Preparem os casacos, botas e cobertores! Começa nesse sábado, 20 de junho, a estação mais fria do ano. O inverno chega oficialmente às 18h44 e vai até as 10h31 do dia 22 de setembro em todo o Hemisfério Sul. A temporada é marcada pela queda do nível de chuvas e, consequentemente, da umidade relativa do ar, com maior ação de massas de ar frio e clima mais seco, principalmente na Região Sudeste.

É quando as temperaturas caem que aumenta a incidência de incêndios florestais e também as doenças respiratórias. O ar seco e frio comum no inverno age nas vias respiratórias como um irritante e, no caso das alergias, as vias aéreas que já estão inflamadas manifestam sintomas respiratórios ao entrarem em contato com o ar seco e frio. Por isso algumas alergias e doenças respiratórias surgem com mais frequência por causa do tempo seco.

Em tempos de Covid-19, é preciso ter ainda mais cautela. É porque os ambientes ficam mais fechados, com menos circulação de ar, e facilitam a dispersão dos vírus que se propagam pelas gotículas. Dados do Centro de Medicina Baseada em Evidências, criado e coordenado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, sugerem que condições de frio e seco – típicas do inverno, podem facilitar a disseminação do novo coronavírus.

No entanto, muitos imaginavam que o clima tropical seria um fator redutor na propagação da doença, mas na prática isso não vem se confirmando. Especialistas ouvidos por publicações nacionais e internacionais são taxativos em afirmar que os vírus, em linhas gerais, não respeitam temperaturas.

Contudo, em meio às incertezas, o melhor a se fazer é a prevenção. A pneumologista Fernanda Miranda de Oliveira, que atende no Órion Complex, em Goiânia, também acredita que a propagação do vírus Sars-Cov-2 pode aumentar nesta época.

As doenças transmitidas por aerossóis de modo geral tem sua disseminação aumentada nos meses de inverno. Isso acontece, pois a baixa umidade do ar mantém as partículas suspensas por mais tempo, os níveis de poluição atmosférica aumentam e as pessoas tendem a ficar por mais tempo em ambientes fechados”, explica.

Cristiano Caveião, doutor em enfermagem e coordenador da área da saúde do Centro Universitário Internacional Uninter, explica que nesse período, é comum o aumento das doenças respiratórias, mas o professor ressalta que vivemos em um momento único. “Devido à pandemia, os serviços de saúde já estão no seu limite e, sobrecarregados, o que poderá ocasionar a falta de vagas em terapia intensiva para as outras doenças respiratórias”, alerta.

Em tempos de coronavírus, o frio traz um temor de que as baixas temperaturas favoreçam uma maior disseminação da Covid-19, o que poderia complicar ainda mais a fase atual. Porém, por ser uma doença nova existem poucos estudos conclusivos sobre o seu comportamento.

Caveião explica que o frio também interfere no sistema imunológico. “Quando estamos no período de inverno, o frio faz com que nosso metabolismo diminua em algumas áreas, e uma delas são as vias aéreas. Assim, o metabolismo de defesa dificulta ou atua lentamente nesse processo, o que pode pré-dispor as pessoas a infecções”, comenta.

Atenção, fumantes

Fumantes e portadores de doenças respiratórias crônicas são grupos de risco para enfermidades virais respiratórias de modo geral e também para o novo coronavírus. Por isso, essas pessoas precisam ter cuidados extras durante o inverno.

“Esses pacientes devem prestar atenção redobrada nesta época do ano, quando as viroses são mais frequentes e especialmente agora em que estamos vivendo uma pandemia. É importante que estejam com seus sintomas controlados, em uso correto da medicação e que não interrompam nenhum tratamento sem a devida orientação médica. Em caso de piora dos sintomas eles devem procurar assistência médica o mais rápido possível’, salienta a pneumologista. Essas precauções valem, inclusive, para quem não é do grupo de risco

Como diferenciar?

Entre as doenças respiratórias que aumentam nesta estação do ano estão gripes, resfriado, pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, rinite e sinusite. A asma, que atinge entre 10% e 25% da população brasileira, e a rinite, que segundo estudo ISSAAC (Internacional Study of Asthma and Allergies) compromete cerca de 26% crianças e 30% dos adolescentes, são as mais prevalentes. Dentre essas, a gripe é a que mais pode ser confundida com a Covid-19.

Os sintomas das doenças alérgicas e respiratórias se assemelham aos da doença causada pelo novo coronavírus: espirros, coriza, obstrução nasal, coceiras no nariz, ouvido, garganta, tosse e falta de ar. “São doenças que apresentam geralmente febre, dor de cabeça, indisposição, tosse que pode ser seca ou produtiva, dor de garganta e sintomas nasais como obstrução nasal, coriza, espirros, além da falta de ar”, esclarece Dra Fernanda, que é pneumologista há 22 anos.

Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) ressalta que as alergias não causam febre, ao contrário do que acontece em pacientes com a covid-19. Portanto, muita atenção aos sintomas para não ir ao pronto-atendimento desnecessariamente, colocando a sua vida e a do outro em risco. O Ministério da Saúde desenvolveu um material que pode auxiliar a população a identificar os sintomas de cada quadro clínico. Confira:

Medidas de prevenção

No geral, é possível se prevenir para evitar contrair alguma doença respiratória durante o inverno. “Manter-se bem hidratado, evitar locais pouco arejados ou com aglomerações, lavar sempre bem as mãos, usar soro fisiológico nas narinas, evitar o uso de ar condicionado, se possível usar umidificadores nos ambientes, evitar ambientes externos no período das 10h às 16h, quando a umidade relativa do ar estiver menor que 50%, não fumar”, detalha Dra Fernanda.

Medidas simples de controle do ambiente podem ajudar a evitar doenças respiratórias. Por isso, é preciso manter os ambientes ventilados, intensificar as medidas de higienização das mãos e vestir-se adequadamente podem auxiliar neste momento.

É importante também manter uma boa hidratação corporal com a ingestão de líquidos, e uma alimentação balanceada, rica em vitaminas. E claro, além de tudo isso, seguir as medidas preventivas já estabelecidas para o coronavírus”, completa Dr Caveião.

Com Assessorias

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