O Dia Mundial de Combate ao Câncer (4 de fevereiro) está de volta para conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce da doença que, muitas vezes, pode ser evitada apenas com mudança de hábitos ou curada, se o diagnóstico é feito precocemente. Esta, no entanto, não é uma realidade em boa parte do país, onde o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima o registro de 625 mil novos casos no triênio 2020/2022.

Durante a pandemia, muitas pessoas deixaram de se cuidar e fazer exames que poderiam identificar a doença mais cedo, aumentando as chances de cura. Somente na cidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, 71.144 mil pessoas podem ter deixado de fazer exames capazes de rastrear e diagnosticar precocemente casos de câncer colorretal, de mama, próstata e útero.

O levantamento divulgado pelo Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) aponta os percentuais da população niteroiense com idade e/ou indicação clínica definidas pelas sociedades médicas que estão em um gap de cuidados, ou seja, aqueles que podem não estar em dia com os testes no último ano nas unidades da rede Dasa.

Segundo o mapeamento, 98% da população de Niterói com indicação clínica não realizaram o exame de sangue oculto, que avalia a presença de pequenas quantidades de sangue nas fezes – que podem ser imperceptíveis –, e é muito utilizado para indicar câncer colorretal.

A análise revela ainda que a realização de mamografia está em defasagem: 92% de mulheres deixaram de fazer o exame de rastreio ou diagnóstico para o câncer de mama no último ano.

Os dados apontam uma lacuna de 80% para a realização do exame de Papanicolau, conhecido como preventivo, cuja principal função é o diagnóstico inicial de câncer do colo do útero.

Já o teste do Antígeno Prostático Específico (PSA), utilizado para a detecção do câncer de próstata, apresentou um gap de 64% de homens com idade elegível e indicação médica para realizar a investigação que estão em falta com o acompanhamento médico.

O oncologista Victor Machado avalia os dados com preocupação, já que a população deixou de buscar exames básicos e de rotina durante a pandemia.

“Esses exames são importantes no rastreio ou diagnóstico precoce dos cânceres, por isso é fundamental a realização periódica conforme a indicação médica.  A detecção da doença em estágios iniciais é essencial para aumentar a chance de cura, que pode chegar, por exemplo, a mais de 90% para casos de câncer de mama”, afirma.

O médico do CHN explica que, nas consultas de rotina, os pacientes recebem as orientações sobre quais exames devem ser realizados, de acordo com sua idade, condição clínica e alterações encontradas em sua história e no exame físico. Por isso, é necessário estar com exames e consultas em dia.

Mudanças no estilo de vida ajudam a reduzir as chances de desenvolver câncer

Além do acompanhamento e da realização de exames periódicos, buscar um modo de vida saudável também colabora para o combate e a prevenção de tumores.

De acordo com Victor Machado, apenas uma pequena proporção dos casos de câncer está ligada à hereditariedade. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que 80% a 90% dos casos de câncer têm relação a causas externas, estando relacionados com fatores comportamentais ou ambientais, que podem, direta ou indiretamente, causar a doença.

Entre os fatores de risco aos quais as pessoas se expõem estão: tabagismo, sedentarismo, alta exposição aos raios ultravioleta (responsável por algumas formas de câncer de pele), consumo excessivo de bebidas alcoólicas, obesidade e má alimentação.

“Quanto mais cedo pensarmos em adotar hábitos saudáveis em nossa rotina diária, mais ganhamos em qualidade para nossa vida, influenciamos com um bom exemplo os que nos rodeiam e menos pessoas adoecem”, alerta o oncologista do CHN.

10 hábitos que diminuem as chances de ter câncer

Como prevenção, o dr. Victor relacionou dez hábitos que reduzem as possibilidades de desenvolvimento de carcinoma:

  1. Não fumar.
  2. Priorizar uma alimentação saudável.
  3. Combater a obesidade.
  4. Praticar atividades físicas ao menos três vezes na semana.
  5. Vacinar meninas e meninos contra o HPV.
  6. Vacinar-se contra a hepatite B.
  7. Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
  8. Evitar alimentos ultraprocessados.
  9. Evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h e usar chapéu e roupas com proteção UV, óculos escuros e protetor solar.
  10. Praticar sexo seguro.

 

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