A pandemia alterou os hábitos das pessoas, podendo ter provocado um certo relaxamento no controle do diabetes. É o que se percebeu no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione, o Iede, referência no atendimento à doença no Estado do Rio de Janeiro.
O guarda municipal Edmar Leopoldo Correa, de 55 anos, morador de Bangu, Zona Oeste do Rio, há 25 anos se trata no Instituto Estadual de Diabetes, referência no atendimento à doença no Estado do Rio de Janeiro, admitiu que a pandemia atrapalhou seu tratamento.
Foi um momento de muito estresse e de longo período de confinamento. A quarentena acabou facilitando para que as coisas saíssem do eixo, o que incluiu o consumo excessivo de comida”, assumiu Edmar, que controla a doença com usos de insulina, remédio e um plano alimentar feito pelos nutricionistas do Iede.
Por quatro décadas, Teresinha Salvino de Azevedo, de 84 anos, se cuida no IEDE. Moradora de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, ela encontrou na unidade o local certo para seu tratamento. “Sempre apresentei uma taxa de glicose elevada e há 40 anos cuido de minha saúde aqui. A cada três meses, venho na unidade para me consultar. No instituto tenho os cuidados que preciso de endocrinologista, cardiologista e nutricionista para o controle e tratamento do diabetes”, destaca a aposentada.
Para a médica Rosane Kupfer, chefe do serviço de diabetes do Iede-RJ, o confinamento levou muitos pacientes ao sedentarismo. “Por isso, a importância de se voltar a praticar atividades físicas para melhora da saúde, de uma forma geral, tomar medicação indicada por especialistas, consumir uma alimentação balanceada, além de se evitar aquelas ricas em açúcares”, afirma.
A mudança de hábitos para pior, com o consumo de comidas industrializadas, a falta de exercícios e a ingestão em excesso de carboidratos foram fatores que contribuíram para a elevação dos índices de glicemia no período de confinamento.
A chefe do serviço de diabetes do Instituto Estadual de Diabetes explica as taxas para se considerar uma pessoa pré ou diabética. “Caso a taxa de glicose no sangue, em jejum, seja entre 100-125 mg/dl, o paciente é considerado pré-diabético. Valores de glicemia, em jejum, maiores ou a partir de 126 mg/dl, repetidos em uma nova amostra, confirmam o diagnóstico”.
IEDE é referência no atendimento ao diabetes
A porta de entrada para o tratamento dos pacientes começa pela atenção primária, ou seja, unidades básicas de saúde, como a Clínica da Família. O Serviço de Diabetes da unidade atende de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, e recebe pacientes com consulta marcada, através do SISREG. São tratados os diabetes do tipo I, II, gestacional e outros tipos mais raros.
No IEDE, o paciente passa por avaliação médica feita por um endocrinologista, que depois o encaminha para uma área específica. Em setembro desde ano, 1.836 pacientes foram consultados no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, sendo 45% para diabetes tipo I, 50% para o tipo II e 5% para outros.
A unidade conta com uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar, que inclui endocrinologista, oftalmologista, ortopedista, dermatologista, psicólogo e educador físico. A educação continuada também é parte integrante no tratamento do instituto com incentivo ao autocuidado. O instituto também realiza exames de hemoglobina glicada (que faz a média da taxa de açúcar dos últimos três meses), dosagem de hormônio para tireóide, perfil lipídico (colesterol e triglicerídeo), hepatograma (exame do fígado), albumina urinária (avalia a função do rim) e hemograma.
Gestantes têm atendimento diferenciado
Para cuidar das grávidas com diabetes, o Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione presta atenção especial às gestantes no ambulatório dedicado a elas. Sendo assim, o controle do peso é fundamental neste processo, principalmente no período pré-gestacional, com um planejamento alimentar feito por nutricionistas. De 2019 até outubro de 2020, mais de 100 gestantes foram atendidas na unidade.
A diabética que engravida com mal controle da glicose tem mais chances de complicações para o feto como má formação congênita e aborto espontâneo. Além disso, poderá haver um risco maior de pré-eclâmpsia (hipertensão arterial, inchaço, principalmente nos membros inferiores e perda de proteína pela urina).
Tipos de diabetes
O diabetes tipo I ocorre pela falta da produção de insulina, hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. Já no tipo II, a insulina continua a ser produzida, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. Esse tipo representa 90% dos casos, e tem no sobrepeso, na obesidade, na genética e no sedentarismo os principais vilões. A diabetes gestacional pode ocorrer mesmo em quem não tem diabetes, pois os hormônios da gravidez e, principalmente, a obesidade prévia podem dificultar a atuação da insulina. A idade também é um fator de risco sendo mais comum em gestantes mais velhas (acima de 25 anos).
Sintomas
Entre os principais sintomas da diabetes estão boca seca, vontade constante de urinar, visão turva, aumento da fome e emagrecimento concomitante. Ao apresentar esses problemas é recomendável procurar ajuda médica para saber se apresenta diabetes
Prevenção
A prevenção deve ser feita através de orientação médica, alimentação saudável, além de prática de exercício físico regular. Outras medidas são controle periódico dos níveis de glicemia, da pressão arterial e do colesterol, além de não fumar. É fundamental tomar a medicação prescrita pelo médico diariamente e evitar os açúcares de absorção rápida, presentes nos refrigerantes, bolachas e chocolates, dando preferência aos alimentos mais naturais.
Jornalista conta como teve que mudar seus hábitos
Uma gota de sangue, retirada durante um teste rápido na faculdade, foi suficiente para que Vanessa Pirolo recebesse o diagnóstico de diabetes. O ano era 2000 e a então estudante de Jornalismo nem fazia ideia que estava com a doença, já que não apresentava nenhum problema de saúde aparente. Os 20 anos que se seguiram foram marcados pela mudança de hábitos e pelo tratamento regrado para controlar os níveis de açúcar no sangue.
A primeira coisa que a gente aprende é a questão de olhar os rótulos dos alimentos. É algo super importante que eu não tinha atenção alguma e hoje eu vejo o rótulo para saber os ingredientes e a quantidade de carboidratos, de gordura, em todos os alimentos. A segunda coisa que eu precisei inserir foi a atividade física, hoje eu faço cinco vezes por semana, pelo menos uma hora, uma hora e meia”, conta a jornalista de 39 anos.
Histórias como a de Vanessa se repetem em todo o Brasil, já que a diabetes é considerada uma doença silenciosa. Por isso, é fundamental que o cidadão monitore a sua saúde e procure atendimento médico. “Vocês precisam ter a escolha da vida de vocês, que caminho vocês querem trilhar. Sejam as pessoas recém diagnosticadas ou pessoas que tenham diabetes já há um bom tempinho, que a gente tem como melhorar e tem como fazer o melhor para a gente ser muito feliz”, diz a jornalista, que hoje trabalha para conscientizar a população sobre os cuidados em torno da doença.
Com Assessorias