Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva, que se manifesta pela perda cognitiva, principalmente da memória. Como 99% dos tratamentos para o Alzheimer falham na regressão da doença, o foco deve ser a prevenção. Um novo estudo publicado no britânico The Lancet demonstrou que mais de 50% dos casos de demência no país poderiam ser evitados por meio de medidas preventivas de alguns dos fatores de risco evitáveis ligados à patologia.

“Com base nos resultados do nosso estudo, concluímos que iniciativas de saúde pública com foco na prevenção dos principais fatores de risco, como ações de conscientização ou estímulos para medição da pressão arterial, poderiam reduzir mais de 300 mil novos casos de demência até 2050 no Brasil”, explica Wyllians Borelli, um dos autores do estudo, pesquisador do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (RS) e diretor científico da hygia saúde, startup dedicada aos cuidados de saúde preventiva

De acordo com o médico, para o estudo, foram considerados ao todo dez fatores de risco evitáveis para demência, entre eles nível de escolaridade, perda auditiva, sedentarismo, hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade, consumo de álcool, depressão e isolamento social. “Detectamos que a perda auditiva (14,2%), o sedentarismo (11,2%) e a hipertensão (10,4%) compõem os fatores com maior potencial de prevenção dos casos de demência”, explica.

Apesar de o Brasil ser considerado um país de renda média alta, com um sistema unificado de saúde, uma parcela significativa da população adulta ainda está exposta a vários fatores de risco de demência. A boa notícia é que agora temos alvos bem definidos para evitar o desenvolvimento da doença na população. Com atividades físicas, cuidados com a alimentação e com a saúde mental, podemos evitar até metade de todos casos de demência que venham a se desenvolver”, ressalta o especialista.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 55 milhões de pessoas com demência, incluindo o Alzheimer, em todo o mundo. Só no Brasil, são 1,2 milhão de casos, a maioria sem diagnóstico confirmado. Estima-se que, nos próximos anos, o mundo todo terá um grande número de casos de demência, porém, nos países de alta renda, essas taxas se mostram decrescentes, provavelmente por conta de um controle mais rigoroso na saúde da população. Por outro lado, somente os países de baixa e média renda representam cerca de dois terços da população mundial que sofre de demência.

Setembro é o mês de conscientização do Alzheimer, que é parte de uma campanha internacional da Alzheimer‘s Disease International – ADI (em português, Doença de Alzheimer Internacional), e tem o intuito de aumentar a conscientização e diminuir o estigma acerca da patologia. No Brasil, a data foi instituída pelo Ministério da Saúde em 2008 e, desde então, associações médicas e a sociedade em geral mobilizam-se para ampliar o conhecimento acerca das demências relacionadas ao envelhecimento da população.

Você sabia que existem mais de 140 tipos de demência?

A demência é uma condição que se caracteriza pela deterioração progressiva das funções cognitivas. Geralmente, o primeiro sintoma a aparecer em uma pessoa nessa condição é o lapso de memória, ou seja, o esquecimento de informações recentes.

“A pessoa começa a esquecer o caminho de casa, a perder coisas de valores, como dinheiro, ficar desorganizada em casa e, consequentemente, não consegue fazer as atividades da vida cotidiana”, explica o Custódio Michailowsky Ribeiro, Neurologista do Hospital Albert Sabin (HAS).

O médico atenta para o fato de que nem sempre esses sinais podem ser indícios de demência. “Muitas vezes, principalmente quando é o próprio paciente a notar, pode ser uma depressão, uma ansiedade, contudo, somente o médico especialista poderá fazer o diagnóstico diferencial com a Doença de Alzheimer ou qualquer outra”, diz.

Existem mais de 140 tipos, ou causas, de demência. Entre as principais estão:

Doença de Alzheimer;

Demência vascular;

Demência com Corpos de Lewy (LBD);

Demência da doença de Parkinson;

Demência frontotemporal (DFT).

Uma causa bastante frequente é o traumatismo craniano de repetição, ou seja, a pessoa que cai ou recebe golpes na cabeça continuamente, como, por exemplo, o lutador. “Esses atletas somente perceberão o dano causado após algum tempo, quando passar dos 50 ou 60 anos de vida”, conta o neurologista do HAS.

No mundo, a causa de demência mais comum é doença de Alzheimer, contudo, no Brasil é a demência mista, ou seja, Alzheimer junto com a vasculopatia, ou demência vascular.

Apesar da demência não ser hereditária, estudos mostram que filhos de pacientes com Alzheimer têm quatro vezes mais chances de desenvolver a doença. Hábitos saudáveis, como boa alimentação, sono suficiente, exercícios físicos, controle do peso e de doenças sistêmicas são dicas valiosas para a prevenção.

Exames clínicos e de imagem, como a ressonância magnética, a tomografia computadorizada e a tomografia por emissão de pósitrons são os indicados para o diagnóstico de Alzheimer e outras doenças relativas à demência.

“Já o tratamento dessas doenças é feito somente para controlar os sintomas e retardar o agravamento da degeneração cerebral. Inclui o uso de remédios como Donepezila, Rivastigmina ou Memantina e deve sempre ser prescrito por um profissional médico, preferencialmente um psiquiatra ou neurologista”, finaliza o Dr. Custódio.

  1. Com Assessorias
  2. Leia mais sobre o Alzheimer em nosso site

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