Quando isso acontece, muitas pessoas relatam sentir diversos tipos de mal-estar. Isso porque o suor é a principal forma de dissipar o calor, mas, em excesso, pode levar à desidratação, sobrecarregando o coração e causando diversas complicações. O sistema de termorregulação do corpo segue funcionando, mas não consegue dispersar o calor com a velocidade necessária.
Nos dias mais quentes, com o estresse que o corpo humano é submetido, perdemos mais líquido pela transpiração para controlar nossa temperatura corporal. Nos indivíduos com nível de hidratação baixo, o calor pode ser gatilho para fadiga, palpitação e o oscilação na pressão arterial”, alerta Jorge Koroishi, cardiologista do Hcor.
A situação pode ser ainda mais delicada para quem já tem alguma doença cardíaca, como a hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. A primeira ordem para os dias quentes é manter a hidratação, mas não é qualquer líquido que pode desempenhar essa função corretamente.
Um gatilho para crises respiratórias e doenças agravadas pelo tempo seco
Diante desse cenário de calor extremo e umidade relativa do ar em queda, especialistas alertam para os riscos à saúde respiratória. Segundo as otorrinolaringologistas Roberta Pilla e Maura Neves, ambas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), o tempo seco e quente favorece crises de rinite, sinusite, asma, infecções respiratórias e até mesmo sangramentos nasais.
As mudanças bruscas de temperatura impactam diretamente a mucosa respiratória, comprometendo sua capacidade de defesa e facilitando a entrada de agentes irritantes e infecciosos”, explica a Dra. Maura Neves. “O tempo seco associado ao calor excessivo resseca as vias aéreas, o que pode agravar sintomas alérgicos e desencadear crises de rinite, sinusite e até infecções respiratórias”, alerta a Dra. Roberta Pilla.
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Ondas de calor – como ela afeta a saúde humana, de plantas e animais
Especialistas da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) explicam que as ondas de calor provocam um aumento de mediadores inflamatórios no organismo humano, afetando, principalmente, os extremos de idade, gestantes, obesos e pessoas com doenças crônicas, agravando as doenças alérgicas, prioritariamente as alergias respiratórias, como asma e rinite, e de pele, como dermatite atópica.
Ao contrário de outros eventos climáticos extremos, como tornados e enchentes, o calor passa a sensação de ser menos agressivo ou mais tolerável pelas pessoas. É essa falsa percepção que faz com que ondas de calor sejam extremamente perigosas para a saúde humana”, explicam os especialistas da ASBAI.
Em dias de calor extremo, há um aumento no risco de mortalidade cardiovascular e respiratória. Há risco também de causar estresse térmico significativo em todos os organismos vivos como em plantas, afetando a fotossíntese, a respiração, o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução. Também afeta os animais, levando a alterações fisiológicas e comportamentais, como redução da ingestão calórica, aumento da ingestão de água e diminuição da reprodução e do crescimento.
Cinco mecanismos fisiológicos podem ser deflagrados pela temperatura elevada: isquemia, citotoxicidade, inflamação, coagulação intravascular disseminada e rabdomiólise. Acima de 39°C, 40°C, enzimas fundamentais para o metabolismo sofrem uma queda abrupta na velocidade das reações químicas necessárias à vida. O corpo começa a parar de quebrar proteínas e açúcares para obter nutrientes e energia.
Os médicos da ASBAI explicam que o ser humano controla sua temperatura de duas formas. A primeira é por meio dos vasos sanguíneos que se dilatam para levar mais sangue até a pele, para que o calor possa ser irradiado para fora do corpo. O segundo é por meio do suor, que refresca a pele por evaporação. O calor pode impactar gravemente sete órgãos: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas.
O corpo também perde muito líquido na tentativa de se aliviar pelo suor, o que leva à desidratação e torna o sangue viscoso, afetando os rins e o coração, que são mais exigidos. A desidratação também causa vasoconstrição, que eleva o risco de trombose e de acidente vascular cerebral.
Onda de calor: como refrescar o corpo e o ambiente e evitar prejuízos à saúde?
Cuidados especiais devem ser tomados para enfrentar as altas temperaturas, principalmente por crianças, idosos e pessoas que já possuem alguma doença diagnosticada, como hipertensão arterial
Com o Rio de Janeiro enfrentando uma onda de calor intenso, com temperaturas que ultrapassam os 37°C, a hidratação se torna essencial para proteger a saúde e o bem-estar da população. O especialista indica a ingestão de água mineral, água de coco e sucos naturais com moderação, além de evitar as bebidas alcoólicas, pois aceleram o processo de desidratação.
Mas como amenizar o calor do corpo e do ambiente? Além das recomendações sobre ingestão de líquidos, é preciso inserir frutas, legumes e verduras na dieta, reduzir o consumo de alimentos gordurosos ou fritos e usar roupas mais leves. Manter ventiladores estrategicamente posicionados, utilizar um climatizador e promover uma boa corrente de ar também podem ajudar a apaziguar o calor.
Nem sempre devemos seguir à risca o padrão de beber 2 litros de água, porque isso varia de acordo com as atividades diárias da pessoa, mas é importante repor todo o líquido perdido pelo suor e impedir o estresse térmico. Outras dicas são: evitar fazer exercícios físicos ao ar livre, utilizar filtro solar para proteger a pele dos raios UV e reduzir a exposição ao sol entre 10h e 16h. Se sintomas como apatia, fadiga e palpitação persistirem, consulte um médico”, conclui o Dr. Koroishi.
A Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral (Abinam) destaca que a água mineral natural é uma aliada indispensável nesses períodos, ajudando a manter o equilíbrio do organismo de forma segura e eficaz.
Como se proteger da onda de calor e do tempo seco?
A exposição prolongada a altas temperaturas e baixa umidade pode comprometer a mucosa respiratória, reduzindo a capacidade de defesa do organismo e aumentando a incidência de doenças respiratórias. Para minimizar os impactos, as especialistas recomendam medidas simples, mas eficazes:
-Hidratação constante: beba muita água e evite bebidas alcoólicas ou com cafeína, que podem desidratar;
-Evite o sol nos horários mais quentes: limite atividades ao ar livre entre 10h e 16h;
-Ambientes frescos e arejados: mantenha os espaços bem ventilados e, se possível, use umidificadores de ar;
-Soro fisiológico é seu aliado: lave as vias respiratórias com solução salina para evitar o ressecamento e a irritação nasal;
-Cuidado com o ar-condicionado: faça a limpeza regular dos filtros para evitar a proliferação de ácaros e fungos;
-Alimentação equilibrada: dê preferência a frutas e alimentos ricos em água para manter o organismo hidratado;
-Receitas caseiras para umidificar o ar: utilize bacias com água nos cômodos (fora do alcance de crianças) para aumentar a umidade.
Com previsões climáticas cada vez mais extremas, a prevenção se torna essencial para minimizar os impactos à saúde. Pequenas mudanças na rotina podem fazer grande diferença para evitar complicações respiratórias e garantir bem-estar em meio às altas temperaturas.
“Controlar a temperatura dos ambientes e garantir umidade adequada são passos fundamentais para proteger a saúde respiratória em tempos de calor extremo”, finaliza a Dra. Maura Neves. “Ao adotar hábitos simples, como hidratação e limpeza nasal frequente, é possível amenizar os efeitos negativos do clima seco e manter a qualidade de vida”, completa a Dra. Roberta Pilla.
Dicas para cuidar da saúde durante a onda de calor
Thiago Piccirillo, clínico geral da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, dá diversas dicas para cuidar da saúde durante a onda de calor.
Beba água: é essencial uma hidratação adequada, porque no calor o corpo perde mais líquido, então, precisamos beber água regularmente. Em média, a ingestão de oito a dez copos de água por dia.
No entanto, durante períodos de calor intenso ou exercício físico, essa quantidade aumenta significativamente. A cada 15 ou 20 minutos durante a atividade física, é recomendado beber cerca de 150-250 ml de água”.
Sempre busque ficar em ambientes frescos: tente sempre estar em ambientes que estejam com a ventilação adequada. Abrir a janela, deixar a brisa passar é uma alternativa para dissipar o calor. Ar condicionado e ventilador também devem ser utilizados.
Não se exponha ao sol: evite a exposição ao sol por períodos longos, principalmente em horas como o meio-dia, especialmente porque no ponto alto do dia o índice de raios ultravioletas, prejudiciais para a pele, é mais alto.
Se for tomar sol, aplique protetor solar para evitar complicações na pele. Também use boné, chapéu, etc., para evitar as queimaduras que o sol forte pode provocar.
Prefira roupas claras: opte por roupas mais leves e claras para enfrentar o calor. Nada de roupas escuras, afinal, elas costumam reter mais calor, o que não é recomendável nos dias quentes.
Não faça atividades físicas extremas: Reduzir atividades físicas que demandam muito esforço em dias muito quentes é essencial porque pode levar a uma hipotensão, um mal-estar, tontura e até desmaio. Então, é importante dar uma maneirada nessa atividade física mais forte. Se for fazer exercícios intensos, busque realizá-los em horários alternativos em que as temperaturas estão mais baixas, como à noite ou bem cedo pela manhã.
Escolha alimentos leves e refrescantes: com relação a alimentação, opte por refeições mais leves e refrescantes, como frutas e saladas. Caso vá comer alguma refeição mais consistente, como a feijoada, se alimente moderadamente para não correr o risco de passar mal.
Fique atento às condições de saúde e também às notícias: as pessoas que já têm alguma condição de saúde mais fragilizada podem, muitas vezes, ficar desidratadas. Com os idosos, a mesma atenção é necessária. Também é importante ficar de olho nas notícias sobre a previsão do tempo para se proteger.
Com Assessorias