a segurança marítima e fortalecer a coordenação global sobre os oceanos.

Precisamos considerar como as comunidades que vivem do oceano tiram seus meios de renda. E lutar para que tenham uma vida mais feliz, saudável e com mais qualidade”, disse Cristina Reis, representante do Ministério da Fazenda.

O evento no Brasil foi coordenado pela Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano da Universidade de São Paulo, em colaboração com o Fórum Econômico Mundial, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil e Ocean Stewardship Coalition –, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade e o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas.

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U20: cidades precisam de U$ 800 bi para combater mudanças climáticas

Prefeitos do U20, grupo das maiores cidades do G20, entregaram neste domingo (17) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento com 36 pedidos para repensar as cidades, reduzir as desigualdades no espaço urbano e enfrentar as mudanças climáticas. Lula recebeu o documento do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, na cerimônia de encerramento das atividades do U20.

Assinado por prefeitos e representantes de 26 cidades do U20, mais sete cidades observadoras e 25 cidades convidadas, o documento está dividido nos mesmos três eixos da presidência brasileira no G20: combate à fome e a pobreza; desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e transição energética justa; e reforma das instituições de governança global. 

Rio de Janeiro (RJ), 17/11/2024 – Mesa do fórum de prefeitos do G20 (Urban 20), na zona portuária da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segundo o documento, o mundo enfrenta “desafios complexos” que exigem a articulação de múltiplos atores globais e locais capazes de promover integridade e justiça para além de suas fronteiras. O texto menciona que 56% da população global vive em cidades, com a expectativa de o número subir para 70% nos próximos 25 anos.

Em seu discurso, o presidente Lula  destacou que mais da metade da população mundial vive nas cidades, que respondem por 80% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Lembrou que as cidades concentram 70% das emissões de gases de efeito de estufa e 75% do consumo global de energia.

Esses mesmos centros urbanos estão desproporcionalmente expostos às consequências das mudanças climáticas, à subida do nível dos oceanos, às ondas de calor, à insegurança hídrica e a enchentes avassaladoras, como as que vimos recentemente no Sul do Brasil, na Colômbia e na Espanha”, afirmou o presidente, ao defender que as cidades precisam de ajuda para financiar o custo da transição ecológica. Ressaltou que o planejamento urbano tem um papel crucial na transição ecológica e no enfrentamento à mudança do clima.

As cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana. Elas não podem ser negligenciadas nos novos mecanismos de financiamento da transição climática. Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global. Apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor alcança nossas metrópoles”, disse o presidente.

A carta dos prefeitos pede investimentos de US$ 800 bilhões por ano em ações climáticas. O dinheiro cobriria apenas cerca de 20% da necessidade de financiamento climático nas cidades, mas ajudaria a induzir e estimular investimentos do setor privado. Entre os investimentos necessários, estão a transição para fontes de energia renováveis, reformas estruturais nos espaços urbanos e a construção de habitações mais sustentáveis.

Em seu discurso, o prefeito Eduardo Paes afirmou que as cidades têm papel central na melhoria das condições de vida e que precisam receber atenção prioritária dos países do G20. Segundo ele, os US$ 800 bilhões anuais permitirão que os municípios promovam uma transição ecológica justa, que proteja as populações vulneráveis e crie empregos que fortaleçam uma economia mais verde.

Os prefeitos também pediram que os bancos multilaterais e os governos destinem 40% de financiamentos a juros baixos para projetos municipais que deem prioridade a comunidades de baixa renda, bairros vulneráveis, trabalhadores e pessoas em situações de risco. Parte do financiamento público seria custeada pela taxação progressiva (sobre os mais ricos) em escala global.

Rio de Janeiro (RJ), 17/11/2024 – Mesa do fórum de prefeitos do G20 (Urban 20), na zona portuária da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Conheça o ABCD do G20:

  1. B20 (business) – reúne 1,2 mil empresários
  2. C20 – grupo que debate as demandas da sociedade civil
  3. D20 – encontro destinado a pessoas com deficiência
  4. G20 Social – novidade criada no Brasil para incluir a sociedade civil nos debates
  5. J20 – discute temas jurídicos para adequação das leis – STF
  6. L20 (labor), emprego, previdência, leis trabalhistas, precarização,
  7. O20 (oceans) – destaca a sustentabilidade dos mares e oceanos
  8. P20 – reúne os presidentes dos parlamentos dos países do grupo
  9. S20 – grupo de engajamento da área de ciência e tecnologia
  10. SAI20 – formado por instituições de controle e auditoria para discutir a governança nas nações
  11. StartUp20 – mais novo grupo de engajamento do G20, criado no último fórum na Índia
  12. T20 (titans) – reúne instituições de pesquisa, universidades, pesquisadores
  13. U20 (urban) – debate economia, clima e desenvolvimento nas cidades
  14. W20 – criado para promover políticas públicas de empoderamento das mulheres
  15. Y20 – grupo direcionado a jovens de 18 a 30 anos, para discutir o presente e futuro do mundo

Saiba mais sobre o G20

O G20 foi criado em 1999 em resposta a episódios de conturbação econômica global para debater propostas para o desenvolvimento social global e o fortalecimento da economia. Os membros estão distribuídos em cinco grupos.  Ao lado de Argentina e México, o Brasil integra o grupo 3.
O país assumiu a presidência rotativa do G20 em 1º de dezembro de 2023 e passará a função  para a África do Sul em dezembro de 2024. Um dos destaques do G20 sob a presidência brasileira foi a criação do G20 Social, cúpula que deu voz à sociedade civil por três dias.
Outra inovação foi a criação da Cúpula Social do G20 – mais conhecida como G20 Social – que reuniu mais de 15 mil pessoas durante três dias. O  entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento que reúne a síntese do que foi consenso entre os participantes. O texto enfatiza três pilares centrais:
  • Combate à fome, à pobreza e à desigualdade
  • Enfrentamento das mudanças do clima e transição justa
  • Reforma da governança global

Com informações da Agência Brasil e Globonews

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