Mitos e verdades: alimentação da mãe influencia na amamentação?  

Alimentos que dão cólica ao bebê e bebidas que estimulam a produção de leite. Especialistas tiram as principais dúvidas

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Estudos mostram que a boa relação da mãe com os alimentos influencia hábitos do bebê, reduzindo riscos de problemas cardíacos, diabetes e obesidade. Levando em consideração a importância da alimentação que pode alterar a composição do leite materno, é recomendado ter alguns cuidados com a dieta na fase de lactação.

De acordo com a Febrasgo, é de extrema importância ressaltar o impacto de uma alimentação saudável para a lactante no contexto do aleitamento materno. A hidratação é um aspecto fundamental, assim como uma dieta equilibrada, incluindo frutas, verduras e legumes frescos e higienizados, bem como proteínas provenientes de fontes animais, como carnes, frangos, ovos e peixes.

Além disso, tem sido recomendada a suplementação de micronutrientes nessa fase, como ferro, vitamina D, vitaminas do complexo B e ômega, pois esses nutrientes desempenham um papel crucial no desenvolvimento da criança e no fortalecimento do sistema imunológico.

Micronutrientes como selênio e zinco também desempenham um papel importante na resposta imunológica, e a suplementação adequada tem sido recomendada para garantir que esses nutrientes sejam fornecidos em quantidade suficiente.

Por outro lado, é essencial evitar o consumo de álcool e alimentos altamente alergênicos. Alimentos multiprocessados, contendo corantes e aditivos artificiais, assim como salsicha, mortadela e alimentos muito condimentados, devem ser evitados para garantir a saúde da lactante e do bebê.

Mas muitos são os mitos que cercam a amamentação, principalmente se tratando da alimentação materna. Há quem diga que determinados alimentos podem aumentar a produção de leite, já outros podem diminuí-la. Há quem afirme que, durante este período, a alimentação da mulher deve ser super restritiva e rigorosa.

Dentre as principais orientações, indica-se excluir o consumo de chás durante a lactação devido à falta de dados seguros sobre a relação dos compostos bioativos presentes nas ervas e a capacidade do bebê em conseguir metabolizá-los.

Profissionais da área de saúde também orientam evitar o consumo de açúcar refinado, produtos processados/ultraprocessados ricos em aditivos, frituras (principalmente em imersão, como empanados e pastel) e alimentos com alto índice de cafeína, como café e chocolate.

“É preciso cuidado especialmente com o cafezinho. A bebida causa cólicas, já que a cafeína estimula a liberação de ácido clorídrico no estômago – conhecido como suco gástrico. No bebê, isso pode levar a desconfortos, como dor e refluxo”, explica a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana Zanardo.

Em relação aos alimentos crus, o cuidado durante a lactação diz respeito ao risco de contaminação, visto que a mãe faz parte do grupo de risco e o acometimento de uma intoxicação alimentar pode prejudicar sua saúde, assim como a do bebê. Outra importante contraindicação é a ingestão de bebidas alcoólicas.

“Cerveja preta não estimula a produção de leite. O álcool pode causar efeitos nocivos ao sistema nervoso central do bebê, acarretando sonolência e dificuldade em se alimentar, reagir aos estímulos, além de outros problemas mais graves, como comprometimento do desenvolvimento neurológico e psicomotor”, alerta.

“Estudos confirmam que toda mãe produzirá o leite adequado e nutritivo para o desenvolvimento do filho, uma dieta inadequada trará mais prejuízos para a mãe do que para o bebê. A restrição na alimentação materna acontece apenas em casos de alergia e é necessário ter cautela quando falamos em produtos com cafeína e bebidas alcóolicas”, ressalta a pediatra Luísa Sanches, do Eco Medical Center Curitiba.

7 mitos e verdades sobre alimentação x amamentação

Por ser um dos momentos mais importantes e desafiadores da maternidade é cercado de opiniões e crendices que nem sempre condizem com a realidade. Chocolate, café e brócolis já foram os grandes vilões, sendo evitados por boa parte das mães durante o aleitamento.

Segundo o Ministério da Saúde, pode-se comer, sim, alimentos que antes eram proibidos, mas com moderação, hoje em dia o que vale é o bom senso na hora de escolher os alimentos de cada refeição.

Para desmistificar o assunto, as especialistas Aline Becker, nutricionista e personal trainer, e Kelly Oliveira, pediatra especialista em amamentação, respondem quais os mitos e verdades sobre amamentação:

A alimentação da mãe influencia na amamentação?

Verdade. Existe a necessidade da mãe se alimentar adequadamente de forma saudável e equilibrada: “A alimentação da mãe colabora para a amamentação, principalmente no teor de vitaminas e minerais, mas isso não significa que ela tem que seguir uma dieta limitante, abrindo mão de diversos alimentos. Mas sim, uma dieta responsável e equilibrada ”, diz Aline Becker, nutricionista, personal trainer e mãe do pequeno Kalu, de 2 anos.

Canjica aumenta a produção de leite? 

Mito. Nenhum alimento aumenta a produção de leite: “Antigamente muitas pessoas existiam esse conhecimento popular a respeito de alimentos que aumentavam a produção de leite. Mas ao contrário do que as pessoas pensam, a canjica não é indicada, pois contém leite de vaca e pode fazer com que o bebê tenha colicas”, explica Aline.

Quem amamenta consome mais água e calorias? 

Verdade. A produção de leite exige um consumo maior de água e calorias: “A amamentação é um período de alta demanda nutricional, não é aconselhável fazer dietas restritivas. A alimentação da mulher deve ser equilibrada e variada para manter a saúde e a nutrição que são essenciais para  produzir o leite materno. Além disso, a mulher deve aumentar entre 200 a 500 calorias na dieta. Também é importante beber bastante água ao longo do dia, para repor o líquido que está sendo usado na produção do leite”, diz a especialista em nutrição.

Algumas mães produzem “leite fraco” para o bebê?

Mito. Não existe leite fraco. O leite materno é o alimento mais completo que o bebê pode receber:  “Toda mãe é capaz de produzir o leite com os nutrientes necessários para suprir todas as necessidades nutricionais do bebê. O que acontece em alguns casos é que a produção de leite pode estar baixa, mas isso não está relacionado com a qualidade do leite e pode ser facilmente resolvido”, comenta Kelly Oliveira, pediatra especialista em amamentação, responsável pelo perfil Pediatria Descomplicada no Instagram, que orienta pais sobre cuidados com os filhos sem neura.

Mulheres que amamentam não podem tomar café?

Mito. Bebidas estimulantes, como café, chá preto, chá mate, chocolate e chimarrão podem ser consumidas com moderação, pois podem causar insônia ou hiperatividade nos lactantes.

O leite materno pode provocar cólicas ou alergias no bebê? 

Verdade. O sabor de alguns alimentos é passado para o leite da mãe, incluindo substâncias que podem ser alérgicas e gerar cólicas no bebê, como alimentos à base de derivados de leite. Por isso, recomenda-se que a alimentação da mãe durante a amamentação contenha preferencialmente alimentos in natura e minimamente processados.

Amamentar emagrece? 

Verdade. Neste período também há um grande gasto energético e micronutrientes, fazendo com que a mãe possa perder de 1 a 2kg por  mês, portanto a quantidade de carboidrato, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais consumidos devem ser proporcionais a esse gasto:

“O mais importante é estar atento à quantidade de refeições diárias. O recomendado é comer de forma fracionada, ou seja, de 4 a 5 refeições ao longo do dia. Essas refeições podem ser: café da manhã, almoço, jantar e duas pausas para o lanche entre as refeições principais”, afirma a pediatra.

Ela adverte que a  alimentação materna inadequada com ausência ou deficiência no consumo de alimentos fontes de nutrientes pode resultar em deficiências nutricionais no leite materno. “Comer com regularidade, devagar, em ambientes apropriados e beber água sempre que sentir sede são práticas alimentares recomendadas às mulheres em fase de amamentação”, ressalta.

Importância do leite humano para a saúde do bebê  e da mãe

O leite materno é um alimento nutricionalmente equilibrado tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo, e o ato de amamentar auxilia no desenvolvimento saudável do cérebro e protege contra infecções tanto o bebê quanto a mãe. Inclusive, novos dados da literatura científica indicam que o aleitamento materno é um mecanismo de prevenção contra a obesidade infantil e adulta.

“Crianças alimentadas com fórmulas podem ter concentrações sanguíneas mais altas de insulina em comparação com aquelas que foram amamentadas. Essa concentração maior de insulina está relacionada com o aumento da deposição de gordura e o desenvolvimento precoce de adipócitos, ou seja, de células de gordura. O leite materno, por sua vez, possui componentes que interferem no crescimento desses adipócitos”, explica a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana Zanardo. 

Em razão disso, o aleitamento é considerado um período crítico e crucial, já que a exposição do bebê aos componentes do leite materno induzem a uma “programação metabólica” mais adequada em relação à estrutura e às funções corporais e metabolismo como um todo. Ainda, a amamentação por livre demanda estimula a criança a desenvolver autorregulação da ingestão alimentar, fazendo com que ela reconheça seus próprios mecanismos de fome e saciedade.

Dieta mediterrânea para lactantes pode beneficiar mães e bebês

Para reforçar as ações de promoção, proteção e apoio à amamentação, especialistas alertam para a importância de uma alimentação saudável e completa, composta por todos os grupos alimentares, tanto em relação a macronutrientes como micronutrientes para a mãe lactante.

Nesse contexto, a dieta popularmente conhecida como Mediterrânea tem sido amplamente difundida devido ao seu papel na prevenção e no tratamento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes, hipertensão, obesidade ou alterações nos níveis de gorduras no sangue.

A dieta do Mediterrâneo é um plano alimentar baseado nos hábitos dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo (principalmente o sul da Itália, Grécia e sul da Espanha).

No cardápio, priorizam-se frutas, verduras (folhosos), legumes (principalmente aqueles com bastante água, como tomate, abobrinha, brócolis, chuchu e couve flor), gorduras insaturadas (presentes em castanhas, sementes, abacate, coco e azeite de oliva), carboidratos complexos (de grãos integrais, como quinoa e amaranto; e de leguminosas, como feijões, lentilha, ervilha e grão-de-bico) e proteínas com baixas quantidades de gorduras saturadas e com maiores teores de gorduras insaturadas (como peixes – salmão e atum).

A dieta materna influencia diretamente na composição do leite materno, o qual impacta na saúde do bebê. “A proteína, por exemplo, é essencial para o crescimento físico e desenvolvimento cerebral de neonatos, principalmente para prematuros que precisam de mais proteína para seu crescimento e desenvolvimento”, explica a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana Zanardo.

Os nutrientes presentes na dieta mediterrânea têm capacidade antiinflamatória e antioxidante, além de gorduras “do bem” como ácidos graxos e ômega-3. “A gordura é uma importante fonte de energia no leite humano, tendo associação positiva entre a ingestão de ácidos graxos na dieta e a sua concentração no leite materno.

A ingestão adequada está relacionada com desenvolvimento do sistema nervoso central, saúde ocular e crescimento da criança. Dessa forma, a dieta mediterrânea pode auxiliar no aporte nutricional necessário para o crescimento e desenvolvimento infantil, já que reúne todos os nutrientes essenciais para o período. Ainda, vale lembrar a importância do acompanhamento nutricional individualizado para que todas as necessidades sejam atendidas, conforme cada caso”, complementa a nutricionista.

Para se obter todos os nutrientes necessários, é importante equilibrar as quantidades de cada grupo alimentar. “De forma geral, podemos seguir o raciocínio da Pirâmide dos Alimentos com a recomendação de consumo diário de hortaliças, como verduras folhosas e legumes ricos em água; de duas a três porções de frutas variadas; raízes como batata, mandioca, mandioquinha e grãos, como aveia, quinoa, amaranto. Sugiro sempre priorizar as fontes de carboidratos integrais”, detalha.

Em relação à proteína, priorize as proteínas animais com baixos teores de gorduras saturadas como peixes e complemente com proteínas vegetais, como as leguminosas (feijões, lentilha, ervilha e grão-de-bico). Com a ingestão adequada dos alimentos citados, a lactante irá suprir as maiores demandas de nutrientes desse período, que são as vitaminas A, B6, B12, C, D e E; cálcio e ferro.

Com Assessorias

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