Mais de 700 mil pessoas decidiram tirar a própria vida em 2019, número superior ao de mortes por HIV, malária, câncer de mama e homicídio, de acordo com o último levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, foram registrados 12.895 casos em 2020, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Recentemente, o DataSUS divulgou um dado preocupante sobre o Brasil: nos últimos 20 anos os suicídios subiram de 7 mil para 14 mil, mais de um a cada hora, sem contar os casos que não foram notificados. O número é maior do que mortes por acidentes de moto no mesmo período.

O mês de setembro é oportuno para falar sobre prevenção ao suicídio. Isso porque a campanha Setembro Amarelo, criada em 2015, visa à conscientização da população sobre esse grave problema e formas de evitá-lo.

Para Filipe Colombini, psicólogo especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos e em Clínica Analítico-Comportamental, a melhor maneira de trabalhar a prevenção em relação ao suicídio é “quebrar” paradigmas e preconceitos sobre esse tema delicado, proporcionando espaços e oportunidades para se falar sobre o assunto por meio de dados de pesquisas atuais.
Segundo o especialista, é importante que a família estabeleça uma rede de apoio intensiva para acompanhar de perto o paciente. “Dessa forma, as pessoas vão poder ser alertadas sobre os riscos e gatilhos que podem levar alguém a pensar sobre se suicidar”, diz Colombini.  A discussão, aponta o psicólogo, deve se estender para o ambiente escolar.
“Quando lembramos que o suicídio é uma das principais causas de morte entre jovens brasileiros, entendemos a importância de programas de orientação sobre o assunto nas escolas, para que adolescentes e crianças sejam estimulados a explicitar seus sentimentos e percebam que existem pessoas dispostas a ajudar. A audiência não-punitiva é fundamental”, destaca.
O tratamento depende de uma avaliação criteriosa e sensível às demandas de cada pessoa: terapia dentro e fora do consultório, atendimento psiquiátrico, grupos de treinamento de habilidades, suporte por telefone, orientação e treinamento familiar, entre outros dispositivos clínicos.
 “Em alguns casos, a internação é indicada e precisa ser acompanhada pela equipe responsável pelo paciente, seguindo objetivos claros e mensuráveis”, destaca o Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).

Cada caso é um caso

Segundo Colombini, o suicídio tende a ser multifatorial: predisposição genética somada a diversos fatores ambientais que precisam ser investigados caso a caso. A maioria das ocorrências acontece entre pessoas com distúrbios psiquiátricos, como depressão, transtorno bipolar, transtornos de personalidade.
“Nestes casos, os familiares devem estar atentos e sensíveis a sinais como: isolamento social, irritabilidade, pessimismo, apatia, sentimentos de culpa ou vergonha, mudanças de hábitos”, completa o especialista, que possui formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.
Colombini é professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Também é fundador e coordenador acadêmico da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo desde 2012.
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