Nesta quinta-feira, 22, mais precisamente às 22h04, inicia-se a primavera, que este ano será marcada pelo fenômeno climático La Ninã. A estação é conhecida como equinócio, período conhecido entre verão e inverno. De acordo com o Climatempo, em quase todo o Brasil, o início da primavera será com intensas chuvas.

Mas para quem sofre com alergia, a temporada das flores, que promete aquecer o clima e preparar o clima para a chegada do verão, também é marcada pelas alergias sazonais, segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Sintomas como espirros, obstrução nasal, tosse, coriza e coceira no nariz e nos olhos, se tornam frequentes nesse período.

“Quadros de alergias respiratórias costumam mudar com a troca das estações, devido às variações de temperatura, umidade, pressão atmosférica, ventos. Depois do outono e inverno, a primavera é a terceira estação com maior intensidade desses problemas”, explica Olavo Mion, membro do Departamento de Alergia da ABORL-CCF.

Nesse período, há aumento da concentração de pólen do ar, liberado das flores e das gramíneas e dispersado pelo vento, uma situação que acaba afetando as mucosas e vias aéreas, sendo capaz de desencadear crises de rinite alérgica, asma e conjuntivite, por exemplo.

Indícios recorrentes da rinite são coceira no nariz, corrimento nasal excessivo e obstrução nasal. Além de impactar o bem-estar do paciente. “A rinite alérgica não controlada ou não tratada prejudica o sono, o trabalho, o desempenho escolar, o esporte e toda a qualidade de vida do indivíduo é afetada” explica Renato Roithmann, presidente da ABORL-CCF.

Já a conjuntivite pode estar associada com prurido nos olhos, hiperemia (aumento da quantidade de sangue circulante) nos olhos e lacrimejamento. “A rinite alérgica e a conjuntivite também podem estar relacionadas à asma, que é um quadro pulmonar muitas vezes alérgico com sintomas como falta de ar ou dificuldade de respirar (dispneia), tosse e chiado no peito”, especifica Olavo.

Prevenção e cuidados

A ABORL-CCF orienta para a adoção de cuidados, a fim de que a saúde não seja impactada com alergias típicas dessa estação. A melhor forma de prevenção é evitar o contato com as substâncias que desencadeiam esse problema.

“Se o indivíduo tem alergia a ácaros, não deve ter contato com poeira domiciliar. Se tem alergia a pólen, precisa evitar a exposição a esse agente nessa época da polinização. Evitar ambientes com fumaça, ou contato com cigarro, também auxilia na prevenção”, esclarece Mion.

Outra dica é fazer a lavagem nasal com soluções fisiológicas visando a remoção de agentes que irritam a mucosa interna do nariz. “Mas esse procedimento deve ser feito com orientação e acompanhamento médico, para que o método ou a medicação sejam adaptados conforme a condição clínica do paciente”, alerta Roithmann. Medicamentos específicos podem controlar e prevenir o aparecimento dos sintomas.

“É importante consultar um médico para o correto diagnóstico e tratamento individualizado, além de alinhamento das medidas de prevenção. Evite a automedicação, principalmente, descongestionantes nasais que podem proporcionar alívio num primeiro momento, mas que, usados de forma indiscriminada, podem causar dependência”, finaliza Dr. Mion.

Alergias afetam mais idosos e crianças

As alergias e doenças respiratórias costumam ser comuns neste período do ano, afetando principalmente alguns grupos de pessoas como idosos, crianças ou quem possui alguma comorbidade. Vírus como o metapneumovírus humano e o rinovírus possuem circulação mais intensa entre setembro e dezembro. Esses vírus são responsáveis por doenças como: resfriado comum, sinusite viral e faringite viral. Além deles, existe a possibilidade da circulação dos vírus típicos de inverno como influenza e vírus sincicial respiratório.

Como forma de identificação do agente infeccioso é necessário ficar atento aos sintomas mais comuns. As infecções respiratórias se manifestam como um resfriado. Nesses casos, tosse e coriza são mais frequentes. A grande dificuldade é que algumas alergias, como a rinite, também se manifestam com esses sintomas. Quando há síndrome gripal, que inclui a febre, dor de cabeça e dor no corpo, a chance de ser uma infecção aumenta consideravelmente.

É importante lembrar que a Covid-19 ainda está em circulação em todo o país e as pessoas devem seguir com os protocolos de saúde de cada estado e realizar o ciclo vacinal.

“A Covid-19 é o principal vírus circulante, mas ainda sem uma sazonalidade bem definida, devido ao baixo tempo de propagação do vírus. É provável que nos próximos anos o SARS-CoV-2 passe a apresentar características semelhantes da influenza. Poderemos testemunhar aumento de sua circulação no inverno”, explica Bernardo Almeida, infectologista e diretor médico da Hilab.

Primavera pode aumentar alergias respiratórias em bebês e crianças

Para ajudar os pais e responsáveis a garantir que a estação seja mais saudável para os pequenos, a pediatra Roberta Perrela Geri alerta sobre principais cuidados para o período. Segundo ela, a causa para o aumento das alergias está ligada às mudanças bruscas de temperatura e à maior polinização das flores. Os sintomas mais comuns que as crianças podem apresentar são os geralmente associados à rinite, como irritação nos olhos, nariz e espirros.

Apesar do revés, a primavera pode significar um grande alívio para os pais. Isso porque, com o clima mais quente, as crianças tendem a aproveitar mais as atividades ao ar livre e, assim, ficar menos expostas à contaminação de vírus e bactérias. “Evitar ambientes fechados e manter o espaço arejado também é uma maneira de escapar dos efeitos adversos da estação”, afirma a pediatra.

Com algumas dicas fáceis de ser seguidas, é possível curtir todas as possibilidades da primavera com os pequenos sem grandes preocupações. “Atos simples, como abrir as janelas, retirar cortinas, tapetes, bichinhos de pelúcia e mosquiteiros de berços, podem ser suficientes para amenizar as alergias”, conclui Roberta.

Como se proteger

Idosos ou quem possui comorbidades são os mais vulneráveis para formas graves de descompensação respiratória. Nas crianças, por outro lado, as alergias e infecções respiratórias são muito prevalentes, apesar de raramente serem graves.

Em relação às infecções, a vacinação para doenças imunopreveníveis são ações que diminuem o risco de contrair a infecção ou ter complicações decorrentes dela. Para alergias, evitar exposição a alérgenos como ácaros, poeiras, fungos, mofos e tecidos que acumulem essas substâncias ou mantendo-os limpos e higienizados.

Alguns casos ocorrem por produtos de limpeza específicos ou perfumes. Em situações induzidas por pólen, evitar áreas muito arborizadas e não secar roupas ao ar livre.

Em casos de maior risco ou grupos vulneráveis às crises respiratórias, seja por infecção ou alergia, é muito importante que exista o acompanhamento médico ao primeiro sinal de sintoma da doença, para identificação e tratamento com antialérgicos.

Nas situações de sintomas como febre, cansaço, dores de cabeça e tosse é importante realizar um teste para descobrir se a pessoa está com Covid-19 ou influenza. Os dois vírus possuem indicativos parecidos e, em um primeiro momento, podem ser confundidos com uma gripe comum, por isso a importância de realizar a testagem como estratégia de prevenção.

Cuidados para evitar alergias típicas da primavera

A ABORL-CCF ainda indica outros cuidados que podem ajudar a evitar as alergias típicas na primavera:

– Mantenha as janelas de casa fechadas para evitar a entrada do pólen, principalmente no período da manhã. Mas é importante abri-las ao menos um pouco, uma vez por dia, para arejar o ambiente;

– Evite exercícios físicos pela manhã, pois a disseminação de pólen é maior neste período;

– O uso de óculos de sol ajuda a diminuir o contato dos olhos com o pólen;

– Ao lavar as roupas, evite deixá-las secando próximo a árvores ou canteiros de flores, pois o pólen suspenso pode se acumular nos tecidos.

– É importante limpar bem o filtro do ar-condicionado e fazer manutenção constante no aparelho;

– Animais de estimação também podem trazer o pólen no pelo. Evite deixá-los no quarto e mantenha frequentes os banhos dos pets.

– Mantenha os ambientes domiciliar e de trabalho sempre limpos. Prefira higienizar com pano úmido e evite varrer ou aspirar o chão, pois isso favorece que a poeira se espalhe no ar.

– Ao passar muito tempo ao ar livre, procure tomar banho e lavar os cabelos, pois o pólen adere ao corpo e nos fios.

Com Assessorias

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