Além da semaglutida, que vem movimentado a área de emagrecimento desde que foi aprovada pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, uma nova medicação vem sendo apontada até mesmo como promessa para substituir a cirurgia bariátrica. Esta nova medicação é obtida por meio de uma molécula chamada tirzepatida, que é aplicada com uma injeção subcutânea semanal.

A tirzepatida, conhecidamente comercializada sob a marca Mounjaro, proporciona uma mudança significativa no foco de controle contra a obesidade, podendo chegar a eliminar 50% do peso corporal excedente. Já é considerada mais eficiente do que a já conhecida Ozempic (semaglutida) que estudos indicam eliminar 17%.

“Os efeitos colaterais são controláveis, são brandos na maioria dos casos, mas como qualquer outra medicação, é extremamente necessário acompanhamento e indicação médica”, afirmam os médicos nutrólogos e endocrinologistas Ronan Araujo e Derek Camargo.

A medicação possibilita significativa perda de peso em pessoas que sofrem de obesidade ou sobrepeso, pois promove a saciedade, diminuindo a fome ao longo do dia, e, por isso, a perda de peso acontece pela redução do número de calorias consumidas ao longo do dia.

Molécula simula ação de hormônios intestinais

A tirzepatida é uma molécula que atua simulando a ação de dois hormônios intestinais, GLP-1 e GIP, hormônios “incretinas” que ligam a absorção de nutrientes do trato gastrointestinal com a secreção de hormônios pancreáticos. Eles são liberados no cenário de uma refeição, após a ingestão e absorção de glicose, proteína e gordura, e fornecem uma das conexões fisiológicas entre alimentação e liberação de insulina.

“Basicamente, o GLP-1 é um hormônio secretado no intestino quando comemos. Ele ativa a produção de insulina no pâncreas quando a glicose está alta, o que faz a digestão ficar mais lenta e promove a sensação de saciedade”, explicam os especialistas.

O GIP, por sua vez é um hormônio peptídeo [pedacinhos de proteína] de 42 aminoácidos, inibidor gástrico ou peptídeo insulinotrópico dependente de glicose. Esse hormônio tem como alvo as células beta do pâncreas e as estimulam a melhora da secreção de insulina. Vários estudos de associação genética ligam o GIP à regulação de insulina, glicose, lipídios e peso corporal.

A tirzepatida pertence a uma categoria chamada coagonista, que deve trazer mais moléculas sintéticas que interagem com vários receptores hormonais, considera-se uma classe de medicamentos que diminui o apetite através de neurotransmissores, sem prejudicar o sistema cardiovascular.

“Muito pelo contrário, ele protege esse sistema. Isso é de extrema importância porque tanto a obesidade quanto o diabetes aumentam o risco de infartos e derrames”, afirma Dr Ronal. “A tirzepatida é inclusive também, estudada para tratar gordura no fígado”, acrescenta.

Ele ressalta que a medicação é extremamente eficaz, porém vale lembrar que o remédio deve ser aliado a medidas como uma alimentação saudável, atividades físicas, controle emocional, consultas e exames, condições presentes nos estudos que demonstraram bons resultados para perda de peso por meio do remédio. A prescrição e acompanhamento médico para uso da tirzepatida são estritamente necessários.

Esperança para diabéticos

Estudos mostram que a tirzepatida promove uma perda de peso de até 20%. A medicação, que não está aprovada ainda no Brasil, deve chegar logo, sendo mais uma esperança para os diabéticos, segundo Marcio Krakauer, endocrinologista da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP

“Esse medicamento, aplicado com uma injeção subcutânea semanalmente, promove a redução de hemoglobina glicada (reduz os níveis de açúcar no sangue) de pacientes com diabetes tipo 2. O laboratório responsável por esse medicamento já submeteu para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a solicitação de seu registro para o tratamento de diabetes tipo 2″, diz o médico.

Outra opção medicamentosa importante para os diabéticos é a celebrada semaglutida 2,4mg. No Brasil a indicação em bula é de 1mg para tratamento do diabetes. Entretanto, estudos voltados para a obesidade concluíram que a dose de 2,4mg aplicada uma vez por semana promove uma perda significativa de peso, na média de 15%, e isso é muito importante para pessoas com obesidade.

“O futuro para o tratamento do diabetes é muito promissor. Uma das novidades que já está sendo desenvolvida é a insulina semanal: trata-se de uma insulina basal (secreção constante de insulina que permanece em níveis baixos no sangue o tempo todo) para diabetes do tipo 1 e 2, principalmente o tipo 2. A pessoa com diabetes aplicará a dose de insulina apenas uma vez por semana, e isso vai facilitar imensamente a vida desses pacientes”, comenta Dr. Marcio Krakauer.

Segundo ele, as insulinas degludeca e glargina, que estão disponíveis atualmente, fazem o mesmo efeito de longa duração, porém o paciente precisa aplicá-las uma vez por dia. “Já sabemos que a obesidade é uma doença crônica, multifatorial e um preditivo para o desenvolvimento do diabetes tipo 2”, pontua o endocrinologista.

Obesidade no Brasil e no mundo

De acordo com alguns estudos realizados pela Federação Mundial de Obesidade, estima-se que globalmente 764 milhões de indivíduos vivem com obesidade. Para o Brasil, há previsão de que, até 2030, cerca de 57,7 milhões de brasileiros estejam enfrentando essa questão, entre homens, mulheres e crianças, representando até 30% da população do país, o que é bem significativo.

Com assessorias

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