Tomar remédio sem prescrição médica, interromper o tratamento antes do prazo ou seguir orientações informais da internet. Estas atitudes, ainda comuns, estão entre os principais fatores que contribuem para um problema de saúde pública crescente: a resistência microbiana (RAM), que torna o tratamento de infecções mais difícil e, em muitos casos, impossível de tratar.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classificou a RAM como uma das dez maiores ameaças à saúde global.

resistência antimicrobiana (RAM) é um problema de saúde global crescente e ocorre quando os microorganismos – ou seja, bactérias e fungos causadores de diversas doenças – se tornam resistentes aos medicamentos que normalmente agem no seu combate, os antibióticos. Dessa forma, criam-se superbactérias relacionadas a infecções da corrente sanguínea, do trato urinário, pneumonia e outas, causando um grave problema de saúde pública.

O uso indiscriminado de antibióticos é uma questão de saúde pública no mundo, pois leva ao desenvolvimento da resistência microbiana. A previsão é que ocorram aproximadamente 136 milhões de casos anuais de infecções resistentes a antibióticos no mundo. A OMS alerta que, se medidas eficazes não forem implementadas, até 2050 poderemos enfrentar 10 milhões de mortes anuais devido a infecções resistentes a medicamentos.

De acordo com um recente estudo publicado pela revista científica The Lancet, a cada ano, mais de 7 milhões de pessoas morrem por infecções relacionadas a resistência antimicrobiana. A mesma revista, em 2022, também publicou uma pesquisa na qual há a previsão de que até 2050 os óbitos relacionados a bactérias resistentes ultrapassem os causados pelo câncer, se tornando a principal causa de morte no mundo.

Dentro desse contexto, crianças estão ainda mais suscetíveis a RAM. Dados da OMS estimam que 30% de recém-nascidos com infecção no sangue falecem devido à resistência de antibióticos de primeira linha, portanto a conscientização e o debate sobre o tema entre mães, pais, responsáveis, cuidadores e educadores é fundamental.

20 mil pessoas morrem em decorrência de complicações relacionadas à automedicação

No Brasil, desde a pandemia de 2019, os casos de infecções por RAM têm crescido, tanto devido à sobrecarga hospitalar e ao aumento do uso indiscriminado de medicamentos antibióticos – ou seja, uma das principais causas da resistência antimicrobiana.

O uso desnecessário de antimicrobianos pode ocasionar resistência bacteriana, cursar com efeitos colaterais e gerar custos desnecessários para o sistema de saúde. O Brasil é um dos maiores consumidores de antibióticos do mundo, segundo a OMS, superando países como a Europa, Canadá e Japão”, ressalta a Sobrasp.

O uso indiscriminado de medicamentos, além de acarretar a resistência antimicrobiana, pode causar efeitos colaterais adversos, dependência, intoxicação, agravar e mascarar diagnósticos de doenças e maiores custos financeiros para o paciente e o sistema de saúde. De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas, por ano, aproximadamente 20 mil pessoas morrem em decorrência de complicações relacionadas à automedicação.

Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos

O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos (5 de maio) chama a atenção para os riscos associados ao uso indiscriminado de medicamentos, especialmente antibióticos. A data foi criada para alertar a população sobre os perigos da automedicação  e riscos do consumo indiscriminado de remédios e incentivar práticas mais conscientes, enfatizando a importância de utilizar medicamentos com a dosagem adequada.

A data, que vem ganhando força entre profissionais da saúde e instituições, reforça a urgência de combater a automedicação e o uso incorreto de antibióticos — atitudes que colocam em risco não apenas a saúde individual, mas também a segurança sanitária coletiva, ao favorecer o surgimento de microrganismos resistentes aos tratamentos disponíveis.

A resistência microbiana acontece quando microrganismos como bactérias e vírus se tornam resistentes aos medicamentos que deveriam combatê-los. É um cenário perigoso, pois transforma infecções simples em ameaças reais à vida”, explica Rogério Campos, superintendente da Select Operadora de Saúde.

Remédio errado, consequência certa

O uso inadequado de antibióticos — como o consumo sem receita ou a interrupção precoce do tratamento — contribui diretamente para o surgimento de cepas mais resistentes, que tornam os tratamentos menos eficazes. Segundo Campos, o problema ultrapassa os limites individuais. “Quando alguém se automedica ou usa um remédio antigo por conta própria, está contribuindo para um risco coletivo. A saúde é uma responsabilidade compartilhada”, afirma.

Para evitar o agravamento do problema, a Select orienta medidas simples, porém fundamentais: utilizar medicamentos apenas com prescrição, seguir o tratamento completo conforme a recomendação médica e nunca compartilhar ou reaproveitar medicamentos. “A melhor forma de cuidar da saúde é com informação e responsabilidade. O uso consciente dos medicamentos preserva sua eficácia e protege a todos nós”, conclui o profissional.

Com Assessorias

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *