Empresária desde os 18 anos, a chef confeiteira Mariana Dunningham, 21, viu no seu talento para a arte de fazer doces a oportunidade de ajudar quem mais precisa nesses tempos tão difíceis. Proprietária da Handmade Doces, a jovem criou o projeto ‘Cookie do Bem’, em que transforma toda a renda obtida com a venda de seus cookies em kits contendo uma quentinha, uma máscara e, é claro, um cookie para serem distribuídos nas ruas, instituições e comunidades do Rio de Janeiro.

A iniciativa de Mariana é o destaque do Boas Ações do ViDA & Ação desta semana. Outras ações como a Cookie do Bem se multiplicam em diversos bairros da cidade desde que a pandemia do novo coronavírus começou, ajudando a alimentar centenas de pessoas que sofrem os impactos da crise econômica provocada pelo novo coronavírus. Saiba mais sobre algumas dessas ações do bem que se espalham, fomentando o espírito de solidariedade entre os cariocas. E quem sabe você também se sensibiliza e pode apoiar ou se engajar em alguma dessas iniciativas solidárias. 

Cookie do Bem bate meta de 500 pessoas atendidas em menos de um mês

A chef confeiteira Mariana Dunningham, de 21 anos, proprietária da Handmade Doces, criou o projeto Cookie do Bem (Fotos: Divulgação)

Para arrecadar recursos, Mariana Dunningham vende a seus clientes um saco com dez cookies a R$ 15,00 e reverte toda a renda para o projeto. A campanha, lançada dia 27 de maio, ganhou de imediato o apoio dos clientes e de marcas parceiras e já conseguiu até o momento beneficiar 320 pessoas.

Os kits já foram distribuídos nas comunidades da Cidade de Deus e do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, com parceria de instituições locais, e para pessoas em situação de rua. A meta é chegar a 500 kits até o final de junho – o que deve ser conquistado já neste fim de semana (dias 20 e 21) com entregas a mais de 100 pessoas em situação de rua em Nilópolis, na Baixada Fluminense.

Para alcançar seu objetivo, a jovem empreendedora está formando uma rede de colaboradores: pessoas dispostas a ajudar na produção das marmitas, a entregar os kits, a costurar máscaras ou a fazer doações. A iniciativa também tem apoio da empresa Prata Girassol, atacadista de prata e relógios em Nilópolis.

Quando a gente decide ajudar, movimenta uma energia do bem que contamina as pessoas. Muita gente quer colaborar e não sabe como e viu a oportunidade de se engajar. Está sendo difícil coordenar essa logística, mas é um prazer enorme conseguir transformar um pouquinho da ajuda de cada um em kits que vão proporcionar ao menos um momento de alegria para quem receber”, explica.

Quando empreender caminha junto com ajudar

Não foi a primeira vez que Mariana viu seus cookies abrirem sorrisos. Há três anos, a Handmade Doces distribui cookies e brownies na festa de Natal da ONG Sonhar Acordado, no Rio, que reúne cerca de mil crianças de diversos orfanatos.

Empreender é muito difícil. A gente tem que fazer tudo e tem inúmeros desafios. Montei minha empresa aos 18 anos e a cada dia consigo melhorar meu resultado, especialmente com o ‘boca a boca’. Acho que tenho que retribuir isso e nada melhor do que usar minha arte para levar amor e um pouco de alegria para as pessoas”, explica.

A Handmade Doces é uma empresa carioca especializada em doces artesanais e personalizados. Mariana faz festas infantis, produz cestas e presentes para datas comemorativas, além de brindes para empresas. Durante a quarentena, ela também lançou o instagram @televopracozinha para compartilhar receitas e dicas de gastronomia.

Li em algumas entrevistas que ter um hobbie ajuda muito no momento atual, já que muita gente acaba sendo tomada pela tristeza. Cozinha é amor e cuidado e por isso achei que seria um momento especial de começar este canal. Estou fazendo receitas de cinema, pratos de mãe e chamando amigos para cozinhar junto. E estou amando a experiência”, completa.

Mais informações sobre como participar do projeto Cookie do Bem podem ser obtidas no instagram @handmade doces.

 

Estudante de Nutrição busca apoio de faculdade para triplicar quentinhas

Outra iniciativa que merece nossos aplausos é o Quentinhas do Bem, que começou em abril nas cozinhas dos voluntários e distribui café da manhã, almoço, água, kits de higiene, roupas e agasalhos em pontos de grande concentração de pessoas em situação de rua. Desde abril, o grupo já atendeu mais de 1.500 moradores de rua. Com o crescimento do projeto, o grupo viu a necessidade de ter mais espaço para preparar as refeições e atender ainda mais pessoas vulneráveis.

Foi aí que o estudante de Nutrição Bernardo Dantas, de 41 anos, que já conhecia a iniciativa, teve a ideia de pedir o suporte da faculdade onde estuda, no bairro do Flamengo, zona sul do Rio, para a produção de marmitas em larga escala.

Um jovem de 21 anos nos surpreendeu ao dizer que não bebe Nescau desde a infância. Algo tão rotineiro para nós, mas para eles inacessível há décadas. Este é um exemplo que nos faz acreditar que, mesmo não resolvendo a vida da pessoa, o projeto pode sanar a fome, a sede e o frio de quem tanto precisa”, conta Bernardo.

Além de ceder a cozinha industrial e da doação de mais de 30 kg de alimento do estoque, a Univeritas – Centro Universitário Universus Veritas ofereceu mão de obra para produzir as quentinhas. “Quando pensamos em fazer a parceria, pensamos em ajudar as pessoas que estavam em situação extremamente delicada. E, claro, nós entendemos que o exemplo é o melhor caminho para estimular as pessoas”, disse Adriana Garcia, diretora da Univeritas.

A ajuda da instituição ao projeto pode triplicar a produção de alimentos e dar assistência a mais pessoas em situação de rua. A estimativa dos organizadores é que 4.500 cidadãos possam receber as quentinhas. Interessados em contribuir para a iniciativa podem procurar seus responsáveis a partir do site www.quentinhasdobem.com.br ou, ainda pelo instagram @_quentinhasdobem.

Para quem precisar de uma ajuda, seja uma refeição ou uma roupa, pode encontrar a equipe distribuindo café da manhã às quintas-feiras, e almoço aos domingos, principalmente em três endereços: Rua Augusto Severo, na Glória; Praça Cruz Vermelha, na Lapa, e Praça Maracanã, na Mangueira. “No caso de haver necessidade de um novo ponto de entregas, basta comunicar à equipe ou a direção da Instituição que avaliará a logística de doações”, explica Bernardo.

Casal de Botafogo cria projeto Covid sem Fome

Em Botafogo, na zona sul carioca, o casal Pedro e Jacqueline Borges decidiu fazer quentinhas e distribuir para pessoas em situação de rua logo que iniciou o período de quarentena orientado pela OMS – Organização Mundial de Saúde. Com apoio de amigos, eles criaram o projeto Covid Sem Fome, uma iniciativa para levar refeições e suprimentos a pessoas em situação de rua, dando a elas o amparo básico necessário neste momento tão difícil.

Diante do momento difícil e desafiador que estamos vivendo, com o isolamento social, ruas vazias e estabelecimentos fechados, aquilo que era a única forma de alimentação de milhares de pessoas em situação extrema pobreza, torna-se inexistente”, justifica o casal.

A ação chega a distribuir quase 100 quentinhas por dia, mas como a cidade é grande, os idealizadores do projeto passaram a pedir a colaboração e engajamento de várias famílias em todos os bairros e cidades no projeto Covid Sem Fome.

Qualquer pessoa ou empresa pode produzir refeições para distribuição. Um exemplo de volume de compras para a produção de 20 quentinhas: 2kg de arroz, 2 kg de feijão, 2kg de frango, 1 kg farofa. O tempo de preparo é de 4 horas. E o projeto se disponibiliza para retirar as doações nos locais definido”, explicam os idealizadores.

A iniciativa orienta os cozinheiros solidários para que usem máscara, luvas e touca durante o preparo das comidas. E a equipe de entregas também utiliza máscaras, luvas  e álcool 70% durante o processo de distribuição das refeições nas ruas. As entregas são realizadas com o distanciamento de 1.5 metro das pessoas, sem muito contato físico e de maneira rápida para otimizar o tempo.

Cozinhas do Bem já beneficiou 2,5 mil pessoas

Em pouco tempo o projeto Covid Sem Fome cresceu e acabou fechando parceria com a startup Troca, dando origem ao projeto Cozinhas do Bem, que também tem apoio da ONG Gastromotiva e da Unisuam, para continuar ajudando as comunidades carentes do Rio de Janeiro. Junto com o Projeto Ruas, Hrestart e Comida é Afeto, o Cozinhas do Bem começou a operar a partir da unidade de Bonsucesso da Unisuam, onde três laboratórios do curso de Gastronomia estão sendo cedidos para a preparação dos alimentos.

Toda a produção é feita por voluntários, principalmente pessoas da iniciativa Covid sem Fome e ex-alunos da ONG Gastromotiva. Esta mesma entidade mantém um banco de alimentos que reúne doações de diversas empresas parcerias, com o Grupo Trigo e o Clube Orgânico. Iniciado no dia 20 de abril, com a produção e distribuição de quentinhas, o projeto já beneficiou aproximadamente 2.500 pessoas. A  iniciativa, que conta com uma ampla rede de entidades, empresas parceiras e voluntários, estima chegar a 5.000 refeições entregues diariamente nesse período de distanciamento social.

O desafio é conseguir reunir três frentes: a infraestrutura com os equipamentos e utensílios necessários, as matérias-primas para o preparo das refeições e as pessoas voluntárias para atuar tanto na produção quanto na distribuição”, explica Tarso Oliveira, fundador da Troca, startup de impacto social que atua na gestão do projeto, junto com o Covid Sem Fome.

Outras cozinhas se juntaram à iniciativa. Dos locais de preparação, os voluntários organizados pelo Covid Sem Fome fazem a distribuição, começando pelas áreas mais críticas das regiões de Bonsucesso, Centro e Lapa. A logística de distribuição foi organizada de maneira a evitar aglomerações. Os voluntários utilizam máscaras e mantêm o distanciamento adequado para prevenir a contaminação pelo coronavírus.

Nesse momento, é necessário olharmos para as populações em situação de vulnerabilidade social. Isso é urgente, a fome não espera, e, enquanto universidade, estamos juntos com os nossos parceiros engajados em olhar para as necessidades das populações locais”, ressalta Arapuan Motta Netto, reitor da Unisuam.

Como ajudar o projeto cozinhas do bem?

Saiba o que é preciso para fazer parte e ajudar, afinal num momento desses, o que faz a diferença é a união, a criatividade, a solidariedade e o espírito coletivo!

  • Doação de alimentos para o preparo das comidas;
  • Doação de comidas não perecíveis que possam ser entregues as pessoas na rua;
  • Doação de água mineral;
  • Doação de verba para compra de alimentos diretamente à equipe ou pelo Catarse;
  • Doação de itens de higiene pessoal: pasta de dente, papel higiênico, sabonete, escova de dente, absorvente…;
  • Trabalho voluntário para distribuição das refeições com carro ou sem carro;
  • Trabalho voluntário doação de quentinhas – na lógica do ‘onde come um, comem dois’, após seu almoço ou jantar só separar as quentinhas a serem doadas para o projeto e combinar com o contato do projeto da região;
  • Trabalho voluntário como cozinheiro (a) com fornecimento de alimentos pelo projeto.
  • Empresas e pessoas que puderem contribuir doando alimentos, recursos financeiros ou participando como voluntários podem enviar mensagem pelo WhatsApp (21) 96724-6149. Mais informações nas redes sociais @covidsemfome.
Pontos de contato para recolher quentinhas, distribuição e recebimento de doações
  1. Zona Sul – Botafogo – Pedro – 21-99606-1825 / Jacqueline – 21-99237-5093
  2. Laranjeiras – Rai – 21 99113-6257
  3. Zona norte – Tijuca – Darci – 21- 99993-0299
  4. Zona Oeste – Jacarepaguá – Rosane – 21-99973-2264

Fazer o Bem alimenta moradores de rua e seus cães

Outra iniciativa que ameniza a fome de quem vive nas ruas e comunidades do Rio de Janeiro é o projeto do grupo Fazer o Bem, que promove assistência a moradores de rua nesse momento de crise. O coletivo tem distribuído roupas, refeições, cobertores, produtos de higiene e água diariamente para cerca de 100 moradores de rua. Além do kit (com água, refeição, fruta e produtos de higiene), as pessoas que possuem cães têm recebido ração animal.

Com ajuda de 50 voluntários e do supermercado Zipp, que doa em torno de 50kg de alimentos e itens de limpeza e higiene semanalmente, eles distribuem kits pela Zona Sul do Rio. O objetivo é aumentar para 200 quentinhas diárias, ampliando, também a área de distribuição. Para isso, eles precisam da ajuda de colaboradores para doações como água, embalagem de quentinha, alimentos, cobertores, entre outros. Para ajudar, basta entrar em contato no link do perfil no @comprezipp.

Grupo de amigos prepara quentinhas em casa

Moradora da Tijuca, a servidora pública Viviane Lopes é uma das voluntárias do Grupo do Bem, que começou pequeno e tem aumentado na pandemia. Sozinha, ela passa horas dos seu dias de sábado preparando 50 quentinhas para doar a moradores de rua anônimos em diferentes cantos da cidade. “Meu marido e meu filho Pedro, de 14 anos, ajudam a fechar as embalagens e a a lavar a louça depois”, conta ela. E olhem só o capricho dos pratos!

A família se juntou para preparar as refeições a tempo de entregar ao líder do projeto, Conrado, que passa de carro nas casas recolhendo as doações de quentinhas para fazer a distribuição nas ruas. Munido de máscara, álcool gel e tomando todos os cuidados para evitar aglomerações, Conrado de Carvalho Arranz entrega pessoalmente os pratos.

Ele compra cestas básicas para doar, ajuda a tirar das ruas, arruma lugar para elas ficarem, arrecada roupas, brinquedos, mantimentos, consegue dinheiro para comprar mobília usada, equipamentos hospitalares e materiais de higiene. Ele se dedica a esse trabalho social. Todos reconhecem o trabalho dele e contribuem financeiramente”, conta Viviane.

Viviane conheceu o Grupo do Bem por meio de uma amiga. “Primeiro fiz uma contribuição em dinheiro. Quem pode vai colocando um outro amigo que vai contribuindo. É uma rede do bem, amigos dos amigos. Muitos nem se conhecem ou conhecem o Conrado, mas entra na confiança do amigo que indicou. A cada dia da semana uma pessoa assume a tarefa de cozinhar. Outra amiga também faz comida como eu, ele passa lá para pegar e assim vai”.

O grupo era pequeno quando começou e hoje tem mais de 70 pessoas unidas por intermédio do Conrado. “Não é tão estruturado, mas é um grupo de boa vontade mesmo. Cada um ajuda como pode. E ele faz a coisa acontecer. Eu sou apenas uma pontinha”, diz Viviane.

Mas se cada um fizer um pouquinho, o mundo fica bem melhor, não é verdade?

‘Não seremos mais os mesmos’, diz voluntário do Grupo do Bem

O mundo parou. Mas não porque quisemos. Precisou parar. Parece mentira, coisa de filme mas não. É real. O medo, a angústia a incerteza atropelaram tudo e mudaram nossa rotina. Um vírus, um mal invisível foi capaz de parar trabalho, escola, transporte, tudo. Tá, mas e agora? Agora nos resta olhar pra dentro com mais atenção e olharmos pra fora com mais empatia. Apesar do confinamento e da distância, algo nos une, nos motiva. Não é apenas um problema meu e sim um problema nosso.

Mais de 400 mil vidas se foram em todo mundo. Muito triste. No início do confinamento no balcão da padaria perto de casa me deparei com um pedido de um morador de rua que me fez refletir. Como que essas pessoas estariam se virando pra comer?? Decidi então começar a distribuir sanduíches no bairro. Esse pequeno gesto foi aos poucos “contaminando” amigos próximos mais rápido que qualquer vírus seria capaz.

Criamos o Grupo do Bem, os colaboradores foram se multiplicando, as doações foram aumentando. Hoje já são quase três meses distribuindo diariamente uma média de 50 refeições/dia além de outras doações como máscaras, cobertores, roupas, brinquedos, mobília, etc.

Obrigado a todos que doaram seu tempo, sua atenção, seu suado dinheiro para ajudar a essas pessoas que muitas das vezes recebem de nossas mãos a sua única refeição do dia. Não temos o controle de tudo. Não sabemos o dia de amanhã, mas uma coisa é certa: não seremos mais os mesmos” (Conrado de Carvalho Arranz, voluntário e fundador do Grupo do Bem)

Com Assessorias

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