O ideal é que a cada três ou quatro horas, homens e mulheres esvaziem a bexiga para evitar incontinência ou infecção urinária. Mas, atualmente, uma em cada quatro mulheres acima de 40 anos sofre com a perda involuntária de urina, um assunto muito estigmatizado, principalmente pelas mulheres. Isso porque, uma parcela significativa das mulheres trabalha muito tempo sentada e não faz pausa para ir ao banheiro corretamente, segurando a urina.
De acordo com a pesquisa “Menstruação e escapes de xixi”, mais de 80% das brasileiras ficam constrangidas e não conversam com médicos ou amigos sobre o tema por vergonha. Para quebrar essas barreiras, o Dia Mundial da Conscientização sobre a Incontinência Urinária, em 14 de março, foi criado para promover a conscientização sobre a condição, que pode acometer pessoas de todas as faixas etárias, além de impactar diretamente na qualidade de vida.
Especialista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), a urologista Lorella Auricchio explica que a perda involuntária da urina e é comum, especialmente em mulheres. A possibilidade aumenta durante a gestação, uma vez que a barriga cresce e faz maior pressão abdominal no período. No entanto, chama a atenção para a prevalência de incontinência urinária em mulheres jovens.
Segundo ela, cada vez mais cedo as mulheres têm relatado uma dificuldade de controlar o xixi e isso deve-se ao estilo de vida. Somado ao tempo que se passa sentado, o tabagismo, a ingestão de bebida alcoólica, a obesidade, a má alimentação e a falta de exercício físico também contribuem para o escape da urina
Há dois tipos de incontinência urinária: a de urgência, quando não é possível chegar no banheiro a tempo, ou a de esforço. Em mulheres jovens, normalmente, é possível ver o escape da urina em atividades físicas intensas, de alto impacto, como é o caso de levantamento de peso, corrida e salto. A médica urologista reforça os cuidados para evitar a incontinência.
“Se a pessoa, uma vez na vida, teve perda de xixi, por estar muito apertado, não há problema. Mas é preciso ter atenção se a situação é recorrente, mesmo que pouco. É muito comum ver que as pessoas normalizaram o escape de urina, mas é preciso investigar o problema, que pode estar associado a outras doenças. Às vezes, mudança nos hábitos já ajuda, mas há casos que necessitam de cirurgia (sling) para tratamento definitivo, visando melhorar a qualidade de vida do paciente”, explica.
Além de medidas comportamentais e alteração no estilo de vida, há ainda outro método para prevenir os casos – a fisioterapia específica para o fortalecimento do assoalho pélvico. Em caso de recorrência de perda de urina, é necessário procurar um médico urologista para diagnóstico correto e o melhor tratamento.
5 causas mais comuns de perda de xixi
Neste Dia da Incontinência Urinária, a médica uroginecologista Lilian Fiorelli, que é e especialista da Plenitud, marca de roupa íntima descartável para incontinência urinária da Kimberly-Clark, esclarece quais os níveis, as possíveis causas e soluções para quem vive com a condição.
“A incontinência urinária pode ser desencadeada por uma série de fatores, incluindo fraqueza dos músculos do assoalho pélvico, danos nos nervos que controlam a bexiga e condições médicas como diabetes e infecções urinárias. Além disso, certos hábitos de vida, como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o hábito de segurar a urina por períodos prolongados, também podem contribuir para o desenvolvimento da condição”.
As 5 causas mais comuns da incontinência urinária
- Fraqueza dos músculos do assoalho pélvico: Esses músculos desempenham um papel importante no suporte dos órgãos pélvicos, incluindo a bexiga. Quando estão mais fracos, podem resultar em vazamento de urina, especialmente durante atividades que exercem pressão sobre a região, como tossir, espirrar, correr ou levantar pesos.
- Gravidez e parto: Durante a gravidez, o útero exerce pressão sobre a bexiga, o que pode resultar em um aumento da frequência urinária e, em alguns casos, vazamento involuntário de urina. O parto vaginal também pode contribuir principalmente se ocorrerem lesões nos músculos do assoalho pélvico durante o processo.
- Hábitos de vida não saudáveis: Fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool e obesidade podem aumentar o risco de incontinência urinária. Por isso, é importante manter uma alimentação saudável e uma rotina de exercícios físicos.
- Condições médicas: Algumas doenças podem estar relacionadas aos escapes devido à interferência no funcionamento normal do órgão, como a diabetes por exemplo, que quando mal controlada pode alterar o funcionamento dos nervos da bexiga e levar à incontinência urinária.”
- Infecção do trato urinário: Essa condição é comum devido a presença de bactérias na bexiga que podem irritar a mucosa, resultando em uma sensação de urgência e frequência urinária, o que pode levar a episódios de vazamento involuntário.
Quais os tipos de incontinência?
Incontinência de esforço: É o tipo mais comum e ocorre quando há perda de urina ao tossir, espirrar, rir, levantar pesos ou praticar atividades físicas.
Incontinência de urgência: Caracteriza-se pela intensa necessidade de urinar, muitas vezes resultando em escapes involuntários de urina antes de chegar ao banheiro.
Incontinência mista: É uma combinação de incontinência de esforço e de urgência, na qual o indivíduo pode ter vazamento de urina tanto em atividades físicas quanto devido à urgência de urinar.
Incontinência funcional: Decorre de problemas físicos ou mentais que dificultam a capacidade de uma pessoa de chegar ao banheiro a tempo, como doenças neurológicas, demência ou limitações de mobilidade.
Incontinência por transbordamento: Caracteriza-se pela incapacidade da bexiga de se esvaziar completamente, levando ao vazamento constante de pequenas quantidades de urina.
Quando procurar um médico?
Perder urina não é normal. Qualquer situação de escape de xixi indica a necessidade de consultar um especialista. Além disso, em casos de dor ou desconforto ao urinar e alterações na cor, odor ou volume da urina é recomendado a visita ao seu médico.
Um médico especializado, como um urologista, ginecologista ou uroginecologista, pode realizar uma avaliação para determinar a causa da incontinência e recomendar o tratamento mais adequado, que pode variar de mudanças no estilo de vida a medicamentos e cirurgia.
Mitos e verdades sobre a incontinência urinária
Quem convive com incontinência urinária ainda pode sofrer com lesões cutâneas. Em pesquisa IPEC encomendada por Bigfral (2021), 77% dos entrevistados com incontinência afirmaram que já tiveram alguma dermatite próximo à região íntima. Como forma de ampliar as discussões e conhecimento sobre o tema, este ano a marca de fraldas geriátricas também reforça a importância de falar abertamente sobre o tema e trazer informações de qualidade para a população.
Confira cinco mitos e verdades em torno da incontinência urinária.
1) Mito: Apenas mulheres sofrem de incontinência urinária.
Verdade: Apesar das mulheres serem a maioria da população que sofre de incontinência, o problema também acomete o sexo masculino. A incontinência urinária (IU) afeta cerca de 30% da população brasileira, sendo 68% em mulheres. Pelo menos uma em cada quatro pessoas pode apresentar IU durante a vida e, em todo o mundo, cerca de 423 milhões de pessoas (≥20 anos) sofrem de alguma forma de IU.
2) Mito: A incontinência urinária é inevitável e está diretamente ligada ao envelhecimento.
Verdade: É verdade que existe uma tendência à incontinência urinária com o aumento da idade. Mas é importante frisar que todo mundo pode ter incontinência, em todas as idades. Não é algo inevitável e nunca deve ser considerado como normal. Vale destacar ainda que a condição pode ter diferentes causas: pode ser por urgência – quando a pessoa sofre de bexiga hiperativa e surge uma vontade forte de urinar instantaneamente; ou por esforço – quando há escape de urina ao tossir, rir, fazer exercício ou em outros afazeres cotidianos.
A incontinência também pode ser mista – que é a combinação das IUs por urgência e por esforço; ou por transbordamento – em casos em que a bexiga está sobrecarregada e há gotejamento constante de urina. Em todos os casos, a IU pode ainda ser consequência de outras questões de saúde, como doenças neurológicas, malformação do trato urinário, fístulas urinárias, doenças na próstata, tumores, diabetes, menopausa, entre outros.
3) Mito: Incontinência urinária não tem tratamento.
Verdade: O que impede o tratamento é o desconhecimento e o tabu sobre o tema. Somente um médico pode recomendar a intervenção ideal para cada pessoa. A incontinência urinária possui diversos tipos de tratamentos com base na severidade do diagnóstico, que podem ser desde algo mais simples e menos invasivo, como mudança comportamental, até uma cirurgia em casos mais complicados.
Em prol do bem-estar, é indicado começar com medidas comportamentais, como o uso de alarme para lembrar de ir ao banheiro de tempos em tempos, além de ir preventivamente ao banheiro para evitar escape de urina em casos de urgência. Dependendo do grau de IU, o médico pode seguir então para a recomendação de uma fisioterapia pélvica para melhorar a musculatura do esfíncter, dando sustentação à ureter. Além disso, existem tratamentos com cirurgias.
4) Mito: É normal perder urina às vezes.
Verdade: A incontinência urinária nunca é considerada como algo normal e costuma ter um efeito profundo na qualidade de vida, podendo resultar em isolamento social, ansiedade e depressão. Em pesquisa realizada pela IPEC encomendada pela Bigfral, por exemplo, 91% dos entrevistados afirmaram sentir impacto na bem-estar social e psicológico.
5) Mito: A pessoa com incontinência urinária não pode mais se exercitar e deve evitar fazer longas viagens.
Verdade: Por tabu e falta de informações corretas, pessoas acometidas pela incontinência urinária tendem a se isolar e a ter perda significativa de qualidade de vida. É importante ficar claro que a incontinência é tratável e, durante o tratamento, há uma série de ações comportamentais e produtos de qualidade que permitem às pessoas manterem sua rotina diária com qualidade e conforto.
Com Assessorias